Vamos falar de algo que todos amamos: FURRIES! Ou que todos temos medo, né? Depende do ponto de vista…
Mas de qualquer forma, no segundo semestre de 2019 os estúdios Tall Tail lançaram uma visual novel com a temática furry contando a história de um mundo dividido, controlado por três seres misteriosos que sempre mantiveram todos na linha na base do medo e de informações ocultas.
Winds of Change é muito mais do que apenas essa narração linear. Antes de você ser o grande protagonista da história, quem encaminha o futuro de Alestia (o mundo do jogo) é a Blade of Exodus, uma espada insanamente poderosa que precisa ser empunhada por alguém realmente merecedor, pois ela tem a chance de gerar grandes dores e também de remedia-las.
Algo importante a ser dito antes de explanar certinho as características do jogo é que Winds of Change não é para um público muito amplo. Por experiência própria, com as amizades que tenho e histórico profissional, sei que há um nicho grande de pessoas que seguem esse padrão: gostam da temática furry, de visual novels, conteúdo yaoi, romance clichê e um pouco de conteúdo +18.
Ou seja, VNs nesse estilo não são novidade, mas é reconhecível que o Tall Tail Studios trabalharam muito bem, e tem uma história completa, desenhos lindos, trilha sonora impecável e muito trabalho de roteirização. Tanto que para bom entendedor, é fácil achar vários tributos à profissão de escritor/redator durante o jogo.
Enfim, o jogo começa com uma visão do personagem principal (você), onde você pode optar por ser homem ou mulher. Sua aparência nunca aparecerá, e embora você coloque um nome, ele só aparecerá nas linhas de diálogo; a dublagem te chamará por seu título (Seer ou Seeress).
Infelizmente durante essa visão o jogo perde alguns pontos. Ela é um tanto quanto longa, as ações do jogo não são apresentadas nela, a história não te segura tanto, e as fontes usadas no começo fazem o jogo parecer um trabalho bem amador. Para apresentar um jogo, a primeira impressão é muito importante. Eu tinha o compromisso de jogar até o fim, mas se fosse um outro tipo de público, não tenho certeza se essa impressão me faria prosseguir.
De qualquer forma, essa parte termina e começamos a ver mais sobre os personagens, a formação da sua equipe, os conceitos de Pureza e Corrupção que você vai ganhando com suas ações e as histórias secundárias.
Realmente há muitas opções, e uma recomendação: jogue com o coração. Não tente forçar para ir para Pureza ou Corrupção. Nem sempre a resposta é tão óbvia assim. Sinta o jogo, mesmo.
Sobre sua equipe, você terá diálogos que geram lealdade com cada um. Nesses momentos, aproveite para descobrir mais sobre cada um. Essas ações impactarão o destino da equipe no fim do jogo.
Você pode desenvolver uma forte amizade, pode dar conselhos, e pode até acabar se apaixonando (não é por nada, mas eu do nada me vi deitado numa cama sendo beijada a força por um furry).
Essa equipe também é bem estereotipada, baseada nos gostos populares do público alvo. Um mais rebelde, um mais estabanado, um mais misterioso… E uma mulher.
Geralmente esses jogos falam sobre homens com outros homens, é de se esperar que a maioria do elenco seja masculina. Novamente, não é uma crítica negativa, é algo natural e cultural para este tipo de jogo. Quem não ama um yaoi?
Sobre os desenhos, como esperado: impecáveis. Na faculdade conheci muitas pessoas que vêm de uma cultura de desenhos japoneses, e consequentemente de VNs, e era cada desenho lindo! E os traços me remeteram muito a essas pessoas. O contraste dos personagens com os fundos, muito bem feito, e a construção deles só melhorou com as vozes.
Por incrível que pareça, além de jogos, trabalho com teatro. Amo arte em todos os seus aspectos. E essa dublagem estava simplesmente genial. Tenho amigos dubladores também, e sei o trabalho que é deixar o som tão bom, o tom tão claro sem poder demonstrar emoções faciais… Todos ali merecem uma salva de palmas de três dias ininterruptos.
E a dublagem não é o único aspecto sonoro positivo. Antes de jogar vi que a trilha sonora era vendida separadamente. Eu pensei: “Geralmente eu muto as VNs porque são sons chatos, entram na cabeça, irritam…” mas depois que finalizei Winds of Change, percebi que a trilha vale cada centavo.
Ela é extremamente bonita, te coloca no ambiente, e por conta dela eu até chorei durante a história! Um trabalho realmente perfeito. A trilha sonora é o meu destaque máximo do jogo.
Agora que falei do ponto alto, vou ao ponto mais baixo. As VNs são uma forma artística interessante, porque trazem destaque ao roteiro. Eu, como roteirista, valorizo jogos assim, e acho uma maneira bacana de incentivar a leitura para pessoas que talvez sejam muito hiperativas ou simplesmente não gostam de ler livros e fics por não conseguirem manter o foco em algo monótono.
Porém com essa qualidade tecnológica, os desenvolvedores podem aproveitar justamente para tornar a experiência mais imersiva e Winds of Change traz muito, muito, muito texto.
E grande parte do protagonista falando com ele mesmo. Durante várias cenas eu senti até uma “encheção de linguiça”. Foi como pegar realmente uma fic na íntegra e “gamefica-la”, oque torna o jogo um pouco ralentado e chato durante algumas partes.
Há aproximadamente 23 horas de jogabilidade, mas em 3 eu consigo sentar e contar toda a história, com todos os casos secundários e os desfechos. Não estou reclamando de uma visual novel ter muito texto, afinal elas basicamente são isso, mas como em muitos livros e fics, a história muitas vezes enrola e tira seu interesse.
Com tudo, o jogo é realmente divertido. A história é muito boa, os menus são simples, o carregamento é rápido, e é um jeito bom de praticar o inglês já que não há palavras de grande complexidade.
É nítido que houve muito trabalho em Winds of Change e eles merecem todo reconhecimento por isso.
Assista ao trailer de lançamento:
Winds of Change foi lançado pela Tall Tail Studios exclusivamente para PC. E você, curte games no estilo visual novel? Deixe sua avaliação e seus comentários!
E ai, você curte o nosso trabalho?
Se sim, sabe que ser um site independente no Brasil não é fácil. Nossa equipe que trabalha – de forma colaborativa e com muito amor – para trazer conteúdos para você todos os dias, será imensamente grata pela sua colaboração. Conheça mais da nossa campanha no Apoia.se e nos ajude com sua contribuição.