CRÍTICA – Até os Ossos (2022, Luca Guadagnino)

    Até os Ossos (Bones and All) é a adaptação de Luca Guadagnino e David Kajganich para o romance homônimo escrito por Camille DeAngelis. O longa traz em seu elenco os nomes Timothée Chalamet, Taylor Russell, Mark Rylance, Chloë Sevigny e Michael Stuhlbarg.

    O filme já está disponível em sessões especiais nos cinemas de todo o Brasil. Confira nossa crítica sem spoilers.

    SINOPSE DE ATÉ OS OSSOS

    O amor floresce entre um casal enquanto eles embarcam em uma odisseia pelas estradas da América do Norte.

    ANÁLISE

    Se você ler apenas a sinopse de Até os Ossos, irá pensar que esse é mais um road movie romântico protagonizado por um dos atores mais famosos da atualidade. Entretanto, o longa se diferencia por sua temática um tanto peculiar.

    Dirigido por Luca Guadagnino, diretor do indicado ao Oscar “Me Chame pelo seu Nome” e da série “We are Who We are” da HBO, a produção já nasceu com status de grande concorrente às próximas premiações. O longa arrebatou dois prêmios no Festival de Veneza deste ano, incluindo um Silver Lion de Melhor Direção para Guadagnino.

    O fato de Guadagnino trabalhar novamente com Chalamet também chama a atenção do público e da crítica. Afinal, a dobradinha anterior rendeu bons frutos, com “Me Chame pelo seu Nome” se tornando um instantâneo clássico cult.

    Até os Ossos é roteirizado por David Kajganich, que se baseia na obra homônima lançada por Camille DeAngelis. Na história, Maren (Taylor Russell) vive uma vida comum com seu pai Frank (André Holland), até que uma situação acaba os afastando e fazendo com que Maren trilhe seu caminho em busca de respostas.

    Durante sua jornada para reencontrar sua mãe Janelle (Chloë Sevigny), Maren esbarra em diversos personagens distintos, cada um com sua própria história. É em uma dessas andanças que ela conhece Lee (Timothée Chalamet), um jovem andarilho que também possui problemas familiares e que ajudará Maren a se desenvolver por meio de uma conexão específica.

    O roteiro de David Kajganich transita diversas vezes entre o suspense, o drama e o romance. É possível se sentir envolvido e intrigado pela história de Lee e Maren, dois jovens que pouco sabem sobre a vida e que buscam uma conexão real, e sincera, em um mundo bem estranho.

    Taylor Russel está ótima em cena, sendo um dos destaques da produção. A atriz iniciante se sai muito bem ao lado de Chalamet, e ambos conseguem conduzir a trama sem que se torne algo cansativo ou repetitivo. Entretanto, a atuação que em nenhum momento abandonou a minha memória após a exibição do longa foi a de Mark Rylance.

    Mark Rylance é arrebatador. Seu personagem Sully transita entre o ingênuo e o amedrontador sem, necessariamente, fazer algum movimento ou ato agressivo para isso. Sua presença em cena é surpreendente e o desenrolar da história de seu personagem é um dos pontos que eu gostaria que tivesse um aprofundamento maior.

    CRÍTICA - Até os Ossos (2022, Luca Guadagnino)

    Por se tratar de um road movie, a produção transita por diversos cenários distintos, com a facilidade de introduzir personagens sem a necessidade de mantê-los por perto por muito tempo. Desta forma, o filme realmente se concentra nas atuações de Russel e Chalamet, o que eu acredito que funciona muito bem.

    A montagem de Até os Ossos ajuda muito no ritmo da história. Com duas horas e 11 minutos de duração, e diversos altos e baixos na trama, o longa entretém bastante e você quase não percebe o tempo em que permaneceu no cinema.

    O longa de Guadagnino possui vários pontos positivos, mas acredito que seja os diversos ápices de situações e sua sensação de urgência que causem o maior impacto. Há sempre um suspense no ar, mesmo nos momentos mais dramáticos, e a produção consegue tomar caminhos pouco óbvios em alguns arcos.

    Entretanto, a finalização de Até os Ossos é bem previsível. Mesmo graficamente impactante, o encerramento talvez seja o ponto menos inspirado do roteiro, e a falta de um pouco mais de tempo dedicado a outros personagens acaba sendo também um problema nesse sentido.

    Mesmo assim, Até os Ossos é uma boa adição a filmografia de Guadagnino, colocando o diretor como um dos grandes destaques da sua geração. Para algumas pessoas pode ser que o filme pareça uma eterna busca por alcançar um ápice grandioso, mas são os pequenos momentos entre os protagonistas, e o desenrolar de sua relação, que realmente tornam a produção interessante.

    VEREDITO

    Em uma viagem incomum, Até os Ossos conduz o espectador por momentos de suspense, terror e drama de uma forma natural. As atuações estão no ponto, sendo Mark Rylance o grande nome da produção. A direção de Guadagnino está impecável e consegue extrair o melhor do roteiro de David Kajganich.

    Nossa nota

    4,0 / 5,0

    Assista ao trailer:

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