Neal Adams: O artista que revolucionou a indústria das HQs

    Neal Adams iniciou sua carreira em meados dos anos 1960 na indústria de quadrinhos de super-heróis, aos 19 anos, e se tornou um desenhista conhecido pelo seu estilo realista-fotográfico.

    Adams revolucionou os quadrinhos com um estilo mais sofisticado e adulto do que o convencional dessas publicações infanto-juvenis. Com efeito, ele impactou o Batman mudando-o para sempre, ao lhe dar uma figura dinâmica, elegante e realista.

    Neal Adams foi um feroz lutador dos direitos dos autores, sendo um dos responsáveis por encerrar a injusta prática das grandes editoras de não devolver as artes originais para seus criadores. Adams também foi uma das pessoas mais envolvidas na defesa dos direitos de Jerry Siegel e Joe Shuster, os criadores do Superman.

    INÍCIO DE CARREIRA

    Em 1954, anos antes de Neal Adams fazer sua estreia nos quadrinhos, foi criado nos EUA o “Comics Code Authority”, um órgão que fiscalizava o conteúdo das HQs promovendo uma verdadeira censura em diversos títulos, que só poderiam ser publicados com um selo de aprovação do código.

    Adams começou a carreira nos anos 60, na DC Comics, desenhando o personagem Deadman. Após passagem pela Marvel Comics com histórias dos X-Men e dos Vingadores, ele retornou para a editora anterior e assumiu o título do Batman ao lado do roteirista Dennis O’Neill.

    Juntos, os dois desvincularam o Homem-Morcego da imagem camp da série de TV dos anos 60, e dos quadrinhos originais voltados para o público infantil. Vilões como Ra’s Al Ghoul e Talia Al Ghoul, além do Morcego Humano, foram criados nessa época.

    LANTERNA VERDE E ARQUEIRO VERDE

    Décadas depois, Neal Adams assumiu a HQ do Lanterna Verde com o roteirista Dennis O’Neil, e lá promoveu uma nova dinâmica para o herói. Ao invés de vagar por setores distantes, Hal Jordan andaria pelos Estados Unidos combatendo adversidades reais de seu planeta. Essa jornada surge após um desafio do Arqueiro Verde, herói com uma forte veia contestadora que já estrelava histórias de cunho social na época. Os dois então partiram em uma jornada pelo país e se depararam com diversos problemas, como racismo, sistema judicial corrupto e fanatismo religioso. 

    HOMEM-ARANHA

    Três meses depois, Adams visitou seu amigo John Romita nos escritórios da Marvel quando descobriu o lançamento da HQ do Homem-Aranha #96, em que o Amigão da Vizinhança salva um garoto que cai de um prédio por estar sob efeito de drogas. Justamente por deixar explícito que o personagem estava drogado, a revista não recebeu o selo de aprovação do código – o que não acarretou nenhuma consequência para a Marvel. Dias depois, ao descobrir que não houve repercussão negativa, Neal Adams soube que a edição seria publicada.

    O RETORNO DO CORINGA

    Anos depois, a dupla Adams e O’Neil se aproveitou do enfraquecimento do selo ao trazer o Coringa de volta na HQ Batman #251, onde a dupla publicou a história As Cinco Vinganças do Coringa!, que devolveu ao Palhaço do Crime sua faceta homicida que havia sido apagada graças ao rígido código que tinha deixado o personagem tão descaracterizado que perdeu a popularidade com o público até simplesmente deixar de aparecer nas histórias.

    PUBLICAÇÃO RELACIONADA | Coringa: Dissecando o Palhaço Príncipe do Crime

    SUPERMAN

    Em 1975, após o anúncio de que o Superman chegaria aos cinemas no filme estrelado por Christopher Reeves, os criadores do herói: Jerry Siegel e Joe Shuster, iniciaram uma campanha para que a DC Comics reconhecesse pública e financeiramente seu trabalho ao criar o Homem de Aço.

    A dupla gerou uma grande comoção por parte dos quadrinistas em atividade e encontrou em Neal Adams seu maior aliado. Nome forte na indústria, o artista aproveitou o momento para não só apoiar Siegel e Shuster a conseguirem reparação por erros do passado, como também passou a lutar por direitos dos quadrinistas no presente e futuro.

    Adams também foi um defensor ferrenho do direito dos artistas, realizando campanhas por melhores condições de trabalho e batendo de frente com as grandes editoras por contratos que não garantiam compensação justa pelo trabalho criativo.


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