CRÍTICA – Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis (2021, Destin Daniel Cretton)

    Ainda que a Disney tenha tido problemas com seus personagens chineses no passado – como aconteceu com Mulan em 1998 -, a gigante do entretenimento parece ter acertado no que diz respeito à fidelidade em relação a um personagem que pode vir a ser seu maior trunfo para a Fase 4 do Universo Cinematográfico Marvel. Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis é uma história de encontros, desencontros, ancestralidade e pertencimento.

    SINOPSE

    Shang-Chi (Simu Liu) é um jovem chinês criado por seu pai em reclusão, sendo treinado em artes marciais. Quando ele tem a chance de entrar em contato com o resto do mundo, logo percebe que seu pai não é o humanitário que dizia ser, vendo-se obrigado a se rebelar.

    ANÁLISE

    Com o boom de filmes de artes marciais chineses nos anos 70, o personagem Shang-Chi foi criado. Não apenas para homenagear o gênero, mas também para surfar no hype do que estava em alta na época. É dito que o personagem foi imensamente inspirado em Bruce Lee e sua forma de lutar.

    Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis

    Shang-Chi nas vésperas de completar 50 anos de sua existência, ganhou uma versão live-action para os cinemas e passa a fazer parte do já enorme UCM.

    Muito do que vemos em Shang-Chi vêm sendo semeado dentro do próprio UCM desde seu primeiro filme oficial, o Homem de Ferro de 2008.

    Desde seus primeiros momentos, o longa nos indicava a trama de que um dos maiores inimigos de Tony Stark (Robert Downey Jr.) apareceria com seus dez anéis e mudaria o curso daquela história, mas Jon Favreau apostou em um roteiro muito mais simples, que deu extremamente certo.

    Se pararmos para pensar nos 13 anos do UCM, e na vasta quantidade de filmes de origem e sagas megalomaníacas, veremos que Shang-Chi foi feito no momento certo e da forma correta.

    Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis conta a história do jovem Shang-Chi que, após ser treinado durante toda sua infância para se tornar uma arma, decide partir para longe da sua família a fim de ter uma vida normal – ou o mais perto de normal possível. Ao se mudar para São Francisco, ele desenvolve uma forte amizade com Katy (Awkwafina) e leva uma vida tranquila, até que seu passado o alcança novamente.

    Apesar de acharmos que quase todos os filmes de origem da Marvel têm algo em comum em seu cerne, Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis se afasta enormemente das produções de origem do estúdio.

    OS DEZ ANÉIS E ARTES MARCIAIS

    Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis

    Muito do que vemos no mais novo filme da Marvel, parece ser embebido no puro suco de clássicos chineses de artes marciais. Com referências à O Voo do Dragão (1972), Operação Dragão (1973), Combate Mortal (1978) e muitos outros, Shang-Chi é acima de tudo uma história do UCM, mas dá à trama um tom único, assim como foi feito em Guardiões da Galáxia (2014).

    As coreografias, as sequências de ação e até mesmo a parte fantástica do filme do Mestre do Kung-Fu se destacam imensamente, se o compararmos com outros filmes de origem do mesmo estúdio.

    Ainda que Viúva Negra, Capitão América: Soldado Invernal e até mesmo Pantera Negra tenham surpreendido imensamente nas sequências de ação, Shang-Chi é o que nos mostra mais intimamente as consequências e a vida de quem foi forçado a se tornar uma arma viva – sim, uma arma viva, esqueça aquela série muito mal coreografada do Punho de Ferro da Netflix.

    O esmero da direção de Destin Daniel Cretton nos faz perceber o carinho que ele teve pela produção ao inserir na trama elementos imensamente cuidadosos e íntimos. Trabalhando à todo tempo a ambivalência de Shang-Chi, o diretor e Simu Liu nos mostram que há muito a conhecer sobre o imponente guerreiro marcial, explorando lentamente e cuidadosamente cada aspecto da personalidade do recém-chegado herói do UCM.

    Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis

    A já tradicional humanização do vilão, vivido por Tony Leung Chiu-Wai, colocam o “verdadeiro” Mandarim como um dos vilões mais grandiosos do UCM, datando sua existência ao mais longínquo passado do UCM que já vimos até hoje.

    VEREDITO

    Além da trilha sonora, um admirável protagonismo e personagens secundários tão cativantes quanto importantes para a trama, Shang-Chi se mostra imensamente conciso, enquanto nos leva por uma jornada de descobrimento não apenas do personagem, mas também do espectador.

    Ao nos fazer refletir sobre o passado e a importância da ancestralidade, Shang-Chi nos envereda por uma das viagens mais emocionantes do Universo Cinematográfico Marvel.

    Nossa nota
    4,9 / 5,0

    Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis estreia no dia 3 de setembro nos cinemas de todo o mundo.

    Confira o trailer do filme:

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