CRÍTICA – Black Hole (2017, Darkside Books)

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CRÍTICA - Black Hole (2017, Darkside Books)

Em tempos difíceis em que a humanidade vem sofrendo uma pandemia a cultura pop sempre representou esses tempos sombrios em que vivemos atualmente seja em livros, HQs, cinema e games, mas apesar dessas representações ficcionais no qual o bem sempre vence, é incrível que ainda não estamos preparados para o inimigo invisível. Com isso em mente, temos a aclamada HQ do autor americano Charles Burns: Black Hole.

Considerada a obra prima de Burns que foi o ganhador do Prêmio Eisner de 2006 na categoria Melhor Álbum e de nada menos que nove prêmio Harvey. A HQ foi publicada entre 1995-2005 contendo 12 volumes. Escrito e ilustrado por Burns a obra tem um clima de horror com psicodelia durante a década de 70.

A trama de Black Hole se passa em Seattle, em meados dos anos 70, onde um espectro sem nome ronda os pensamentos dos adolescentes locais. Uma praga insidiosa se dissemina pelo contato sexual e parece não poupar ninguém.

Em cada um dos infectados, ela se manifesta de forma diferente enquanto alguns se safam com simples manchas na pele, outros se transformam em aberrações, e ficam com vagas lembranças do que foram um dia. Para esses, não resta alternativa a não ser o autoexílio em acampamentos precários, afastados da civilização (lembra bastante os Morlocks do X-Men).

A doença retratada pela HQ de Charles Burns pode ser tratada como uma metáfora da epidemia do vírus HIV que se alastrou durante a década de 80 até o início dos anos 90. Principalmente entre a comunidade homossexual que já sofria um tremendo preconceito por suas orientações sexuais, preconceito que só aumentou ainda mais com o vírus (durante esse período o mundo perdeu grandes ídolos do mundo dar música Cazuza, Freddie Mercury e Renato Russo).

O traço de Burns é realista e preciso, lembrando o traço de outros grandes quadrinistas contemporâneos como Daniel Clowes (Ghost World) e Adrian Tomine (Intrusos), mas que tem seu próprio estilo sombrio e esquisito, que é instantaneamente fácil de ser reconhecido.

O álbum vai ter seus momentos w.t.f.? – selecione o texto para ler o spoiler como o relacionamento sexual entre dois jovens no qual um deles tem uma cauda e que é quebrada durante a hora H. Sem falar do uso de drogas psicodélicas que vai te transportar por viagens alucinógenas extremante bizarras.

Os cenários são carregados de detalhes dos anos 70, seja com livros, músicas e automóveis da época. As cores do álbum são compostas de preto e branco, deixando a trama com tom mais sombrio e gótico.

Uma das primeiras grandes influências de Charles Burns foi Hergé (As Aventuras de Timtim), além dos clássicos do terror Creepy e Eerie, do editor James Warren, e dos artistas da EC Comics, Al FeldsteinJohnny CraigGeorge Evans e Reed Crandall.

Apesar da trama ter um grande mistério diante da praga que afeta os adolescentes, Black Hole vai te deixar intrigado seja com suas excentricidades ou com suas viagens psicodélicas, mas que não vai sair da sua cabeça.

Aqui no Brasil a editora Darkside é responsável por uma bela edição com capa dura. Veja os detalhes:

Autor: Charles Burns (Roteiro e Arte)

Editora: Darkside

Páginas: 385

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