Crimes do Futuro é um filme escrito e dirigido por David Cronenberg, o longa estreou no Festival de Cannes deste ano e chegou ao Brasil pelo streaming MUBI.
No elenco estão Viggo Mortensen, Kristen Stewart, Léa Seydoux, Denise Capezza, Don McKellar, Ephie Kantza e Jason Bitter.
SINOPSE
Em um futuro distópico, onde os humanos precisam aprender a conviver e se adaptar a um ambiente sintético, a espécie deve ir para além do que seu estado natural permite e se submeter a uma metamorfose, o que causa uma mudança em seu DNA. Saul Tenser (Viggo Mortensen) é um artista mundialmente reconhecido que junto com sua companheira Caprice (Léa Seydoux), utiliza esse novo estado de ser para sua arte, realizando alterações no seu corpo de forma pública.
ANÁLISE
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Após oito anos longe dos cinemas, David Cronenberg retorna com uma obra impetuosa e provocante. Crimes do Futuro tem a assinatura do diretor, utiliza-se do body horror para contar uma história sobre um futuro distópico em que plástico é comida, a dor quase não existe mais e a tecnologia é extremamente estranha.
Dito isso, é assustador saber que Cronenberg escreveu o roteiro no final do século XX, sua ideia de mutação genética e evolução da espécie vai de encontro a um mundo marcado pelas mudanças climáticas e o avanço científico. De certa forma, Crimes do Futuro tem um tom de aviso prévio, por debaixo das cenas chocantes que fizeram o público sair da sala em Cannes, é notável que o longa expressa uma preocupação com a humanidade.
No mundo de Saul Tenser, a arte é uma forma de expressar sua dor física, ao lado dele está Caprice que sutilmente conduz o espetáculo a olhos curiosos. Enquanto ele é aberto, ela faz a cirurgia removendo órgãos de forma performática. Ao mesmo tempo que é repulsivo, é hipnotizante e em certo ponto não deixa de ser sexual.
Mas, há muito mais acontecendo em Crimes do Futuro, o que leva a narrativa para diferentes lados. Enquanto Tenser e Caprice performam, uma organização encabeçada por Timlin (Kristen Stewart) e Wippet ( Don McKellar) responsável por fiscalizar os órgãos, busca alertar sobre os procedimentos extremos ao mesmo tempo que encantam com os espetáculos corporais.
Além disso, uma causa aparentemente social e política age na clandestinidade com cirurgias perigosas que modificam o corpo humano para digerir plástico. Desse grupo, nasce a primeira criança naturalmente híbrida que traria a evolução da espécie humana mediante as mudanças globais. Com tantas subtramas, Cronenberg tenta abarcar o máximo de percepções próprias que falam de um futuro imediato.
A estética de Crimes do Futuro é inteiramente construída para deixar o espectador desconfortável, com máquinas que lembram ossos humanos e lugares que parecem claustrofóbicos. De certa forma, o longa subverte o body horror e para aqueles personagens excêntricos o transforma em arte corporal.
VEREDITO
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Crimes do Futuro não é o longa mais inventivo da carreira de David Cronenberg, mas é peculiar e autêntico. Apesar de alguns pontos confusos e sem grandes aprofundamentos é uma história que choca justamente por tratar de algo possível.
4,0 / 5,0
Assista ao trailer legendado:
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