Deuses Egípcios: Do Egito Antigo à cultura pop

    Muito provavelmente já deve ter ouvido falar de alguns deuses egípcios seja , Osíris e Anúbis; e nas últimas semanas com o lançamento da série Cavaleiro da Lua, do Disney+, já no primeiro episódio somos apresentados a enéade, Ammit e Khonshu, mas quem são esses deuses, suas origens e suas adaptações mais famosas na cultura popular?

    A ENÉADE DE HELIÓPOLIS

    Uma enéade era na mitologia egípcia um agrupamento de nove divindades, geralmente ligadas entre si por laços familiares. A palavra “enéade” é de origem grega; em egípcio usa-se a palavra “pesedjete“.

    Conhecem-se várias enéades, sendo a mais importante a da cidade de Heliópolis (Iunet Mehet, em egípcio antigo), que foi uma cidade do Baixo Egito, entre 13 mil e 10 mil anos a.C., e era localizada na região do delta do Rio Nilo, que estende-se da área entre o sul da atual Cairo ao Mar Mediterrâneo.

    De acordo com o mito elaborado pelos sacerdotes da cidade, no princípio existia apenas as águas de Nun, das quais emergiu a colina primordial e nesta colina o deus estava criando a si próprio tornando-se Atum-Rá. Através do sémen produzido pelo ato de masturbação do deus, nasceram outras divindades, Shu Téfnis. Deste casal surgem Geb Nut. Estes últimos geram quatro filhos: OsírisÍsisSet Néftis.

    Completando, assim, os nove principais deuses da mitologia egípcia.

    Entretanto, embora pareça estranho, nem todas as enéades egípcias eram constituídas por nove deuses. Diferente da Enéade de Heliópolis, a Enéade de Abidos era composta por sete deuses e a Enéade de Tebas por quinze. Isso acorreu devido a perda do sentido etimológico inicial da palavra “enéade” como um grupo de nove deuses; passando a ser um mero agrupamento de divindades.

    OS NOVE IMORTAIS

    Representados muitas vezes com cabeças de animal sobre corpos humanos, os antigos deuses egípcios faziam parte de todos os aspectos da vida no Egito, tanto da realeza quanto das pessoas comuns.

    ATUM-RÁ, O DEUS SOL

    No início havia apenas Nun (também conhecido como Nu ou Ny) – ou Neunet, sua contraparte feminina -, o deus que representa o líquido cósmico, ou Água Primordial, que deu origem ao universo. É o ser subjetivo, quando se transforma no ser objetivo, tornando-se Atum (também conhecido como Atom, Tem, Temu, Tum e Atem) e significa Abismo.

    Então Atum cria Nut (a Terra), Geb (o Céu) e (o Sol); e quando novamente “torna-se a si mesmo”, une-se a , e se transforma em único ser, que seria chamado de Atum-Rá.

    O Deus Sol é uma das mais importantes divindades egípcias e foi associado à construção de pirâmides e à ressurreição dos faraós, que o adoravam. Era reconhecido como um deus criador, responsável pela criação de todas as coisas, incluindo os seres vivos.

    Esse deus simbolicamente nascia todas as manhãs com o nascer do sol, e morria com cada pôr-do-sol, iniciando sua jornada para o submundo.

    Atum-Rá era muitas vezes associado a Hórus e, assim como ele, era geralmente retratado como um homem com cabeça de falcão. No entanto, em vez de uma coroa branca e vermelha, o Deus Sol possuía um disco solar em sua cabeça.

    SHU, O DEUS AR

    Shu (também conhecido como Chu) é o deus egípcio do ar, calor, luz e perfeição. Juntos, Shu e Téfnis geraram Geb e Nut. Os frutos gerados originados da relação dos irmãos não agradou seu pai, Atum-Rá que ordenou a Shu que ele separasse seus filhos.

    O Deus Ar empurrou Nut para cima e pressionou Geb para baixo; enquanto Nut se tornava o céu que cobre o mundo, Geb virou a terra em que vivemos e Shu permaneceu entre os filhos, representando o ar que as pessoas respiram.

