CRÍTICA | Euphoria – S2E5 Stand Still Like the Hummingbird

    A segunda temporada de Euphoria é transmitida semanalmente na HBO e HBO Max. O quinto episódio chamado de Stand Still Like the Hummingbird é dirigido e escrito pelo criador da série Sam Levinson

    SINOPSE

    O destino tem uma maneira de alcançar aqueles que tentam fugir dele. Leslie (Nika King) e Gia (Storm Reid) tentam fazer uma intervenção com Rue (Zendaya), mas ela acaba fugindo da família. 

    ANÁLISE

    Quinze minutos. É o tempo que dura a agoniante cena em que a mãe de Rue, Leslie, enfrenta filha ao descobrir que ela ainda está usando drogas. Gia, está encolhida em seu quarto e tenta em vão não prestar atenção na discussão da mãe e da irmã; mas com raiva, Rue chega até ela. É interessante perceber que sempre que a protagonista está sendo confrontada em relação às drogas é Gia quem a encontra. Aconteceu na primeira temporada, se repete nesse episódio e temos a impressão que já passamos por isso com elas. 

    Não que agora seja diferente, mas Euphoria é certeira em mostrar o quanto é difícil e doloroso lidar com um viciado, reabilitações nem sempre funcionam e intervenções quebram famílias. Durante esses quinze minutos, vemos Rue em seu extremo e fora de si, sendo completamente irracional. 

    É algo feio de assistir e cada momento pesa em nossa consciência. Enquanto Rue implora para a mãe lhe dar a mala com as drogas – aquela que ela pegou com a traficante Laurie (Martha Kelly) – a discussão se torna agressão. Rue é violenta com a mãe, quebra objetos de casa e culpa Gia. As coisas ficam piores quando ouvimos a voz de Jules (Hunter Schafer), que estava na sala, dizendo que as drogas foram descarga a baixo. 

    Rue é cruel com Jules de forma aterrorizante motivada por pura raiva.

    Você é uma porra de um vampiro. Andar por aí sugando a porra do espírito de todo mundo.”

    Sabemos que as palavras de Rue não são verdade, mas mesmo assim é arrepiante. Rue sabe que está irreconhecível e por algumas vezes cai ao chão pedindo desculpas a mãe, ela aceita ser levada ao hospital, mas muda de ideia e foge. O grito de Gia quando a irmã sai no carro em meio a rua movimentada encerra uma das sequências de cenas mais aterradoras de Euphoria. 

    Não é fácil ficar ao lado da personagem de Zendaya, na crítica do episódio anterior, comentei sobre como tememos por ela e por sua família. Isso porque Rue é perigosa, já vimos ela ameaçar a mãe, mas também nos importamos com ela. Sua fuga é prova disso; e a personagem passa o episódio correndo pelas ruas da cidade criando uma trilha de confusões. Ela revela o segredo mais crítico da segunda temporada, dizendo a Maddy (Alexa Demie) e ao resto de suas amigas que Cassie (Sydney Sweeney) está dormindo com Nate (Jacob Elordi). O foco muda completamente com Maddy começa a ameaçar a ex-amiga e Cassie mal consegue verbalizar uma frase com olhos marejados. 

    PUBLICAÇÃO RELACIONADA: CRÍTICA | Euphoria – S2E4 You Who Cannot See, Think of Those Who Can

    Rue aproveita para fugir mais uma vez. Em seguida, ela visita Fez (Angus Cloud) e precisa ser removida à força quando vai procurar pílulas na casa do amigo. Em outro momento, ela inicia uma perseguição policial e também é quanto Levison faz meu melhor trabalho como diretor. Sua câmera passa a localizar Rue na cena enquanto ela corre por entre casas, o movimento é sempre para enquadrá-la na sua próxima manobra. É um momento criativo para a direção da série e mostra que Euphoria tem mais a oferecer do que uma fotografia bonita. 

    O destino final de Rue é o apartamento de Laurie, após saber que a jovem viciada não tem dinheiro, a ex professora não está irritada. Ela até comenta que não houve uma situação em sua vida que a deixou com raiva. Mas, a calmaria de Laurie é alarmante o suficiente para sabermos que Rue não está segura. Laurie finge bondade e compreensão enquanto prepara uma armadilha para a adolescente. Mesmo a jovem não usando drogas intravenosas, ela convence a jovem a injetar morfina enquanto comenta que existem outras formas de uma mulher conseguir dinheiro – ou seja, usando o corpo.

    Rue consegue fugir mais uma vez, mas adia um confronto com Laurie que mais cedo ou mais tarde será inevitável. 

    Stand Still Like the Hummingbird (Fique Parado Como Um Beija-flor) expressa toda essa jornada de Rue, sua corrida desenfreada que não leva a lugar nenhum. Ela está pior que na primeira temporada; ela não saiu do lugar, ou melhor, ela se afundou mais. Porém, ainda temos empatia por essa personagem, sofremos por ela apesar de não ser uma boa pessoa nesse momento. 

    Sua relação com a sua família, com Jules e com suas amigas está quebrada; e ela sabe disso. Mesmo depois de tanto estrago, a jovem não consegue ficar limpa. Euphoria pode ser vários aspectos irreais para uma série de adolescentes, mas Rue é extremamente verdadeira. Seu caso é o de vários adolescentes no mundo, entender como uma família lida (e também não lida) com um viciado é necessário para gerar empatia por essas pessoas. Nesse quesito, Euphoria cumpre seu papel. 

    VEREDITO

    O quinto episódio de Euphoria é o melhor da temporada até o momento. Com destaque para a direção de Sam Levinson e atuação magistral de Zendaya (Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa). É um episódio alucinante que transborda criatividade. Por outro lado, começo a me preocupar com o rumo da trama, os conflitos até agora são semelhantes ou até mesmo inferiores a primeira temporada e isso com certeza é um alerta amarelo para produção da HBO. 

    Nossa nota

    5,0 / 5,0

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