Em 2016, o criador da aclamada franquia Metal Gear, Hideo Kojima anunciou seu primeiro game fora da Konami. O estúdio responsável pelo game supracitado, e também por Castlevania, Contra, Silent Hill e muitos outros, parece ter impedido a liberdade criativa de Kojima, que resolveu alçar novos ares. Abraçado pela Sony Entertainment, Hideo Kojima ganhou tanta liberdade criativa quanto possível ao desenvolver Death Stranding.
Vale dizer, que o título dessa crítica originalmente seria “Death Stranding e a solidão autoimposta”, que tinha o intuito de refletir o que o game em sua grande parte nos apresenta, e o meu entendimento do mesmo.
O game em seu vídeo de anúncio mais confundiu os potenciais jogadores do que animou, mas a Sony soube manter o hype sempre nas alturas com lançamento de trailers pontuais, assim como reações aos gameplays durante eventos com portas fechadas.
Death Stranding aborda a solidão de forma única ao nos apresentar um personagem stranded, naufragado, isolado, em uma realidade que parece ter chegado ao fim se encarado por olhos comuns, e ainda mais do ponto de vista de alguém com afefobia – fobia de toques ou contatos mais profundos. Ao escolher se isolar e trabalhar sozinho, Sam Porter Bridges, vivido por meio da captura de movimentos por Norman Reedus, que é o característico “solitário” do cinema e das séries de TV – pelos personagens que o ator já viveu em filmes como Santos Justiceiros, Blade II, The Walking Dead, Sky e outros – apresenta grandes características dos jovens do Século XXI.
Ao se isolar de uma sociedade que reside em bunkers subterrâneos em um mundo devastado por um cataclismo sem precedentes, Sam faz uma escolha. Escolha essa que nem sempre é feita por parte dos adolescentes ou jovens adultos que são diariamente colocados na posição de páreo em uma sociedade em crescente ascensão por suas mais diversas diferenças. Por se tratar de um criador japonês como Kojima, podemos traçar um paralelo ao comparar a história do game com um alto índice de isolamento autoimposto por parte dos hikikimori, o termo cunhado pelo psicólogo japonês Tamaki Saito, em seu livro Isolamento Social: Uma Adolescência Sem Fim de 1998, parece se mostrar mais que atual para representar situação crescente em um Japão do século XXI em que meio milhão de pessoas opta por se isolar em seus quartos ou apartamentos sem nunca interagir com o mundo exterior, evitando contatos sociais e físicos.
A condição crescente dos indivíduos que optam por se isolar em seus ambientes seguros não é exclusivo do Japão, tendo um grande número de adeptos em países como a Coreia do Sul, Estados Unidos, Espanha, Itália e França. Sendo um dos temas mais abordados em textos científicos no que se refere ao impacto direto que as tecnologias têm no isolamento.
Em Death Stranding, mesmo com diversos traumas e fobias, precisamos reconstruir um Estados Unidos dos escombros que restaram da potência que um dia o país já foi. E não podemos fazer isso sozinhos. Hideo Kojima em entrevista pediu que os jogadores tentassem ao máximo jogar Death Stranding online, para que pudessem experienciar o game ao máximo, com a ajuda da comunidade e dos outros jogadores. Isso mesmo, outros jogadores. Apesar de contar com uma campanha inteiramente single player, os outros jogadores podem te ajudar e influenciar diretamente na sua progressão.
Outro aspecto positivo no que se refere à jogabilidade, é que suas ações podem se avaliadas por outros jogadores por meio de curtidas, seja na reconstrução de alguma ponte, posicionamento de uma escada no sopé de uma montanha, ou até mesmo com mensagens motivacionais por meio de placas que influenciam diretamente status do personagem como Energia, ou até mesmo o nível de Felicidade do BB, isso mesmo, no game você tem um bebê como companheiro de jornada. O game faz questão de deixar claro que as curtidas têm impacto positivo na sua progressão, motivando o jogador a realizar cada vez mais “boas ações” em um mundo que parece estar cada vez mais próximo de seu fim.
Sendo extremamente bem-sucedido no que se refere aos seus gráficos por vezes tão bonitos quanto perturbadores, Kojima parece ter feito só por motivos de: Ter a tão sonhada liberdade criativa. Com captura de movimentos cuidadosas e um elenco estelar, que conta com Norman Reedus, Mads Mikkelsen, Léa Seydoux, Troy Baker, Guillermo Del Toro, Margaret Qualley e muitos outros, Death Stranding acerta ao criticar a romantização do isolamento autoimposto, provando que não é possível chegar a lugar algum sem nenhuma ajuda sequer de alguém.
Death Stranding foi lançado no dia 9 de Novembro para PlayStation 4 e um mês antes do lançamento, foi anunciado que o game ganharia uma versão para PC em meados de 2020. Death Stranding foi desenvolvido pela Kojima Productions e publicado pela Sony Interactive Entertainment.
Confira o trailer do game:
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