CRÍTICA – Pray Away (2021, Kristine Stolakis)

    Pray Away é o novo documentário da Netflix sobre programas de conversão para ex-gays. A produção é uma colaboração do produtor Ryan Murphy (Pose, American Horror Story) e do estúdio Blumhouse. Já a direção é de Kristine Stolakis.

    SINOPSE

    O documentário da Netflix, Pray Away expõe programas de conversão para gays, revelando as consequências causadas ​​pela repressão na LGBTQIA + por meio de depoimentos íntimos de membros atuais e ex-líderes do movimento ”Pray Away the Gay”, que visava expurgar a homossexualidade através da oração.

    ANÁLISE

    A cura gay não é um assunto de hoje, a décadas que falsos tratamentos são passados para pessoas LGBTQIA+ na tentativa de negar suas orientações sexuais e identidades de gêneros. Na maioria das vezes, esses tratamentos são assimilados à religião e buscam “resgatar” gays com um discurso de salvação e amor a Jesus Cristo.

    Pray Away vai ao cerne desta questão e retrata a vivência de pessoas LGTBQIA+ que passaram por programas de conversão e até mesmo se declararam como ex gays. Para isso, o documentário parte do inicio do movimento ex gays com a criação da organização Exodus que promoveu encontro, palestras e atendimento para pessoas que queriam “deixar de sentir atração pelo mesmo sexo”.

    Pray Away

    Logo, Pray Away não poupa esforços para mostrar os danos psicológicos que os programas de conversão causaram nas pessoas, estima-se que cerca de 700.000 cidadãos americanos foram supostamente enviados a essas sessões para “curar” a homossexualidade. Além disso, o documentário também mostra o retrocesso político que o movimento ex gays causou para os direitos da comunidade LGBTQIA+.

    Esses relatos são contados justamente por ex-participantes ativos do Exodus, como Michael Bussee e John Paulk, este se tornou uma figura polêmica na mídia sendo representante do movimento “ex-homossexual”. Dessa forma, o documentário de Ryan Murphy expõe uma ferida que vive tanto na comunidade  LGBTQIA+, como na religiosa.

    Isso porque, a maioria desses líderes usavam discursos conservadores com base no cristianismo, deixando claro que as pessoas só seriam amadas por Jesus se abandonassem seus “desejos homossexuais”. Logo, a medida que Pray Away aborda seus entrevistados é notável que todos se arrependem dos anos que passaram tentando converter as pessoas de suas verdadeiras orientações sexuais.

    Sendo assim, o documentário aposta em Jeffrey McCall para fazer um contraponto atual. McCall se considera um “ex transgênero” e atualmente prega a palavra de Jesus para que mais pessoas deixem a comunidade LGBTQIA+.

    Mesmo que a direção de Kristine Stolakis seja pragmática e sem grande notoriedade, Pray Away têm êxito em mostrar o quanto o discurso de “cura gay” ainda é presente. Além disso, o documentário reflete sobre os distúrbios que os programas causaram nas pessoas e como a mídia deu espaço para organizações como o Exodus.

    Logo, Pray Away é consciente de suas limitações e por isso, o documentário nada cresce em narrativa ou até mesmo em direção. Contudo, é extremamente necessário entender os limites entre religião, orientação sexual e identidade de gênero.  Uma certamente não anula a outra. Sendo assim, Pray Away trata com sobriedade um assunto vergonhoso que deixou grandes sequelas na comunidade LGBTQIA+.

    VEREDITO

    Pray Away expõe uma assunto delicado na comunidade religiosa e  LGBTQIA+. Os programas de conversão foram reais e causaram danos irreversíveis. Logo, o documentário é bem sucedido ao passar sua mensagem final.

    Nossa nota
    4,0 / 5,0

    Confira o trailer do documentário:

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