CRÍTICA – Millennium: A Garota na Teia de Aranha (2018, Fede Alvares)

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Millennium: A Garota na Teia de Aranha é dirigido por Fede Alvares e é estrelado por Claire Foy, Sylvia Hoeks, Lakeith Stanfield e Sverrir Gudnason. O longa é inspirado no quarto livro da série Millennium, e a quinta investida de adaptação da série ao cinema – existe a trilogia sueca e a primeira tentativa Hollywoodiana de 2011 dirigida por David Fincher – e tem foco na hacker e justiceira Lisbeth Salander sendo confrontada por fantasmas do passado.

As comparações com o filme de Fincher são inevitáveis, mas os dois são filmes muito diferentes. Aqui o foco é muito maior na personagem Lisbeth Salander (Claire Foy), sendo Mikael (Sverrir Gudnason) empurrado para um papel coadjuvante pouco importante. A química entre os personagens não funciona bem, mas por ser tão pouco explorada, não tem muito impacto na trama geral. O fato dessa ser a primeira adaptação desse romance específico, e não um remake como o de 2011, também colabora para o investimento na trama.

Claire Foy é maravilhosa, transitando muito bem entre as emoções de Lisbeth e a personalidade distante e traumatizada da jovem. Fede Alvares repete aqui uma fórmula que já havia utilizado em O Homem nas Trevas (2016), de colocar sua personagem feminina em uma série de situações agressivas e torturantes. Diferente de seu trabalho de 2016, neste longa o poder de Lisbeth de se retirar dessas situações, fazem mais sentido. As sequências de ação são bem orquestradas e bem estruturadas, e contrastam bem com os momentos mais intimistas e contemplativos da personagem. O longa deixa a desejar ao explorar pouco a relação entre a protagonista e sua irmã Camille (Sylvia Hoeks), deixando todo o embate real entre as duas para o terceiro ato.

O terceiro ato é na verdade o ponto mais fraco do filme. As reviravoltas apresentadas colocam os personagens em uma situação da qual a única resolução envolve várias conveniências e um Deus Ex Machina de revirar os olhos. A solução simplória diminui o impacto das resoluções finais e de todo o trabalho realizado até então.

Millennium: A Garota na Teia de Aranha é um bom longa de ação/suspense. Colocar a personagem de Lisbeth como força que movimenta a trama é uma decisão acertada ao oferecer mais tempo e oportunidade de explorar a personagem e sua complexidade. A ação é bem construída e o ritmo é empolgante, se aproximando mais dos longas suecos. O terceiro ato prejudica muito a trama, que poderia ganhar muito com uma exploração mais profunda da relação entre a protagonista e sua irmã. Vale a pena a ida ao cinema, mas não deve figurar em muitas listas de melhores do ano.

Avaliação: Bom

Confira a baixo o trailer legendado:

Millennium: A Garota na Teia de Aranha chega hoje aos cinemas.