CRÍTICA – Amor, Sublime Amor (2021, Steven Spielberg)

    Amor, Sublime Amor (West Side Story) é um musical de sucesso da Broadway que em 1961 ganhou sua primeira adaptação para os cinemas com direção de Robert Wise e Jerome Robbins. Na época, o longa ganhou 10 Oscars, entre eles, de Melhor Filme, Direção e Atriz Coadjuvante. 

    A nova versão de Amor, Sublime Amor, que estreia no dia 9 de dezembro, é dirigida por Steven Spielberg (Jogador Número 1) e roteirizada por Tony Kushner (Lincoln).

    No elenco estão Ansel Elgort, Rachel Zegler, Ariana DeBose, Mike Faist e Rita Moreno.

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    SINOPSE

    Na Nova York de 1957, as gangues Jets, estadunidenses brancos, e os Sharks, porto-riquenhos, são rivais que tentam controlar o bairro de Upper West Side. Maria (Rachel Zegler) acaba de chegar à cidade para seu casamento arranjado com Chino (Josh Andrés Rivera), algo ao qual ela não está muito animada. Quando em uma festa a jovem se apaixona por Tony (Ansel Elgort), ela precisará enfrentar um grande problema, pois ambos fazem parte de gangues rivais; Maria dos Sharks e Tony dos Jets.

    ANÁLISE

    Certamente, 2021 foi um ano surpreendente para os musicais no cinema. Com produções como In The Heights e Tick Tick.. Boom agraciando os fãs da Broadway, ou até mesmo, filmes como Querido Evan Hansen e Cinderela deixando a desejar, o fato é que o cinema foi bem servido pela cantoria e números de dança. Por isso, a nova adaptação de Amor, Sublime Amor cai em hall de estranheza: ao passo que é um musical, tenta também não ser. 

    Isto é, as músicas compostas por Leonard Bernstein e pelo letrista Stephen Sondheim (falecido em novembro) estão todas ali e provocam certo impacto à medida que o espectador se envolve com a trama. Mas, o diretor Steven Spielberg apela para um lado muito mais dramático em Amor, Sublime Amor. De forma a criar uma história nua e crua, com pouco espaço para o balé e o efeito musical. 

    Talvez, Amor, Sublime Amor não seja um musical completo pelo fato de ser o primeiro dirigido pelo grande diretor que, ao longo de sua carreira, sempre se desafiou nos mais diversos gêneros. Ou, talvez, a condução do roteirista Tony Kushner, que já trabalhou duas vezes com Spielberg, seja amena demais e sem grandes momentos significantes para os personagens principais. 

    CRÍTICA - Amor, Sublime Amor (2021, Steven Spielberg)

    Dessa forma, não existe um fator certo que evidencie o porquê dessa nova adaptação ser insossa. Para criar grandes musicais no cinema, não precisa necessariamente ser um grande fã da Broadway, mas precisa minimamente estar interessado em fazer isso. Creio ser o que falta para a versão de Spielberg e Kushner. 

    Dito isso, é imprescindível o quanto tecnicamente Amor, Sublime Amor tem a oferecer ao público. O trabalho de design de produção de Adam Stockhausen recria uma Nova York do final da década de 50, suja e decadente. De forma a tornar o cenário um palco para os atores, onde passos de dança levantam poeiras de escombros e números musicais são feitos nas escadas de incêndio dos prédios.

    Sendo assim, quando o roteiro permite que os números musicais efervescem a tela e criem legítimas cenas de dança e música hipnotizantes, sem dúvida são os melhores momentos do filme. Vide a cena do baile, onde os ritmos porto-riquenhos dominam a atmosfera e garantem uma bela performance.

    Os destaques 

    Muito se falou sobre a verdadeira necessidade de uma nova adaptação de Amor, Sublime Amor. Visto que, o filme de 1961 entregava tudo que esse musical poderia querer no cinema. Contudo, talvez mais do que a própria história, a nova versão busque fazer uma leitura adequada para o século XXI. 

    Na trama, suas gangues rivais de Nova York lutam pela oportunidade de dominar o território. Os Jets, norte-americanos fracassados e podres; e os Sharks, os imigrantes porto-riquenhos que vieram tentar uma nova vida no país. Acima dessa rixa – já que para os Jets, os porto-riquenhos estão roubando sua cidade -, existe o Estado. 

    Não é de hoje que a gentrificação existe em Nova York e o filme aborda o momento em que as comunidades foram expulsas para a construção do Lincoln Center, um complexo que funciona como sede de companhias artísticas. Em um fala, Riff (Mike Faist), líder dos Jets, diz que não conhece mais a cidade e nem as pessoas que moram nela. 

    O filme também trata, de forma sútil, sobre a xenofobia com os imigrantes latinos – na cena inicial, os Jets destroem a bandeira de Porto Rico exposta em um muro. Dessa forma, existe um debate sobre imigração, gentrificação, machismo e xenofobia no longa que se acentua com a representação dos personagens.

    No primeiro filme de 1961, a personagem Maria, que é porto-riquenha, foi vivida por Natalie Wood, que é de origem russa e a única personagem de fato com descendência latina era Rita Moreno como Anita – e que nessa nova adaptação vive Valentina. Logo, essa nova adaptação se faz extremamente essencial para reformular esses papéis de forma apropriada. 

    Por isso, temos uma nova Maria tão intensamente vivida por Rachel Zegler, cuja mãe é de origem colombiana; o irmão de Maria e líder dos Sharks, Bernardo, vivido por David Alvarez é de origem de cubana; e a nova Anita incrivelmente vivida por Ariana DeBose é filha de um imigrante de Porto Rico. 

    CRÍTICA - Amor, Sublime Amor (2021, Steven Spielberg)

    Sendo assim, este é um elenco que representa o verdadeiro significado dessa história. Não à toa, a mescla entre o inglês e o espanhol no filme funciona, e a produção optou até mesmo por não legendar as partes em espanhol. 

    Por último, sobre os atores, Rachel Zegler e Ariana DeBose brilham tanto juntas, como separadas ao longo da história; em uma cena em conjunto a dupla integra um belo dueto. Já Mike Faist como Riff é sem dúvida o coração no filme, ainda mais que Ansel Elgort integra um Tony apático. 

    Amor, Sublime Amor é um filme atualizado, seja pelos personagens de origem latina ou pela inclusão de um artista não binário, Isis Iris Menas para viver o garoto Anybodys. Dessa maneira, representa uma leitura contemporânea que se interessa muito mais pelo drama Romeu e Julieta da obra, do que pela sua parte musical. Contudo, é uma grande experiência cinematográfica que de certa forma, faz o espectador ficar colado na cadeira e atento a cada detalhe. 

    VEREDITO

    Amor, Sublime Amor é deixar o encanto musical para dar espaço a um drama mais realista, sendo uma grande produção que reformula um dos maiores musicais da Broadway e um filme que levou 10 Oscar. Uma tarefa nada fácil, mas que ganha certa notoriedade e singularidade quando pensado como uma obra de Steven Spielberg. 

    Nossa nota

    4,0 / 5,0

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