CRÍTICA – Oito Mulheres e Um Segredo (2018, Gary Ross)

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oito mulheres e um segredo

Oito Mulheres e Um Segredo é um longa dirigido por Gary Ross que conta com um elenco de peso: Sandra Bullock, Cate Blanchett, Helena Bonhan Carter, Sarah Paulson, Anne Hathaway, Rihanna, Mindy Kaling, Awkwafina e outras participações. Debbie Ocean (Bullock), sai da cadeia após cumprir cinco anos de pena. Seu primeiro passo é encontrar a parceira Lou (Blanchett) para planejar um ambicioso roubo: O colar Toussand, avaliado em 150 milhões de dólares.

Oito Mulheres e Um Segredo é uma tentativa de reformular a franquia de Onze Homens e Um Segredo. Debbie é irmã de Dany Ocean – interpretado por George Clooney – e busca seguir os passos do irmão em seus golpes e roubos elaborados, e provar que é capaz de seguir por conta própria. Debbie também busca executar uma vendeta pessoal, o que faz dela a única personagem com alguma motivação mais realista entre todas as participantes do roubo. O longa repetiu a fórmula de “11 Homens” sem apostar em muita novidade narrativa. Ao invés disso, se apoiou bem no elenco e a química entre elas, decisão acertada já que essa é a melhor coisa do filme.

Divertido, Oito Mulheres e Um Segredo teria muito a ganhar com uma direção feminina. Gary Ross é competente e constrói uma boa narrativa de heist movie pautada nos parâmetros estabelecidos na franquia – planos mirabolantes, reviravoltas e facilitações que exigem um alto nível de suspensão de descrença – sendo melhor do que as duas sequências de 11 Homens. Porém, na construção das personagens, sua direção e o roteiro deixam a desejar.

No aspecto narrativo, apesar de ser capaz de manter o ritmo e batida característicos da franquia, falta aqui um sentimento de perigo, uma figura de presença igualmente forte que se oponha a equipe em seu plano. O momento do clímax é satisfatório mas o que se segue não mantém a mesma qualidade que o filme segurava até ali.

As participantes do roubo não apresentam motivações realistas para o risco corrido, o que faz o desfecho perder força. Isso ocorre também com a personagem de Anne Hathaway, Daphne Kluger. Sendo a atriz geniosa e mimada que usará o colar, Hathaway causa muitas risadas e rouba cenas, porém sua personagem é rasa e algumas reviravoltas que a envolvem se tornam sem sentido, mostrando que o roteiro entende pouco de relacionamentos femininos. Rihanna e Awkawfina apresentam personagens divertidas porém também estereotipadas, igualmente comprometendo seus desfechos. Paulson e Kaling também exibem um bom trabalho – Mindy Kaling é responsável por um dos momentos mais engraçados e simples do longa – mas também sem muito desenvolvimento. O figurino é belíssimo e colabora na breve construção da personalidade das participantes, porém a mão pesada da maquiagem, em especial em Bullock, Blanchett e Bonhan Carter deixa claro que ainda não é permitido a essas atrizes o privilégio de envelhecer.

Apesar dos problemas de roteiro, da ausência de uma direção feminina que trabalhasse melhor as personalidade das personagens como mulheres reais, Oito Mulheres e Um segredo tem um saldo positivo. Leve, divertido, dentro do esperado para a franquia mas distante o suficiente para possibilitar uma nova leva de filmes com esse forte elenco, e arrancar muitas risadas do público no cinema.

Avaliação: Razoável

Confira abaixo o trailer legendado:

 

Oito Mulheres e Um Segredo chega amanhã aos cinemas!



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