TBT #6 | O Poderoso Chefão (1972, Francis Ford Coppola)

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TBT #6 | O Poderoso Chefão (1972, Francis Ford Coppola)

Em 1972, Francis Ford Coppola revolucionou o gênero dos filmes de gângster, e sua descrição de poder, honra e dilemas existenciais mudou o universo cinematográfico que conhecemos. Antes, as histórias de gangsteres eram narradas de um ponto de vista externo, com Coppola, nós absorvemos elementos abrangentes e pessoais que retrata e intensifica a consciência. A consciência humana.

Baseado no livro de 1969 de Mario Puzo, O Poderoso Chefão foi o primeiro filme a mostrar a máfia de acordo com várias dimensões sociais, políticas e psicológicas. A trama começa em 1945, Don Corleone, interpretado por Marlon Brando, é o chefe de uma mafiosa família italiana de Nova Iorque. Ele costuma apadrinhar várias pessoas, realizando importantes favores para elas, em troca de favores futuros. Com a chegada das drogas, as famílias começam uma disputa pelo promissor mercado. Quando Corleone se recusa a facilitar a entrada dos narcóticos na cidade, não oferecendo ajuda política e policial, sua família começa a sofrer atentados para que mudem de posição. É nessa complicada e delicada época que Michael, vivido por Al Pacino, um herói de guerra nunca envolvido nos negócios da família, vê a necessidade de proteger o seu pai e tudo o que ele construiu ao longo dos anos.

BASTIDORES

Para a direção, a escolha foi uma aposta, com o então jovem Francis Ford Coppola, e na produção do filme em si, ocorreram problemas, pois a Paramount, produtora do filme, queria que ele fosse ambientado nos anos 70 para cortar custos, no entanto, Puzo e Coppola não aceitaram e ele foi produzido como é na obra original, passando-se nos anos 40.

O filme também foi orquestrado em um tempo bastante curto: em apenas seis meses; o que torna ainda mais impressionante o saldo imensamente positivo do longa.

COMPONENTES ESSENCIAIS

A narrativa da obra se torna impecável, onde todas as ações fazem sentido e as motivações dos protagonistas e antagonistas são intencionais em uma sólida trama. É possível compreender totalmente as motivações de Michael, mesmo com sua dramática mudança de atitude no decorrer da história. Incluindo uma viagem à nostálgica Sicília e toda uma abordagem não-maniqueísta da relação entre a máfia e a sociedade, O Poderoso Chefão é recheado de cenas memoráveis em que todos os elementos cinematográficos triunfaram conjuntamente e o efeito é reforçado pela grandiosa trilha sonora de Nino Rosa, que compõe ao filme um sentimento trágico e heroico.

Sem deixar de lado a primorosa direção de fotografia de Gordon Willis, seu estilo se tornou padrão para os filmes do gênero, que passaram a utilizar o forte contraste luz e sombra como regra desde então. No início da primeira cena, podemos notar constantemente os personagens, e até mesmo os ambientes, mergulhados nas sombras criadas brilhantemente por Willis. Acrescentando os figurinos criados por Anna Johnstone, que torna os personagens absolutamente mais marcantes. Outro grande chamariz é o impecável trabalho de Direção de Arte de Warren Clymer, ambientada em uma Nova Iorque dos anos 40 rica em detalhes com a arquitetura dos pontos mais chamativos durante o longa.

ELENCO ACLAMADO

O mais marcante de tudo são as atuações primorosas do soberbo elenco. Marlon Brando cria uma performance icônica de Don Corleone. Quando o filme estreou, parte da crítica chegou a dizer que sua fala rascante era afetada, mas outros afirmaram que ele captava com perfeição o tom de um homem desgastado pelo poder e por suas obrigações. Embora Brando seja a cara do filme, é Michael de Al Pacino que carrega sua história. Somos levados, enquanto espectadores, ao mesmo confronto que o personagem: primeiramente porque nos identificamos com o tal, o cinismo e a distância do mesmo é algo que nos afasta, mas com o passar do tempo e das suas atitudes, fica impossível não criarmos uma afeição e, claro, a esperança de um resultado positivo. Pacino chama o espectador para a trama com maestria, incluindo-o exatamente com o que ele atua, na construção de uma visão complexa em algo supostamente simples, mais uma vez visceral.

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Da esquerda para a direita: O visceral Michel de Al Pacino e o icônico Don Corleone de Marlon Brando.

A obra-prima cinematográfica retratada aos olhos de Francis Ford Coppola é sutil nos detalhes, entre a arte e a verdade, transmite com primor a atmosfera que se propõe, e ao longo do filme somos comovidos pelos conflitos. É admirável encontrar diálogos inteligentes, mostrando a degradação humana forjada pela ambição de poder e voltado para expor o desenvolvimento pessoal do seu protagonista, que nos exibe a grandeza de perceber a dor e nos faz lembrar que é o mundo do próprio homem que o deforma moralmente.

Confira abaixo o trailer desse clássico do cinema e que merece ser assistido e re-assistido:

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