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CRÍTICA – Dahmer: Um Canibal Americano (Minissérie, 2022, Netflix)

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CRÍTICA - Dahmer: Um Canibal Americano (Minissérie, 2022, Netflix)

Monstros estão por todo o lugar na ficção, sejam dragões, orcs, trolls ou até mesmo os grandes vilões humanos que conhecemos; mas existem monstros na realidade, pessoas que praticam o mal em sua essência e, seja por quaisquer motivos, eles são tão assustadores quanto na ficção e um deles é Jeff Dahmer.

Criada por Ryan Murphy e Ian Brennan, a minissérie Dahmer: Um Canibal Americano com dez episódios foi produzida para o serviço de streaming Netflix é estrelada por Evan Peters no papel do personagem central de uma história brutal dos assassinatos cometidos por Jeff Dahmer.

Além de Evan Peters, o elenco conta também com Niecy Nash, Richard Jenkins, Penelope Ann Miller, Shaun J. Brown e Colin Ford.

SINOPSE

Do vencedor do Emmy e criador de American Crime Story, a minissérie analisa os crimes terríveis cometidos por Jeffrey Dahmer (Evan Peters) e os problemas sistêmicos que permitiram que um dos maiores serial killers dos Estados Unidos continuasse agindo com total impunidade ao longo de mais de uma década.

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ANÁLISE

Se tratando de aspectos técnicos a série é impecável, principalmente pela sua preocupação em adaptar da forma mais verossímil possível todos os eventos da história, não se atendo a um único ponto de vista. Assim, não vemos uma versão que busca humanizar a figura central da história brilhantemente interpretada por Peters, mas vemos o viés mais cruel destes acontecimentos.

Um mérito que acho importantíssimo para a produção está relacionado a não se apegar aos detalhes violentos dos crimes, procurando respeitar da melhor forma possível a memória das vítimas e enfatizando outros aspectos relevantes como a pessoa por trás desta violência e, apesar de tamanha conservação, a série não deixa de trazer o incomodo e desprezo em relação aos atos de Dahmer.

A minissérie procura mostrar em diversos aspectos a formação da subjetividade de Dahmer, toda a sua problemática história de vida e a jornada de mortes cruéis que o apelidaram de o Canibal Americano.

Na produção é mostrado como Dahmer adquiriu o seu fascínio pela morte, seguindo alguns critérios que a senso comum são fáceis de se identificar, como: o prazer em abrir corpos de animais mortos, sempre chamando a atenção para o seu encanto pelo coração até que finalmente se permite repetir o ato em outro ser humano.

Em um aspecto mais científico, apesar de não termos o conhecimento da história de vida do assassino em sua totalidade, podemos refletir que Dahmer é um sádico, o que a termos mais simples dentro da psicanalise freudiana é definido como a satisfação em infligir a dor no outro em prol de seu prazer. Característica comum na ficção e que lembra os Cenobitas de Hellraiser.

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Isto pode ser exemplificado nos métodos cruéis que praticou em suas vítimas, procurando sempre estabelecer domínio ou algum tipo de controle que por sua vez parece estar simbolizado a sua relação com os genitores que estabelecem com um pai altamente controlador em contrapartida do abandono da mãe na adolescência.

Porém, o que pode definir Dahmer como psicopata é a falha ou ausência do superego, aspecto da personalidade que censura os impulsos do id que tentam se manifestar no ego e pode ser detectado pelo sentimento de culpa ou angústia relacionado a um pensamento que venha id e chegue ao ego.

Esta falha fica evidente vermos que Dahmer claramente não se mostra arrependido por nenhum de seus atos, mesmo dizendo que sempre lutou contra estes impulsos ou sobre uma angústia a respeito dos pensamentos.

A minissérie não se apegar apenas ao ponto de vista do assassino, se tornando um acerto tanto em não humanizar Dahmer, ao dar luz para as vítimas que se foram tão prematuramente e mostrando que não são apenas o que a mídia mostrou na época, mas que eram também pessoas jovens, com sonhos, problemas e tiveram a infelicidade de cruzar com alguém de tamanha má intenção.

Ao longo dos episódios sempre temos algum tipo de contato com as famílias das vítimas e a trajetória de sofrimento que houve até a descoberta do terrível desfecho. Estas famílias sofrem com um processo de luto mais intenso, pois os nomes das pessoas queridas que se foram estão sempre em evidência e sendo relembradas de momento tão doloroso.

No mesmo espectro da exposição das vítimas, a mídia em torno do causador é um processo doloroso o que pode ser exemplificado em uma das declarações de um dos familiares no julgamento e tamanho sofrimento se repete ao surgir novamente uma produção a respeito do caso, sendo totalmente compreensível a insatisfação das famílias a respeito da minissérie.

Além de abordar a história nos aspectos de acontecimentos dos pontos de vista do assassino, vítimas e suas famílias, também é feito um contexto a respeito do ambiente social que favoreceu Dahmer ao longo dos seus anos de violência e crueldade contra pessoas negras, LGBTQIA+, latinos e orientais desnudando uma tão conhecida face racista, homofóbica e xenofóbica da sociedade e como seus mecanismos funcionavam para perpetuar estas mortes.

Após a experiência desta minissérie gostaria de deixar o seguinte questionamento para o nosso leitor ou espectador que ainda tem dúvidas sobre os contextos acima:

Você ainda acredita que racismo e tantos outros preconceitos nunca existiram na sociedade?

VEREDITO

Dahmer: Um Canibal Americano é uma minissérie que incomoda em todos os seus episódios pelo seu grande êxito em apresentar os fatos de diversos ângulos; os roteirizando de forma clara, respeitosa com aqueles que se foram e sem deixar em nenhum momento de mostrar a verdadeira face terrível em torno dos atos terríveis realizados pelo serial killer.

4,0 / 5,0

Assista ao trailer legendado:

Dahmer: Um Canibal Americano está disponível na Netflix.

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