    Shu é normalmente representado como um homem usando uma grande pluma de avestruz na cabeça.

    TÉFNIS, A DEUSA NUVEM

    Téfnis (também conhecida como Tefenete ou Tefenute) é a deusa que personificava a umidade e as nuvens na mitologia egípcia. A Deusa Nuvem simbolizava generosidade e também as dádivas e enquanto seu irmão Shu afasta a fome dos mortos, ela afasta a sede.

    Irmã e esposa de Shu, formava com ele o primeiro casal de divindades da Enéade de Heliópolis.

    Sua forma mais comum era retratada como uma mulher, às vezes com cabeça de leoa que indicava poder, usando na cabeça o disco solar e a Serpente Ureu, o adorno em forma de serpente usado nas coroas de deuses e faraós do Egito Antigo como símbolo de soberania.

    GEB, DEUS DA TERRA

    Geb (também conhecido como Gebe) é o Deus Terra e foi pai de Osiris, Ísis, Set e Néftis e marido de Nut.

    É o suporte físico do mundo material, sempre deitado sob a curva do corpo de Nut. Ele é o responsável pela fertilidade e pelo sucesso nas colheitas e estimula lhes assegura enterro no solo após a morte, umedecendo o corpo humano na terra e o selando para a eternidade no túmulo.

    Em pinturas e hieróglifos o Deus Terra é representado com um ganso sobre a cabeça.

    NUT, A DEUSA CÉU

    Nut (também conhecida como Neuth ou Nuit) é a deusa do céu na mitologia egípcia e simboliza toda a era tida como a mãe dos corpos celestes. Ela representava o céu; por isso seu corpo simbolizava a abóbada celeste, seu riso era o trovão e seu choro a chuva.

    Segundo a concepção mitológica, o corpo de Nut se estendia sobre a Terra para protegê-la; seus membros, que tocavam o solo, simbolizavam os quatro pontos cardeais.

    Uma das representações mais recorrentes mostra a deusa de perfil e nua, como se arqueasse seu corpo sobre o deus da terra, Gebe; às vezes ela aparece apoiada em seu pai, o deus do ar, Shu.

    Em pinturas e hieróglifos a Deusa Céu é representada usando o pote de água na cabeça.

    OSÍRIS, DEUS DOS MORTOS

    Osíris é o filho mais velho do casal Geb e Nut. Ele reinou sobre a Terra como o primeiro faraó do Egito. Isso até ser assassinado por seu irmão Set. A partir daí, Osíris virou o deus supremo e o juiz do mundo dos mortos.

    De acordo com historiadores, primitivamente Osíris representava a da força do solo, que faz a vegetação crescer; o que o exaltam como o inventor da agricultura e consequentemente o propiciador da civilização, do qual tornou-se uma espécie de patrono. Mais tarde, seus mitos passaram a representá-lo como um mítico faraó que teria governado o Egito em tempos imemoriais, sendo traído por seu próprio irmão, Set, que o mata para obter o trono. Osíris, vencendo a morte, renasce no no submundo, tornando-se o Senhor da vida pós morte e juiz dos espíritos que lá chegam.

    Embora a trajetória de deus da vegetação para deus da vida após morte pareça desconexa e incoerente, o que há de comum nessas atribuições é o conceito de ciclos de vida e renascimento que tanto a vegetação quanto a passagem para o além carregam. Assim, pode-se dizer que, Osíris é o deus do renascimento.

    Osíris foi um dos deuses mais populares do Egito Antigo, cujo culto remontava às épocas remotas da história egípcia e que continuou até a Era Greco-Romana, quando o Egito perdeu a sua independência política.

    Sua representação mais comum é de um homem mumificado com uma barba postiça, com braços cruzados sob o peito segurando o cajado hekat e o açoite nekhakha. Na cabeça Osíris apresenta normalmente a coroa atef, uma coroa branca com duas plumas de avestruz.

