CRÍTICA – Abercrombie & Fitch: Ascensão e Queda (2022, Alison Klayman)

    Lançado em 19 de abril de 2022, Abercrombie & Fitch: Ascensão e Queda (White Hot: The Rise & Fall of Abercrombie & Fitch, no idioma original) é um documentário original da Netflix que aborda como a famosa marca de roupas se consolidou ao vender um estilo de vida excludente baseado em racismo e polêmicas.

    A produção documental é dirigida pela premiada diretora Alison Klayman (Ai Weiwei: Never Sorry).

    SINOPSE DE ABERCROMBIE & FITCH: ASCENSÃO E QUEDA

    Este documentário explora o reinado da A&F na cultura pop na virada do milênio e mostra como a marca prosperou através da exclusão.

    ANÁLISE

    Abercrombie & Fitch: Ascensão e Queda é mais um documentário da Netflix que explora como uma empresa se consolidou no mercado e viu seu império ruir diante de uma série de problemas internos.

    Uma recente produção nessa linha é a ótima Queda Livre: A Tragédia do Caso Boeing, mas diferente das polêmicas ocorridas com a gigante da aviação, a Abercrombie & Fitch não fez questão de esconder sua má conduta. Ao contrário, por muito tempo considerou motivo de orgulho.

    Justamente pela marca da moda não tentar esconder que sempre priorizou contratar pessoas que atendiam ao padrão que seu então CEO, Mike Jeffries, acreditava ser a verdadeira beleza humana é que o documentário se vale muito mais de depoimentos e elementos gráficos em tela do que documentos judiciais e grampos telefônicos.

    A produção dirigida por Alison Klayman é concisa e eficiente com sua 1 hora e 28 minutos de duração. De início, os entrevistados do documentário relatam como a Abercrombie & Fitch iniciou sua atuação no ramo da moda, mudou seu foco com o passar dos anos e, a partir dos anos 1990, se fortaleceu principalmente entre o público jovem de elite. Imagens de arquivo e pós-produção gráfica ajudam a ilustrar tudo o que é contado pelas fontes.

    O primeiro ato de Abercrombie & Fitch: Ascensão e Queda consegue explicar bem como a marca vendia uma fonte de inspiração que ajudou a moldar a percepção da sociedade dos Estados Unidos do que deveria ser considerado beleza e do ser “verdadeiramente americano”. Na visão do CEO da marca e dos profissionais de alto escalão, significava homens e mulheres brancos e com corpos sarados, aos quais deveria estar reservado um estilo de vida excludente que apenas a A&F seria capaz de oferecer.

    A segunda parte aparenta ser mais longa que a primeira, pois é quando novas fontes se somam aos entrevistados, e a narrativa passa a abordar as práticas excludentes, racistas e degradantes praticadas do topo à base – da diretoria às lojas da Abercrombie & Fitch.

    É também a oportunidade para ouvir dois profissionais negros que exerceram o cargo de Vice-Presidente de Diversidade e Inclusão. Apesar do ex-CEO Mike Jeffries e outros membros do alto escalão não terem topado participar do documentário, é importante a participação dessas duas pessoas que tentaram fazer parte da mudança imposta por um termo de ajuste de conduta durante a era Jeffries.

    Nessa parte há ainda espaço para relatar um pouco das investidas sexuais praticadas pelo fotógrafo Bruce Weber, considerado o criador da estética vendedora da A&F. Não há descrições gráficas nem excessivamente perturbadoras a respeito dos abusos, pois também não há uma fonte que tenha vivido as piores situações atribuídas a Weber, que foi processado por algumas vítimas.

    No geral, as fontes ouvidas, as imagens exibidas em tela e os complementos gráficos efetivos realizados pela pós-produção são efetivos, contribuindo para que a 1h28min de duração seja fluida e informe o que precisa ser informado. No entanto, a parte final, de mais ou menos cinco minutos, deixa a desejar.

    É na etapa final que são exibidos brevemente os dias atuais, pós-Mike Jeffries. Há uma rápida fala da atual CEO, Fran Horowitz, recuperada de uma entrevista concedida por ela em 2017, ano em que assumiu o cargo. O documentário também deixa no ar um sentimento de que esses breves minutos poderiam se tratar de uma rápida inserção para gerenciar a crise que a própria produção poderia ressuscitar aos olhos do público.

    De qualquer forma, essas breves passagens são capazes de pautar debates que podem ajudar a sociedade, e o próprio ramo da moda, a avançarem tendo em mente pautas progressistas e inclusivas.

    VEREDITO

    Abercrombie & Fitch: Ascensão e Queda é mais um documentário original da Netflix que merece ser assistido, pois aborda não apenas a história de altos e baixos da famosa marca de roupas, como também é didático ao contextualizar a forma como empresas podem ditar regras e estabelecer padrões sem que a maior parte das pessoas se dê conta do que está acontecendo.

    Nossa nota

    3,7 / 5,0

    Quer conhecer mais produções documentais? Então confira nossa lista de melhores documentários do primeiro trimestre de 2022.

    Assista ao trailer de Abercrombie & Fitch: Ascensão e Queda:

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