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CRÍTICA – Demolidor (3ª temporada, 2018, Netflix)

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O terceiro ano de Demolidor é focado no arco dos quadrinhos intitulado A Queda de Murdock, escrito por Frank Miller e sem dúvida uma das melhores histórias do Demônio de Hell’s Kitchen.

O futuro da parceria entre a Marvel e a Netflix tem se tornado cada vez mais incerto. Com o cancelamento de Punho de Ferro e de Luke Cage – que ocorreram no intervalo de uma semana –, as outras séries que resultaram desse acordo também ficaram ameaçadas de serem encerradas sem um final definitivo. Felizmente, após essa excelente temporada que vem arrancando elogios da crítica especializada e dos fãs, é muito pouco provável que Demolidor entre nessa lista.

Dessa vez quem assume o cargo de showrunner é o americano Erik Oleson, conhecido por seu trabalho em Arrow. Aqui, ele decide nos apresentar um Matt Murdock (Charlie Cox) quebrado, tanto fisicamente quanto psicologicamente, também temos um roteiro repleto de questionamentos religiosos, cenas de lutas épicas, ótimos personagens e uma trama adulta que é desenvolvida com precisão.

Ainda muito abalado e carregando sequelas após os acontecimentos de Os Defensores, o herói é abrigado e recebe cuidados no local onde passou toda a sua infância. Quando o vilão Wilson Fisk (Vincent D’Onofrio), após um acordo feito com o FBI, é colocado em prisão domiciliar e passa a manipular os agentes federais para retomar o controle de Hell’s Kitchen, Matt precisa voltar à ação – e parar o Rei do Crime.

Partes do primeiro episódio, Ressurreição, são feitas para nos passar a sensação de desorientação e desconforto de Murdock, que está surdo de um ouvido. Para isso, o diretor Marc Jobst opta por deixar, em certos momentos, o fundo da imagem desfocado. Além disso, é interessante notar também como Jobst deixa a câmera trêmula, fortalecendo ainda mais as sensações do personagem.

A relação de Matt Murdock com a religião sempre foi uma das coisas mais interessantes da série e as cenas em que ele vai à igreja para conversar com o padre Lantom (Peter McRobbie) são sempre muito boas. Nesse ano, os questionamentos religiosos também estão lá, só que mais fortes e com uma carga dramática ainda maior. Uma subtrama específica envolvendo a personagem de Joanne Whalley dá mais intensidade a esse arco.

Outra coisa que sempre foi um dos pontos mais altos de Demolidor: as cenas de ação. O programa coleciona, desde o primeiro ano, excelentes lutas muito bem coreografadas – algumas delas filmadas em um só take. Tivemos, na primeira temporada, a cena do corredor e depois veio a da escada no segundo ano. Dessa vez, a série surpreende mais uma vez com um excepcional plano-sequência com mais de dez minutos onde acontece de quase tudo: pancadaria, explosão, diálogos, câmera entrando em carro, e mais. Não esquecendo, é claro, das lutas do Demolidor contra o Mercenário (Wilson Bethel) – destaque para o primeiro encontro deles e para o embate na igreja.

Outro destaque dessa temporada são os vilões. Temos o retorno de Vincent D’Onofrio ainda mais intimidador como o Rei do Crime – ele nasceu para esse papel. Ao fazer o Matt se questionar se apenas a lei é capaz de parar o antagonista demonstra como o mesmo é eficiente; algo que acaba aumentando o conflito do protagonista. Ademais, a introdução do Mercenário é um dos grandes feitos do programa – é válido ressaltar o ótimo recurso narrativo utilizado para contar a história do novo personagem.

Charlie Cox está cada vez mais se consagrando como um grande ator ao dar vida a um Matt Murdock dividido entre sua crença religiosa, seu trabalho como advogado e sua atuação como vigilante; Deborah Ann Woll e Elden Henson também estão muito bem como Karen Page e Foggy Nelson respectivamente, a química deles continua muito boa. E Wilson Bethel em momento algum decepciona ao encarnar o psicopata Benjamin Poindexter.

Da esquerda para direita: Vincent D’Onofrio, Wilson Bethel, Charlie Cox, Deborah Ann Woll e Elden Henson.

Uma nova adição ao elenco foi o agente Ray Nadeem (Jay Ali). E é muito bom notar que todas as ações dele contribuem para a resolução do problema central da trama, da mesma maneira que todos os outros o fazem nessa temporada, o que é uma ótima escolha do roteiro, pois deixa a trama ainda mais precisa. Todavia, um episódio reservado para contar o passado da Karen Page pode parecer desnecessário, ou até mesmo anticlimático, para alguns.

Uma das coisas que sempre agradou os fãs de Demolidor é a sua qualidade cinematográfica – se no filme de 2003 falta esse aspecto, aqui sobra. Os planos-sequência e a fotografia de algumas cenas são sempre elogiados, não podia ser diferente agora. Personagens banhados em luz vermelha e a boa utilização de locais escuros para criar momentos memoráveis são alguns dos destaques. Os elogios também caem sobre a abordagem adulta do programa. A brutalidade e a sanguinolência marcam presença mais uma vez.

Sim, o futuro d’Os Defensores está ameaçado, mas mesmo se não voltarmos a ver Luke Cage, Punho de FerroJessica Jones e o “Demônio de Hell’s Kitchen” lutando juntos ou individualmente contra o crime, pelo menos de uma coisa poderemos ter certeza, com essa temporada, Demolidor se consagra como a melhor produção da Marvel não apenas na Netflix, mas também na TV como um todo.

Avaliação: Excelente

Confira o trailer legendado de lançamento:

Demolidor estreou este mês na Netflix. E aí, já maratonou a 3ª temporada? Em qual episódio está?? Conta pra gente aqui nos comentários o que está achando e se ainda não começou: o que está esperando!? 😉

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