Em uma era de games AAA, jogos que conseguem furar a bolha merecem ser reconhecidos pelo que são: às vezes, uma diversão descompromissada que não se leva a sério, mas reflete o que a indústria deveria fazer, valorizar a diversão ao invés de horas e mais horas de gameplay. Ruffy and the Riverside nos lança pelo mundo colorido e divertido em que precisamos evitar o fim do mundo pelas mãos do terrível Groll. Com a habilidade da “troca”, o ursinho Ruffy vai poder mudar o mundo ao seu redor e garantir diversão ao longo de toda a sua jornada.
O game foi lançado pela Phiphen Games e desenvolvido pela Zockrates Laboratories UG. Localizado completamente para português do Brasil, o game possui dinâmicas que surpreenderão os fãs de games como a franquia Paper Mario e do pitoresco Born of Bread.
Com riqueza de detalhes que vão além da gameplay, Ruffy and the Riverside permeia sua jogatina com dinâmicas repleta de beleza visual e desafios. Afinal, você por vezes precisa queimar a mufa a fim de entender como prosseguir. Auxiliado pela fofinha e falastrona abelha Pip, Ruffy precisará se juntar ao Sr. Eddler e outros parceiros a fim de impedir que o Miolo do Mundo seja tomado pelo vilanesco Groll. Mas não sem antes, reencontrar as letras sagradas que formam o letreiro que dá nome à cidade. Para retornar o Miolo do Mundo à sua antiga glória, devemos restaurar o letreiro (como o de Hollywood) que dá nome a cidade – e aparentemente, poder também.
Jogabilidade e estilo artístico

O game é um rico plataformer 3D. Sendo assim, o game se favorece muito de aspectos bem particulares do gênero – enquanto deixa outros de lado. A precisão aqui, nem é tão essencial. Pois desde a mira de Ruffy, até como o game nos permite explorar o mundo no qual estamos inseridos, garantem que a nossa progressão vá além da satisfação de saltar em uma plataforma de maneira correta. Aqui, a satisfação está em solucionar um puzzle após olhar incongruências no cenário, por exemplo. Transformar uma cachoeira em uma parede de hera para explorar é nosso primeiro baque, ou melhor, nossa primeira e divertida surpresa em ver que o mundo todo muda a nosso bel prazer. Ou melhor, à vontade do ursinho, Ruffy, ou melhor, o escolhido.
Guiados por uma narrativa em que nos permite por vezes ver melhor as cordas se movimentando no plano de fundo, ou entender como este mundo funciona, somos forçados a mergulhar e experimentar. Ao passo que entendemos como a Troca Mágica funciona, somos lembrados à todo momento que podemos até mesmo trocar o Sol pela Lua, ou ganhar em uma competição de feno à la Tony Hawk Pro Skater.

Lembra que falei sobre o game ser um rico platformer? Então. A riqueza daqui, vem não apenas dos seus detalhes técnicos, como também de suas limitações, e de seu estilo artístico. Cada idle animation dos personagens possuem 3 ou 4 frames, todos eles feitos a mão. Isso mesmo, desde sua ilustração como pintura é feita à mão, o que é maravilhoso.
Em uma era em que a quantidade de polígonos ou como a água, ou o cabelo de um personagens se mexe ditam o quão bem trabalhado um game é, Ruffy vem pra mostrar que estilo de animações tradicionais possuem lugar nos games de hoje e que eles podem se beneficiar disso. E aqui, podemos ver um DNA típico de games clássicos da Nintendo, mas com uma mistura de Cuphead, o charme típico de Kao the Kangaroo.
Trilha sonora e veredito

A trilha aqui, possui um aspecto muito mais psicológico e emocional do que qualquer outra coisa. Ao passo em que a história progride, a música nunca diminui seu tom, nos deixando sempre animados com o que vem a seguir. Com uma trilha sonora viva e que muda e à cada um dos capítulos, nos sentimos imersos e sempre animados a continuar nossa jornada. Levei cerca de 11 horas para concluir a história do game pegar 70% dos colecionáveis.
Não apenas salvar o mundo, precisamos realizar sidequests por vezes mais elaboradas que a principal. Ou melhor, precisamos avançar, salvando e ajudando os habitantes daquele mundo tomado pela maldade do terrível Groll. Sendo necessário extremamente pouco combate, quase tudo no game pode ser solucionado por meio da Troca. Apesar de encontrar alguns poucos inimigos espaçados pelos mapas, o foco do game não é destruí-los, mas sim, solucionar os mistérios daquele mundo e restaurar o Miolo do Mundo à sua antiga glória.

Com uma mensagem que foca exatamente na cura daquele mundo após a corrupção dele nas mãos do vilanesco Groll, este talvez seja um dos mais acessíveis e curiosos games do ano até aqui. Sem salvar o mundo, ou considerar se sua destruição é minimamente plausível, Ruffy simplesmente parte para fazer o que é certo.
Contrastando os diversos mundos do game antes e depois da nossa aparição neles talvez seja um dos pontos mais altos da história. Isso mesmo, não apenas trazendo de volta a vida os mais diversos ambientes, como também trazendo frescor a narrativa, o Ruffy and the Riverside brilha quando o assunto é sua mensagem.
Por não se levar a sério como a maioria dos games atuais, Ruffy and the Riverside mostra que o importante é a jornada e quem salvamos pelo caminho. E desde seus primeiros minutos, uma jornada que tinha como foco salvar Riverside e consequentemente, o mundo, se torna a salvação de povos até então, desconhecidos para até mesmo, o personagem central da trama, Ruffy.

Brilhando ao nos desafiar o tempo todo, os segredos de Ruffy vão além de uma camada exploratória, está também na observação daquele mundo, e é claro, na tentativa e erro. Como um dos jogos mais divertidos pra mim, deste ano, ouso dizer que Ruffy and the Riverside é perfeito para jogar com filhos, irmãos mais novos e toda a família. Colocando a importância do game no que de fato é importante, a diversão, temos aqui, um dos meus favoritos do ano.
Ruffy and the Riverside foi lançado no dia 26 de junho para PC, Nintendo Switch, PlayStation 5 e Xbox Series X/S.

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