    ÍSIS, DEUSA DA MAGIA

    Uma das principais divindades na religião do Egito Antigo cuja veneração espalhou-se também para a Era Greco-Romana, Ísis foi mencionada pela primeira vez no Império Antigo como uma das personagens principais do mito de Osíris, em que ressuscita seu marido, o rei Osíris e com ele gera e protege seu herdeiro, Hórus.

    A irmã-esposa de Osíris era tão popular que foi a última divindade egípcia a ser adorada na Europa antes da chegada do Cristianismo. De acordo com deus mitos, o rio Nilo nasceu das lágrimas que ela derramou quando Osíris morreu.

    Ísis era retratada artisticamente como uma mulher humana usando um hieróglifo no formato de trono em sua cabeça. Durante o Império Novo a deusa passou a ser retratada usando a touca da deusa Hator: um disco solar entre os chifres de uma vaca.

    A deusa continua a aparecer em crenças esotéricas modernas e neopagãs. O conceito de uma única divindade que encarna todos os poderes femininos, tornou-se um tema amplamente explorado na literatura do século XIX e início do XX. Grupos e figuras esotéricas influentes, como a Ordem Hermética da Aurora Dourada do final do século XIX e Dion Fortune na década de 1930, adotaram a deusa em seus sistemas de crenças.

    Esta concepção de Ísis influenciou a Grande Deusa encontrada em muitas formas de bruxaria contemporânea. Atualmente, a Irmandade de Ísis, uma organização religiosa eclética focada em divindades femininas, tem esse nome pois, segundo sua sacerdotisa M. Isidora Forrest, Ísis pode ser uma “deusa universal para todas as pessoas”.

    SET, DEUS DO CAOS

    Set (também conhecido como Seth) é o Deus do Caos, mas também da guerra, da seca e do deserto. Matou o irmão, Osíris, mas perdeu a supremacia do Egito para o sobrinho Hórus. Resumidamente Set é um deus complexo; em mitos, ele é o deus da confusão, da desordem e da perturbação, que é enfatizada pela escrita hieroglífica como determinante para conceitos negativos como autoritarismo, fúria, crueldade, crise, tumulto, desastre, sofrimento, doença, tempestade, entre outros.

    Seu poder desordenado, no entanto, contribui para o equilíbrio cósmico e de acordo com a visão egípcia, as forças destrutivas estão em constante luta contra as forças positivas. Nesse sentido, Set se opõe a seu irmão Osiris, símbolo de terra fértil, nutritiva e ordem. Consequentemente, após o assassinato de Osíris, seu sobrinho Hórus tornou-se seu rival eterno.

    Normalmente é retratado com a forma do porco-formigueiro, animal raro da África, mas às vezes é retratado como outros animais que incluem o javali, o antílope, o crocodilo, o burro e até com animais venenosos, como cobras e escorpiões.

    NÉFTIS, GUARDIÃ DOS MORTOS

    Néftis (também conhecida como Nebthet e Nephthys) que significa “senhora da casa”, entendida no sentido físico. Porém é muito difícil diferenciar Néftis de sua irmã Ísis, pois ambas são chamadas de Deusa Mãe e Deusa dos Céus, e ambas usam como símbolo a cabeça de abutre e o disco solar; e ambas distribuem vida plena e felicidade.

    Diferente de outras deusas, Néftis nunca teve fama de má ou infiel e após o assassinato cometido por seu marido, Set, o Deus do Caos, ela lamentou o assassinato de Osíris e junto com Ísis ela zelou pelo corpo do deus morto. Assim, quando é denominada guardiã dos mortos, é com o significado positivo. Ela preside aos momentos finais da vida e é associada ao luto, à noite, ao serviço aos templos, ao parto, aos mortos, à proteção, à saúde e ao embalsamamento.

    Existem confusões a respeito dos maridos: Néftis às vezes é citada como esposa de Osíris, enquanto Ísis é mencionada como esposa de Set; sendo o par Osíris-Néftis citado como os pais de Anúbis.

    Sua representação mais comum é de uma mulher com asas de falcão, geralmente estendidas como um gesto de proteção.

