Mesmo que Justiça Jovem (Young Justice, título original) tenha sido lançada no final de 2010, apenas agora em 2019 fomos ter sua terceira temporada, e o motivo o fandom conhece muito bem, infelizmente. Em março de 2013, a segunda temporada vinha ao fim e com ela, o da série também – ou quase -.
A sua antiga emissora, a Cartoon Network, cancelou a série ao fim da sua segunda temporada por causa da sua aparente falta de audiência, mesmo com sua alta qualidade. Contudo, aos poucos, a série foi ganhando notoriedade dos demais fãs, principalmente quando entrou no catálogo da Netflix e começaram a clamar por uma continuação, mesmo que por outro canal. Eis que em 2016, a Warner Bros. Animation anunciou que a série finalmente ganharia uma nova temporada.
Dois anos e alguns meses depois, dividida em duas partes, no dia 4 de Janeiro de 2019, finalmente estreou a nova temporada de Justiça Jovem, intitulada de Outsiders, pela DC Universe, sendo um dos carros-chefes do serviço de streaming da DC.
A partir daqui, provavelmente teremos spoilers da nova temporada. Caso não queira vê-los, leia: Young Justice: Fatos que muitos fãs provavelmente não sabem
Do mesmo modo que teve uma passagem de cinco anos da primeira para a segunda temporada, teve também um salto de dois da segunda para a terceira. Mesmo que com um pulo “pequeno”, podemos ver que a equipe aumentou e novas caras apareceram e até antigas retornaram.
Além dos novos integrantes, as equipes também se dividiram. Os veteranos, como Asa Noturna, Tigresa, Superboy, Oráculo, entre outros, ficaram com a equipe principal que agia sob cuidados da Liga da Justiça, enquanto uma equipe nova, com alguns membros mais novos, formavam os Outsiders (“Forasteiros”) – que dão o nome também à temporada – composta por heróis como Mutano, Miss Marte, Super Choque, Moça-Maravilha, Besouro Azul e Kid Flash; esses agiam por conta própria, com a intenção de ficarem famosos e mostrarem que ao mesmo tempo são capazes de salvar as pessoas, que eles também não são o verdadeiro perigo.
Um ponto muito positivo dessa temporada deve-se a respeito à representatividade – e que atualmente deve ser muito falada -. Muitos devem ter visto por ter se espalhado rapidamente sobre a exploração da sexualidade do Aqualad – agora Aquaman – que mesmo que discretamente, deu mais fidelidade à história do herói, que já era assim nas HQs. Mostrar um beijo de pessoas do mesmo sexo em uma animação é de um avanço muito grande e que deve sempre ser elogiado.
Temos também a nova personagem, Halo, que além de muçulmana, ela também se descobre não-binária, ou seja, não se identifica nem como mulher, nem como homem. Isso deve-se ao fato dela ter sido criada através de uma Caixa Materna, mas não deixa de ser igualmente importante ver o processo dela se aceitando e também das pessoas ao redor dela a aceitarem, assim como seu namorado.
O Cyborg finalmente deu as caras nessa nova temporada, agora temos quase todos os Titãs, e isso nos leva ao plot de deficientes físicos – assim como a questão racial – e suas superações e aceitações, também protagonizado ex-Batgirl, agora Oráculo, Barbara Gordon. Ainda na questão racial, não podemos esquecer das grandes presenças de Raio Negro e Super Choque, assim como os latinos Besouro Azul e El Dorado. Enfim, deu pra entender que essa temporada foi para todos os tipos de pessoas, o que torna melhor ainda visto que é um produto voltado pra um público mais jovem.
Enquanto os heróis tinham que se decidir sobre os novos membros e as novas equipes, os vilões trabalhavam incansavelmente. De um lado tínhamos a adaptação de “O Contrato de Judas”, que introduz o Exterminador e sua família, toda a questão de infiltrados, Terra e mais. E do outro tínhamos Darkseid querendo tomar tudo para si, através da Equação e das Caixas Maternas, trazendo personagens icônicos como Vovó Bondade para a tela.
Torna-se ainda mais interessante quando ao pegar as inicias de todos episódios, formamos a palavra “PREPARE THE ANTILIFE EQUATION”, ou seja, “Prepare a Equação Anti-Vida”.
Nota:
A Equação Anti-Vida é uma equação matemática fictícia que aparece nos quadrinhos publicados pela DC Comics. No cenário de Jack Kirby, a Equação Anti-Vida é uma fórmula para o controle total das mentes dos seres sencientes, que é procurado por Darkseid. Vários quadrinhos definiram a equação de maneiras diferentes.
Os quadrinhos originais de Kirby estabeleceram a Equação Anti-Vida como dando ao ser que aprende o poder de dominar a vontade de todas as raças sencientes e sapientes . É chamado de Equação Anti-Vida porque “se alguém possui controle absoluto sobre você – você não está realmente vivo”.
É muito interessante em ver como com o passar dos anos, o roteiro foi amadurecendo, levando assuntos mais sérios à animação e mesmo assim continuando – e até aumentando – a qualidade que já tinha desde o principio.
Num geral, essa temporada foi muito positiva e valeu a pena a espera. Conseguiu agradar os fãs antigos, assim como os novos. Alias, os fãs antigos podem matar algumas saudades com alguns rostos que esperavam por um tempo e até a suposição da volta de um antigo membro…
Roteiro incrível, personagens bem desenvolvidos e considerada por muitos ainda uma das melhores séries de heróis e também uma das melhores animações; Young Justice: Outsiders finalizou com 94% de aprovação no Rotten Tomatoes com uma média de 7.94/10.0.
5,0 / 5,0
As duas primeiras temporadas se encontram disponíveis na Netflix e também já foi renovada para sua quarta temporada, não precisamos nos preocupar, por enquanto. E você, já deu um jeitinho para assistir Young Justice: Outsiders? A terceira temporada está disponível apenas no DC Universe.