CRÍTICA – Altered Carbon (1ª Temporada, 2018, Netflix)

    Altered Carbon é uma série de ficção-científica da Netflix criada por Laeta Kalogridis, baseada no livro homônimo de Richard K. Morgan. A série parece caminhar por vários mundos conhecidos de futuros distópicos, mas ainda assim, distancia-se por detalhes extremamente importantes, que dão um caminho à série nunca visto antes.

    A primeira temporada da série, foi lançada no dia 2 de fevereiro no Brasil, e conta com 10 episódios. Altered Carbon acerta onde continuações de filmes como Blade Runner 2049 erraram e mostra brilhantismo em sua história. A série conta com elementos e referências vistos até então em séries, filmes, animações e livros que abordam um futuro próximo do visto na história.

    A realidade distópica de Altered Carbon nos apresenta um mundo em que a morte se tornou opcional para alguns, mas apenas uma questão de tempo para outros. Nesse mundo, os seres humanos se tornaram capazes de armazenar sua consciência e memórias em “cartuchos” graças à tecnologia alienígena. Alojados na base do seu crânio, os cartuchos possibilitam a troca de “capas”, caso a antiga seja destruída, ou por puro capricho.

    Um mundo em que os mais ricos podem viver para sempre, nos mostra o quão longe os Matusas – os membros mais ricos da sociedade que podem viver quase que eternamente – podem ir, para manter seus segredos a salvo. 

    A série nos faz questionar detalhes profundos da psique humana, ainda que conte com referências a produções dos anos 80 e 90 – como Blade Runner e Ghost in the Shell -, Altered Carbon não traz discussões já saturadas por filmes e outras produções. Não nos faz questionar o sentido de humanidade, mas sim, o da imortalidade. Em obras que tem como tema um futuro distópico, tivemos todo o foco nos avanços tecnológicos, na série, a tecnologia é utilizada apenas como uma ferramenta para nos apresentar os problemas que os personagens enfrentarão durante toda a série.

    Altered Carbon

    Takeshi Kovacs (Joel Kinnaman) é o personagem principal dessa trama de intrigas. Kovacs é “encapado” após a morte de um Matusa, e é contratado pelo morto para solucionar sua própria morte. O mundo de Altered Carbon passa por um momento de mudança na hora que somos apresentados a esse universo.

    Uma proposta de lei, permitindo que os mortos sejam interrogados está para ser aprovada, e muitos lutam contra a ela, desde simpatizantes religiosos a políticos do Protetorado – o atual governo da Terra.

    Conceitos como os de divindades, almas, pós-vida e até mesmo relacionamentos mudam quando somos apresentados aos elementos desse mundo. A construção dessa realidade é feita de forma detalhada, com uma ambientação cuidadosa, que nos faz sentir imersos naquele universo quase que já familiar aos fãs de Blade Runner, Akira e Ghost in the Shell.

    Quando Kovacs começa a investigar, somos apresentados à um clima noir, e vemos um lado metódico do personagem. Ao longo da série, somos apresentados à personagens coadjuvantes que acabam por humanizar o personagem de Kinnaman, que esteve preso em um limbo por 250 anos – pelos  crimes que cometeu – e  acorda em um mundo diferente do seu.

    Altered Carbon

    Tudo se torna mais familiar e próximo, quando somos apresentados aos problemas e motivações dos personagens que cercam Kovacs. Kirstin Ortega (Martha Higareda) é um dos melhores exemplos de personagem da série, pois vêm em uma crescente desde o primeiro episódio, e ao final da temporada, já não é mais a mesma.

    Poe (Chris Conner), a excêntrica Inteligência Artificial e dono do hotel The Crow,  deixa de ser uma caricata homenagem ao escritor Edgar Allan Poe e se torna um dos mais importantes personagens de toda a série.

    Tais personagens ajudam a aprofundar conceitos conhecidos por todos nós, como Inteligência Artificial e Realidade Virtual, que ganham uma enorme força e ganham peculiaridades com o decorrer da série.

    O futuro multi colorido, repleto de propagandas, mostra o porvir do modo de produção capitalista, que serve como uma fachada para toda desigualdade que existe em Bay City, à cidade por onde se desenrola quase toda a trama da série. A corrupção é um dos aspectos mais comuns daquele universo, agindo em inúmeras esferas, sendo virtualmente impossível escapar dele.

    A exploração sexual é algo tão proeminente e uma característica marcante daquele lugar, é um dos mais lucrativos negócios. O fato da substituição da “capa” ser algo possível, leva a exploração à outros níveis, possibilitando a tortura. A série mostra as mais profundas e obscuras camadas do que é considerado alma, por aqueles que já viveram algumas vidas.

    Altered Carbon

    O mundo adaptado pela Netflix da obra de Richard K. Morgan parece ter vida própria. Suas cidades parecem funcionar perfeitamente quer o espectador esteja olhando, ou não. Seus letreiros em neon e as carroças de comida pelas ruas, nos leva aos futuros distópicos de obras já conhecidas, mas não deixa de colocar sua marca única em todas as cenas.

    O roteiro enérgico e as cenas de ação nos prendem a atenção do início ao fim. Com uma fotografia marcante e personagens marcantes, Altered Carbon é uma ótima pedida, podendo se tornar um clássico.

    Essa crítica foi escrita com a colaboração de Thalita Couto.

    Nossa nota

    Assista o trailer da série:

    Altered Carbon entrou no catálogo da Netflix no dia 2 de Fevereiro de 2018! Você já assistiu? Deixe seu comentário e marque aquele seu amigo que não pode perder essa série e nos acompanhe nas redes sociais para mais novidades:

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