    OUTROS DEUSES EGÍPCIOS

    Anúbis, Bastet, Hator e Hórus.

    De acordo com historiadores, esta mitologia conta com mais de 2000 deuses egípcios que, segundo a crença eles explicavam a criação do mundo, representavam as formas da natureza e exerciam influência decisiva no dia a dia das pessoas.

    Entre eles podemos citar Amnut, Anúbis, Bastet, Hator, Hórus, Khonshu e Taweret, por exemplo.

    SIMBOLOGIA

    Como toda mitologia, a egípcia também conta com diversos símbolos que perduraram ao tempo e são conhecidos até hoje, mesmo que seus significados tenham mudado ao longo dos anos.

    Entre os muitos símbolos que fazem referência aos deuses egípcios, talvez o mais comum em tatuagens, pinturas e outras formas artísticas seja o Olho de Hórus.

    O Olho de Hórus, também conhecido como udyat, é um símbolo que significa poder e proteção; e foi um dos amuletos mais importantes no Egito Antigo, sendo usado como representação de força, vigor, segurança e saúde.

    Atualmente, o símbolo também é utilizado contra a inveja e o mau-olhado, além de proteção, e por isso é bastante usado sua imagem para fazer tatuagens, em diversas partes do corpo.

    Existe uma lenda que conta que durante uma luta, Set arrancou o olho esquerdo de Hórus; que acabou sendo substituído por um amuleto, dando então origem ao que hoje é conhecido como o Olho de Hórus.

    GAMES

    A mitologia egípcia antiga pode ser vista em todos os tipos de mídia, mas sem dúvidas os games são onde podemos visualizar o maior potencial para nos aprofundarmos na complexa temática do Egito Antigo e seus deuses.

    Muitas mitologias foram inspirações para games, mas a egípcia é uma fonte rica e atraente da qual muitos jogos se inspiram; e títulos como Smite, Lara Croft and the Temple of Osíris, Age of Mythology e Civilization 5 são obrigatórios para os fãs.

    Um título específico merece uma atenção especial: Assassin’s Creed Origins.

    No game da Ubisoft controlamos o protagonista Bayek pelas movimentadas vilas e mercados do Cairo, navegando pelo Nilo e descobrindo os mistérios das pirâmides e mitos esquecidos numa aventura de mundo aberto que transforma a gameplay em uma experiência extraordinária para jogadores e fãs de egiptologia.

    Assassin’s Creed Origins deu aos jogadores uma visão tão realista do Egito Antigo, que os egiptólogos até o usaram para ensinar história egípcia.

    QUADRINHOS

    DC COMICS

    Em 1945, surgia nas páginas da HQ The Marvel Family #1, o personagem Teth-Adam, o Adão Negro. O famoso vilão da DC Comics como o seu rival, Shazam, precisa dizer a mesma palavra para utilizar o poder dos deuses, porém diferente do herói que invoca os poderes de deuses gregos, Adão Negro invoca os poderes dos deuses egípcios, que são:

    • Resistência de Shu;
    • Velocidade de Hórus;
    • Força de Amon;
    • Sabedoria de Zehuti;
    • Poder de Aton;
    • Coragem de Mehen.

    MARVEL COMICS

    Já nas páginas da Marvel Comics, os deuses egípcios possuem mais espaço do que na editora rival. Apesar dos deuses nórdicos terem maior fama entre os fãs.

    Em 1966 quando surgiu o Pantera Negra temos a deusa Bast (uma versão de Bastet) que dá a força e agilidade a T’Challa; e em 1975 vimos Khenshu em Cavaleiro da Lua, utilizando Marc Spector como seu avatar na Terra.

    CINEMA

    O Egito Antigo teve diversas adaptações no cinema, desde Cleópatra (1963) até o esquecível Deuses do Egito (2016), que foi estrelado por Brenton Thwaites, Gerard Buttler, Nikolaj Coster-Waldau, Chadwick Boseman, Elodie Yung e Geoffrey Rush.


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