CRÍTICA – The Underground Railroad: Os Caminhos para a Liberdade (2017, Colson Whitehead)

    Publicado no Brasil pela editora HarperCollins, The Underground Railroad: Os Caminhos para a Liberdade é o premiado livro de Colson Whitehead que será adaptado como seriado pela Amazon Prime Video. Vencedor do prêmio Pulitzer de 2017, Whitehead se consolidou como um grande nome da literatura moderna.

    SINOPSE

    Cora é uma jovem escrava numa plantação de algodão. Para ela é quase impossível fugir de seu destino sombrio. Até que ela ouve falar de uma ferrovia subterrânea.

    ANÁLISE

    The Underground Railroad: Os Caminhos para a Liberdade é um livro desafiador, com uma trama extremamente envolvente e, por vezes, sufocante. Em inúmeros momentos eu tive vontade de simplesmente parar a leitura para que, assim, eu conseguisse evitar que a personagem Cora passasse por todos os sofrimentos que ela encontraria ao longo de sua jornada.

    Na história, Cora é uma jovem escrava vivendo em uma fazenda de algodão ao Sul dos Estados Unidos. Ela passa por situações terríveis, sendo cotidianamente humilhada e torturada pelos donos da fazenda, seus capangas e até mesmo por outros escravos.

    Em determinado momento ela conhece César, um jovem escravo que descobre uma ferrovia subterrânea que pode salvá-los de suas realidades. A missão é, em teoria, simples: chegar até a estação mais próxima e fugir para o Norte dos Estados Unidos. Mas a execução é bem mais difícil do que qualquer um deles poderia imaginar.

    De imediato eu achei a condução da leitura um pouco complicada, pois por vezes o autor cita personagens sem antes apresentá-los devidamente ao público. Essa contextualização acaba acontecendo várias páginas para frente, deixando um ar de suspense sobre os caminhos da história. Entretanto, depois de algumas páginas, fica mais fácil entender o método de escrita de Whitehead, e tudo passa a fluir muito bem.

    É quase impossível parar de ler após começar. A trama, cheia de reviravoltas, mantém o leitor preso nos acontecimentos angustiantes, quase rezando para que o final feliz esteja logo na próxima página. É um livro que causa inúmeras emoções.

    Whitehead sabe usar muito bem o contexto histórico a seu favor ao longo da narrativa, criando uma história de ficção que mantém fortes raízes na realidade. Os acontecimentos são chocantes em inúmeros momentos e não há como terminar a leitura com um sentimento que não seja agridoce. É difícil se sentir plenamente satisfeito com seu desfecho, ao passo que provavelmente não poderia ser finalizado de outra forma sem que perdesse a coerência da obra.

    Cora é uma personagem muito bem construída e complexa. Há espaço ao longo da leitura para que a personagem se conheça e aprenda por meio de suas experiências. Acompanhamos Cora entender tudo que ela pode fazer e ser por meio de seus pensamentos, questionamentos e desejos. Definitivamente um dos melhores elementos da trama.

    O livro possui 312 páginas, mas a leitura é fluida. Mesmo sendo uma trama pesada e triste, é aquele tipo de obra que você consegue devorar em um turno sem grandes dificuldades. Whitehead faz um ótimo trabalho de construção de cenários, descrevendo cada roupa, pessoa, objeto e paisagem com diversos detalhes.

    Por ter capítulos bem divididos, inclusive destinados a outros personagens além de Cora, o livro se encaixa perfeitamente em um formato de seriado. Prevista para estrear 14 de maio deste ano, a produção da Amazon Prime Video será comandada por Barry Jenkins, diretor e roteirista do oscarizado Moonlight: Sob a Luz do Luar.

    VEREDITO

    The Underground Railroad: Os Caminhos para a Liberdade é um livro intenso, com uma ótima trama e um grande trabalho de construção de personagens. Com um final agridoce, mas poderoso, é uma leitura rica e que pode render diversos prêmios também na televisão.

    Nossa nota

    5,0 / 5,0

    Autor: Colson Whitehead

    Editora: HarperCollins

    Páginas: 312

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