No início dos anos 70, após o movimento contracultura da década anterior, em que jovens lutaram por mudanças socioeconômicas, buscando criar novos valores e ideais, muitos passaram a ter uma visão mais aberta sobre a religião e suas crenças, inclusive, mesclando crenças espirituais e filosóficas de culturas de outras partes do mundo. Esse movimento incluía a reflexão sobre o bem e o mal e seus representantes.
A indústria cinematográfica não fechou os olhos para estas mudanças e também passou por uma revolução. Vários subgêneros do terror ganharam força, o “horror religioso”, por exemplo, gerou fascínio e se tornou extremamente popular ao trazer histórias baseadas em “fatos reais”. A década também foi marcada pelo vírus da AIDS, o medo da doença foi refletido em obras, principalmente de ficção cientifica e horror corporal, que tratavam de parasitas, infecções e mutações.
Atualmente, o terror é gênero bem disseminado, mas longas da década de 70 foram considerados revolucionários, verdadeiros marcos. Confira abaixo uma lista de cinco clássicos da época:
O Sangue de Drácula (1970)
O Sangue de Drácula é considerado um dos mais interessantes longas da franquia da produtora britânica Hammer e traz, pela quarta vez, Christopher Lee esbanjando charme no papel do Príncipe das Trevas. Na trama, três velhos amigos ingleses e um jovem lorde realizam um ritual de magia negra para ressuscitar Drácula. Portando os restos mortais do vampiro, o lorde mistura seu sangue com as cinzas da criatura e bebe o composto. Os amigos observam enquanto o jovem começa a passar mal. Assustados, eles o espancam e fogem sem saber que o corpo do rapaz daria vida a Drácula. O vampiro promete matar o trio e para isso usará os filhos deles para fazer o trabalho.
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A Casa que Pingava Sangue (1971)
A busca de um inspetor da Scotland Yard por uma estrela de cinema desaparecida o leva a uma casa mal-assombrada. No local, ele é apresentado a quatro contos de terror – escritos pelo autor de Psicose, Robert Bloch, e estrelados pelos icônicos Peter Cushing, Christopher Lee (sim, ele de novo!) e Ingrid Pitt.
Todas as quatro histórias se concentram nos destinos misteriosos dos inquilinos que alugaram a mansão ao longo dos anos. No primeiro conto, o escritor Charles Hillyer e sua mulher vão morar na casa onde ele passa a ser perseguido por Dominik, um personagem assassino de seu último livro.
O Homem de Palha (1973)
O Rotten Tomatoes dá a este thriller de terror uma pontuação crítica de 89% e uma pontuação de audiência de 83%. A história começa com a investigação de uma criança desaparecida, expondo os segredos de uma cidade escocesa em torno de rituais pagãos e estranho comportamento sexual. Esse horror folk britânico criado por Anthony Shaffer e Robin Hardy influenciou a cultura pop, como visto no videoclipe “Burn The Witch” da banda britânica Radiohead.
O filme possui elementos de fantasia e horror e conta a história do sargento Howie, um investigador que procura por uma menina desaparecida em uma pequena comunidade isolada na costa oeste da Escócia. Durante a investigação, o policial moralista se choca com os costumes do local onde casais fazem sexo ao ar livre e mulheres dançam nuas em rituais religiosos.
Carrie, a Estranha (1976)
Dirigido pelo grande cineasta Brian de Palma, Carrie, A Estranha é considerado um dos maiores clássicos do gênero do terror. Na trama, acompanhamos a tímida Carrie, uma adolescente atormentada pelos colegas da escola e por sua mãe Margaret, uma fanática religiosa que controla e castiga a filha por acreditar que seu comportamento é pecaminoso. Durante a história, Carrie descobre estranhos poderes e em um momento de fúria, decide usá-los para se vingar dos que lhe fizeram mal.
O filme recebeu duas indicações ao Oscar, o de Melhor Atriz e Melhor Atriz Coadjuvante.
A Profecia (1976)
O longa de Richard Donner aborda o tema relacionado à figura maligna do diabo usando uma criança por intermédio. Na trama, Kathy dá à luz a uma criança morta, com receio de que sua esposa não suporte a perda, Gregory adota em segredo outro bebê para substituir seu filho. Damien cresce e se torna um menino doce e saudável, mas no seu aniversário de cinco anos coisas estranhas e perturbadoras começam a acontecer.
Com excelente direção, um roteiro bem-sucedido e uma trilha sonora impecável, o longa figura nos primeiros lugares nas listas de melhores filmes de horror do cinema. Isso porque apresenta vários argumentos que induzem o público a acreditar que o menino é filho do demônio, justificando os acontecimentos e as atitudes de vários personagens, mas, ao mesmo tempo, todas as premissas podem ser questionadas, levando o espectador a uma leitura psicológica de todo o enredo em que as situações podem ser atribuídas à pura coincidência.
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