CRÍTICA – Tick, Tick… BOOM! (2021, Lin Manuel Miranda)

    Tick, Tick… BOOM! é uma biografia do dramaturgo Jonathan Larson e autor do musical de sucesso da Broadway, “Rent”. O longa acompanha um período da carreira do compositor, cinco anos antes de sua trágica morte. O musical chega à Netflix no dia 19 de novembro.

    O filme é uma adaptação de uma peça autobiográfica escrita por Jonathan em 1991 chamada originalmente de “30/90” e posteriormente de “Tick, Tick.. BOOM”. Agora como filme é a primeira produção dirigida por Lin Manuel Miranda (Hamilton, In The Heights) com roteiro de Steven Levenson. No elenco estão Andrew Garfield, Vanessa Hudgens e Bradley Whitford.


    SINOPSE

    Jon (Andrew Garfield) é um jovem compositor que trabalha como garçom em Nova York, enquanto sonha em escrever um grande musical americano que vai o levar ao estrelato. Quando seu colega de quarto aceita um emprego corporativo e está prestes a se mudar, próximo ao seu aniversário de 30 anos, Jon é tomado pela ansiedade de que seu sonho é irreal e não vale a pena continuar lutando.


    ANÁLISE

    O caminho para o sucesso pode ser muito cruel e até mesmo desacreditar os maiores sonhadores, mas para Jonathan Larson desistir parece nunca ter sido uma opção. O compositor e escritor infelizmente não viu suas peças ganharem prestígio, mas tinha uma espécie de fé em si mesmo que o levou a não abandonar sua música, quando todos à sua volta pareciam estar em outra direção.

    O musical da Netflix, dirigido pelo incrível Lin Manuel Miranda, explora esse potencial de Larson ignorado pela Broadway, na medida que apresenta uma produção lúdica e intimista. O espectador se vê nos anos 90, tanto em estética, como em mente e acompanha aqueles que foram os anos decisivos para o artista.

    Nesse sentido, o longa é uma adaptação da peça autobiográfica do dramaturgo, na qual Larson interpretava todos os papéis acompanhado de um piano e uma pequena banda. No musical, o artista fazia um monólogo para contar as decepções e alegrias de sua vida, quando estava prestes a completar 30 anos e aparentemente sem nenhuma obra de sucesso.

    No filme, Jonathan (Andrew Garfield) e os amigos tentam ganhar a vida em Nova York, entre sonhos e contas para pagar, o compositor trabalha meio período em uma lanchonete. Enquanto sua namorada Susan (Alexandra Shipp), decide largar o sonho de se tornar dançarina para pegar um emprego em uma escola, e seu amigo Michael (Robin de Jesús), larga a atuação para trabalhar em uma empresa de marketing.

    Logo, ele parece ser o único que ainda têm forças para ir atrás de seus objetivos, mas reconhece que todo o seu esforço pode vir a dar em nada. Para Jonathan, o tempo se torna crucial e a pressão dos 30 anos é esmagadora, ainda mais que o artista passou oito anos escrevendo um musical que foi visto com potencial, mas que acabou caindo no esquecimento.

    O longa de Miranda acompanha esses anos, entre o workshop de Superbia, musical de Jonathan que nunca foi produzido, mas que colocou seu nome em evidência e o preparou para Rent. Essa última foi sua peça sobre artistas de Nova York nos anos 80 que precisam lidar com falta de dinheiro e sonhos não realizados, a show também tratou sobre a AIDS, drogas e a homossexualidade. A produção entrou na Broadway um dia depois de Jonathan falecer de uma dissecção aórtica, que se acredita ter sido causada por síndrome de Marfan.

    Dessa forma, o dramaturgo construiu seu legado e propôs a Broadway uma nova forma de ver os artistas da cidade que gostariam de apenas uma oportunidade. Jonathan era um visionário, um artista completo que enxergava música em todos os lugares e que tinha uma capacidade incrível de criação.


    DIREÇÃO E ATUAÇÕES

    É um tanto significativo que o primeiro filme dirigido por Lin Manuel Miranda trate da figura de Jonathan Larson. Miranda sempre admirou muito o artista e seu longa, além de honrar a memória de Jonathan também, de certa forma, trata do próprio diretor.

    Logo, é indiscutível a semelhança entre as carreiras de Larson e Miranda, já que ambos buscaram a vida toda um certo reconhecimento que veio de diferentes maneiras a cada um. Mas, longe de querer chamar a atenção para si, Miranda dá voz aos anseios e desejos do artista já falecido.

    Dessa forma, têm-se uma produção energética e revigorante acompanhada de músicas incríveis compostas por Larson, e uma montagem que mistura cenas do monólogo do artista com os acontecimentos de sua vida. Por isso, ao mesmo tempo que Tick, Tick… BOOM! é um filme desafiante, ele também expressa uma certa singularidade e uma experiência única que só a Broadway atrelada ao audiovisual pode proporcionar.

    Em parte, isso se dá pelo incrível trabalho que Miranda tem feito para reformular a relação entre peças musicais e o cinema. Da mesma forma, é necessário falar da potente atuação de Andrew Garfield que dá vida a Jonathan Larson de forma emocionante. O ator não só se aparenta com o dramaturgo, como interpreta suas canções com uma grandiosa força.

    Seus companheiros de tela estão igualmente bem, dando destaque para Bradley Whitford na figura do compositor e mentor Stephen Sondheim, que mais em presença do que em palavras, tem momentos bastantes significativos para atuação de Garfield como Larson.

    Dessa forma, “Tick, Tick.. BOOM!” se configura como uma das melhores filmes de 2021 e não seria surpresa se recebesse alguma indicação para Garfield no Oscar. Para mais, também traz outra faceta do artista completo que é Lin Manuel Miranda. A produção evidencia a Nova York dos artistas, onde os sonhos nunca morrem. Uma ótima forma de homenagear a memoria de Jonathan Larson.

    VEREDITO

    Tick, Tick.. BOOM! apresenta um visual único e impressionante, misturando o que há de melhor nas peças musicais e no cinema. A direção de Miranda e a atuação de Garfield são o ponto chave para dar asas a essa belíssima história.

    Nossa nota

    5,0 / 5,0

    Assista ao trailer:

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