CRÍTICA – A Luz no Fim do Mundo (2019, Casey Affleck)

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CRÍTICA - A Luz no Fim do Mundo (2019, Casey Affleck)

Hollywood conta com diversos filmes e séries pós-apocalípticas, alguns de seus melhores exemplos são Mad Max, The Walking Dead, Um Lugar Silencioso, Birdbox, Jogos Vorazes, dentre tantos outros, a lista é imensa e já foram abordadas diversas temáticas sobre o gênero. Entretanto, Casey Affleck, que dirige, roteiriza e protagoniza A Luz do Fim do Mundo pensou de uma forma um pouco menos usual: exterminou as mulheres da Terra! A ideia em si é interessante, pois pensando de uma forma lógica, perdermos metade da população mundial ou uma boa parte dela, seja feminina ou masculina, seria catastrófica em diversos pontos na nossa sociedade. E Mad Max: A Estrada da Fúria nos comprova com maestria isso. Todavia, Affleck falha miseravelmente com uma história cafona e parada, com diálogos expositivos demais e até um constrangedor “mea culpa” por seus atos constatados nos bastidores.

Para quem não lembra, Casey Affleck foi acusado por diversas mulheres de assédio sexual, colocando o ator na geladeira por três anos depois de ter ganho um Oscar por Manchester à Beira-Mar, algo que deveria ter dado um “boom” em sua carreira, mas por causa de suas ações, ele acabou esquecido.

O longa conta a história de um pai (Casey Affleck) que perde sua esposa (Elisabeth Moss) após um vírus mortal exterminar a maioria das mulheres do planeta. A única sobrevivente é a filha de Casey (Anna Pniowsky), uma pré-adolescente que vive nas sombras para que não seja pega e vire alvo da perversidade dos homens que restaram, uma premissa que poderia nos prender, no entanto, as falhas do roteiro e incoerências narrativas nos fazem ficar lutando contra o sono por quase duas horas.

Anna Pniowsky e Casey Affleck.

A primeira, e mais gritante talvez, é de que os homens vivem em comunidades quase coloniais, racionando alimentos, muitas vezes sem energia elétrica e sem tecnologia ou armas. Sabemos que o fato de não termos mais a presença feminina que equilibra e melhora a sociedade em que vivemos faria dos homens selvagens em alguns aspectos, nos matando aos montes por diversos motivos, alguns sem razão alguma, porém, não existem mais cientistas, engenheiros, médicos e pessoas que possam manter tudo no eixo? Como o mundo ficou tão devastado a ponto de não ter nada que faça esses homens se manterem firmes e coerentes? Esse fato é algo que incomoda muito o espectador mais atento, uma vez que é um absurdo faltarem recursos e tais tecnologias e serviços básicos num planeta com pessoas capazes de mantê-los.



O segundo aspecto negativo do longa são seus diálogos intermináveis e trama extremamente sonolenta. O filme fica em um marasmo gigante e só tem algum movimento brevemente no segundo e no terceiro ato.

A escolha do enfoque do relacionamento entre pai e filha num mundo tão duro seria mais positivo para a trama se não fosse tão repetitivo e artificial, culpa de uma direção ruim e de um roteiro preguiçoso que se auto explica o tempo inteiro.

As atuações são boas, Affleck quando está sozinho em cena, nos passa suas angústias, tornando críveis seus anseios e medos de perder a filha a qualquer momento, se preocupando a cada segundo com ela. Anna Pniowsky entrega uma atuação segura num papel que possui dificuldade: uma menina que está crescendo e que tem que amadurecer obrigatoriamente, não podendo desfrutar dos prazeres da infância, ao mesmo tempo em que começa a ter um pensamento mais crítico em sua puberdade, formando um caráter e uma personalidade forte, algo que a atriz nos mostra com eficácia no seu tempo de tela. Elisabeth Moss faz uma ponta tão insignificante que poderia ter ficado de fora do filme.

Com uma trama fraca e cafona, A Luz no Fim do Mundo é um longa esquecível e sem brilho, com pouca inspiração e que não vale o valor do ingresso.

Nossa nota


Assista ao trailer legendado:

A Luz no Fim do Mundo chega aos cinemas nesta quinta (17).

Nota do público
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