CRÍTICA – Fragmentos do Horror (2020, Darkside)

    Poucas coisas são tão apavorantes quanto aquelas que fogem a nossa compreensão. Nesse bolo do que é apavorante e incompreensível localizamos a obra do surpreendentemente simpático mangaká japonês Junji Ito. O mangáFragmentos de Horror” é uma coletânea de 8 contos do horror inominável característico do autor de Uzumaki, que trazem à tona as partes mais obscuras da nossa mente.

    Os contos de Junji Ito nos fazem questionar quase sempre o que está diante dos nossos olhos, assim como o rumo que aquela história está prestes a tomar.

    ANÁLISE

    Muito diferente das obras que se debruçam e dependem quase que inteiramente das ilustrações, a obra de Junji Ito parece funcionar simbioticamente não só com o que está descrito nos balões, mas também no que está presente nas ilustrações e o que é implícito.

    O desconforto de cada um dos quadros do mangá nos levam a lugares sombrios da nossa mente, lugares esses que parecem ter figurado apenas nos sonhos mais obscuros que alguém já teve.

    Com contos que trazem morais sobre o amor, sobre a loucura e até mesmo sobre a traição, Fragmentos do Horror nos deixam surpresos até sua última página. Os mais diversos sentimentos que o folhear de páginas provocam no leitor, vão desde a horripilante surpresa do aterrador inexplicável, até a acachapante sensação de impotência diante dos acontecimentos.

    VEREDITO

    Fragmentos do Horror

    Os traços e os curtos contos de Junji Ito provocam predominantemente desconforto em seus leitores, sejam esses desavisados ou não. Independentemente a isso, existe a atração causada pela qualidade de suas histórias, a precisão de sua arte, seus diálogos, seu universo e a forma como os traços do mangaká tornam tudo aquilo muito mais palpável e coloca um pé daquilo que há de mais bizarro no nosso mundo.

    A versão da Darkside é feita com brilhantismo e se destaca em seu acabamento, e apesar de não curtir muito mangás de capa dura, entendo a razão da editora fazê-lo assim. Os detalhes presentes na capa, que podem ser notados com sutileza, a tornam um negativo da contracapa, transformando a edição em uma peça de colecionador e algo realmente digno da obra do Mestre do Horror.

    A genialidade de Junji Ito está nas minúcias e no cuidado com os belos e terríveis detalhes de seu traço.

    Essa coletânea de 2014, foi um novo ponto de partida para Ito, que há muito focava apenas em história de gatos – sua verdadeira paixão. Suas dúvidas acerca da qualidade das histórias publicadas nessa coletânea o fizeram questionar por vezes se sua veia do horror havia desaparecido. E como um recém-descoberto fã de Junji Ito, eu posso garantir-lhes meus caros, o Mestre do Horror possui o título mais merecido da história dos mangás.

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