No ritmo do mês das mães, na primeira quinta após a data comemorativa, resolvi trazer I Am Mother para a nossa editoria semanal. Apesar do que o nome indica, o longa da Netflix não é sobre a maternidade que estamos acostumados.
O elenco conta com Clara Rugaard, Rose Byrne e Hilary Swank (Away).
SINOPSE
A humanidade está à beira da extinção, mas uma robô cria uma garota em uma base remota para dar uma segunda chance à humanidade. Isso é o que a jovem acreditava até que outra humana chega no lugar e faz com que ela questione tudo o que acreditava.
ANÁLISE
Quem acompanha meus conteúdos por aqui sabe que qualquer produção que passe um pouco a linha do suspense eu já pulo fora, mas o suspense de I Am Mother me cativou. O filme é cheio de referências pontuais que criam a narrativa por meio de indícios. É necessário prestar atenção para entender tudo que Grant Sputore e Michael Lloyd Green (o roteirista) propusera nesta obra.
Ao longo das quase 2 horas de filme, vemos apenas 3 personagens serem desenvolvidas efetivamente. A Filha, interpretada pela jovem dinamarquesa Clara Rugaard, a Mulher, interpretada pela aclamada Hilary Swank, e a Mãe (Rose Byrne), a inteligência artificial responsável pela recriação da humanidade. Tão poucas personagens poderia causar tédio, mas não teve um momento sequer que eu não tenha ficado na ponta do sofá.
“Mães precisam de tempo para aprender. Criar um bom filho não é uma tarefa fácil”
I Am Mother mescla ficção científica, filosofia e ética em uma atmosfera pós-apocalíptica com uma habilidade incrível. A personalidade da Filha é moldada através de vários inputs específicos que a Mãe oferece, mas existem experiências que ela só conseguiria através do contato com outro ser humano.
A própria inteligência artifical reconhece suas limitações na geração de um ser humano adequado para reconstruir a raça humana. E para isto, não poupa esforços na construção de sua estratégia. O pragmatismo da Mãe pode soar maléfico, mas não passam de atitudes tomadas por uma estrutura sem sentimentos ou moral, voltadas para o único fim de desenvolver uma humanidade funcional.
Aparentemente a inteligência artificial não leu Aldous Huxley e segue entendendo que os fins justificam, sim, os meios, e toma algumas atitudes bastante arbitrárias a fim de desenvolver a humana mais adequada para ser, de fato, a Mãe da recriação da humanidade.
VEREDITO
A soma de elementos, a fotografia, a inteligência com que o longa apresenta a passagem de tempo, a variação em tela dos indivíduos desenvolvidos pela Mãe; tudo é meticulosamente criado.
I Am Mother surpreende por não ter tido o destaque merecido em seu ano de estreia. Até mesmo a escolha das atrizes é elemento fundamental desta criação. Mais do que falar sobre maternidade, o filme fala sobre a construção moral de indivíduos e da necessidade de socialização para seu completo desenvolvimento.
Agora, ainda mais, a produção se torna relevante devido a discussão sobre as capacidades e os limites que devem ser impostos às inteligências artificiais. Certamente, a recomendação é forte para quem curte ficção científica e discussões filosóficas.
5,0 / 5,0
Confira o trailer de I Am Mother:
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