TBT #146 | Halloween: A Noite do Terror (1978, John Carpenter)

    John Carpenter criou um clássico do horror, idealizando um personagem icônico que é tão popular quanto Jason Voorhees ou Ghostface. Junto de Debra Hill, a roteirista, Carpenter explora um mundo onde um homem é apenas mal, e não parece possuir motivos para matar. Veja nossa indicação de TBT: Halloween: A Noite do Terror.

    SINOPSE

    Michael Myers (Nick Castle), é um psicopata que vive em uma instituição há 15 anos, desde quando matou sua própria irmã. Porém, ele consegue fugir de seu cativeiro e retorna à sua cidade natal, para continuar seus crimes na localidade que, aterrorizada, ainda se lembra dele.

    ANÁLISE

    O diretor John Carpenter inovou o gênero do terror por seguir na contramão de outros filmes genéricos do gênero, ele soube trabalhar bem a atmosfera, tensão e mistério em torno do Michael Myers e vemos isso logo na cena inicial, com Michael ainda criança matando sua irmã e a sua fuga do hospício. Depois começamos a acompanhar a jovem Laurie (Jamie Lee Curtis), ao mesmo tempo em que constantemente o Michael a persegue.

    Ciente de toda essa simbologia por trás da simples figura de um assassino em um filme de terror adolescente, Carpenter entra em cena com sua técnica indefectível e faz de seu vilão um verdadeiro tormento psicológico – e tudo isso sem precisar usá-lo o tempo todo. Sua ideia é equivaler a presença de Myers com a escuridão da fotografia e dos ambientes do filme, de forma que quanto mais a iluminação vai enfraquecendo, mais cresce o suspense em volta de sua posição.

    Com orçamento limitado, é divertido para aspirantes a cineastas ver como a limitação financeira pode ser um incentivo a criatividade: a icônica máscara de Michael Myers, por exemplo, foi uma máscara do Capitão Kirk de William Shatner comprada por menos de 2 dólares em uma loja de fantasia, ao passo em que a equipe minúscula dividia tarefas e funções – com o próprio Carpenter sendo responsável pela trilha sonora.

    Em parceria com essa opção de fotografia escura há o jogo de câmeras subjetivas usado por John Carpenter. Logo nos momentos inicias ela é usada na pessoa do assassino, ainda criança, em seu primeiro assassinato. Depois temos uma câmera ainda trepidante, mas não há certeza de que se trata do olhar de Myers, brincando com a percepção do espectador, que nunca pode ter certeza se está diante de um enquadramento corriqueiro ou se está compartilhando da visão do próprio assassino.

    Há momentos em que pode haver a certeza de que estamos ao lado dele, mas de repente o flagramos percorrendo furtivamente o fundo daquele enquadramento escurecido e perdemos a referência visual, aterrorizados diante da incerteza de sua exata localização. Aliadas essas duas técnicas temos um vilão onipresente, embora poucas vezes materializado nitidamente na tela, de modo que o horror de toda a brincadeira se encontra não no filme especificamente, e sim em nossa própria cabeça.

    Todos os modernos psicopatas do cinema têm suas próprias características. Assim como Jason usa uma máscara de jogador de hóquei, Freddy Krueger tem o rosto deformado por queimaduras, utilizando uma camisa listrada e uma mortal luva de facas em uma das mãos, e Leatherface utiliza uma máscara de pele humana e uma motosserra para dilacerar suas vítimas, Michael Myers também veste uma máscara para cobrir seu rosto e prefere uma enorme faca de cozinha para retalhar seus inimigos. Em Halloween percebemos também sua respiração ofegante durante todo os momentos em que aparece, mostrando talvez uma dificuldade em respirar sob a máscara.

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    VEREDITO

    Diante de todos esses fatores, Halloween: A Noite do Terror se consolida como um dos melhores filmes de horror já produzidos. Além de ser uma verdadeira aula no manuseio de câmera e na composição visual dos enquadramentos, é um dos poucos filmes de terror que sabe explorar a fundo a sugestão do medo como algo muito mais climático, intenso e eficiente do que a materialização deste.

    Nossa nota

    4,5 / 5,0

    Assista ao trailer:

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