CRÍTICA – Unidade 42 (1ª temporada, 2019, Netflix)

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CRÍTICA - Unidade 42 (1ª temporada, 2019, Netflix)

Unidade 42 (Unité 42, título original) é uma série de TV belga escrita por Julie Bertrand, Annie Carels e Charlotte Joulia. A série foi lançada no canal belga La Une em Novembro de 2017, e lançada mundialmente na Netflix em 14 Junho de 2019.

De um porão sujo na delegacia central de Bruxelas, a diversificada Unidade Digital de Bruxelas busca resolver crimes de alta tecnologia que colocam em risco cada vez mais a vida offline dos civis. A série imediatamente joga os espectadores na vida do recém-viúvo Samuel Leroy (Patrick Ridremont), que agora cria seus três filhos sozinho. Um detetive da velha escola, Sam imediatamente entra em conflito com a otimista e não convencional Billie Veber (Constance Gay), que está lutando contra seus próprios demônios. Essa premissa é uma receita testada e aprovada na sétima arte – duas personalidades opostas lidando igualmente com a depressão e a perda, embora de maneiras diferentes – mas em Unidade 42, ainda funciona.

A Unidade 42 também não é um drama ou thriller “cibernético” direto, apoiando-se mais em seus elementos humanos com a tecnologia servindo como um dispositivo de enredo. Por exemplo, o primeiro episódio “Cara a Cara” mostra a equipe localizando um serial killer com táticas desleixadas e um modesto hack. Um grande acerto da série, é não pretender enganar os espectadores com explicações de tecnologia ou execução mirabolantes.

Enquanto a relação de trabalho de Sam e Billie impulsiona a série, os membros da equipe – Bob Franck (Tom Audenaert), Nassim Khaolani (Roda Fawaz) e Alice Meerks (Danitza Athanassiadis) – são excelentes quando têm seus momentos de tela. Em especial quando temos Danitza que é surda na vida real; ver a atriz dar vida a sua personagem Alice, uma médica legista surda é uma experiência rara nas séries de TV e cinema e nos mostra como esse prisma enriquece a experiência do espectador, no cinema temos o excelente Um Lugar Silencioso que trouxe a jovem atriz – também surda – Millicent Simmonds.

Da esquerda para a direita: Sam, Bob, Alice, Billie e Nassim.

Perdido neste mundo da tecnologia, em alguns momentos é um pouco difícil de acreditar como Sam não entende como usar a mídia social, mas nada que prejudique o bom andamento da série. O retrato de tristeza e estresse que Patrick Ridremont traz para seu personagem soa verdadeiro e comove quem assiste.

Para os que possuem um ouvido atento, a trilha sonora é muito boa, com algumas músicas sendo cantadas em francês, que dá um charme ainda maior à série.

A narrativa de Unidade 42 se mostra fluída e os elementos bizarros dos crimes-cibernéticos funcionam em sincronia. A série lindamente filmada evita o excesso de velocidade em uma determinada direção, tendo drama, ação e investigação criminal.



A equipe de redatores Annie Carels, Julie Bertrand e Charlotte Joulia desenvolvem o relacionamento de Samuel e Billie em um bom ritmo, revelando detalhes sutis ao longo do caminho. Até mesmo a luta de Sam para lidar com sua dor, enquanto aprende a lidar com sua família, envolvem o espectador.

Apesar da primeira temporada de Unidade 42 deixar algo a desejar em termos de história, a direção e os desempenhos do elenco são fortes o suficiente para prender quem assiste desde o primeiro episódio até o décimo e último.

Nossa nota

Confira o trailer dublado:

Unidade 42 está disponível na Netflix e sua segunda temporada – já lançada na Bélgica – ainda não tem dada de estreia no serviço de streaming.

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