CRÍTICA – Não! Não Olhe! (2022, Jordan Peele)

    Não! Não Olhe! é o novo filme do aclamado diretor Jordan Peele (Corra! e Nós) que chega aos cinemas dia 25 de agosto. Além de dirigir, Peele é roteirista e produtor executivo do longa. No elenco estão Daniel Kaluuya, Keke Palmer, Steven Yeun e Brandon Perea.

    SINOPSE

    Uma dupla de irmãos, Otis Jr (Daniel Kaluuya) e Emerald (Keke Palmer) possuem um rancho de cavalos e são vizinhos de um parque de diversões inspirado no velho oeste que é comandado por Ricky Jupe Park (Steven Yeun). Os dois então são testemunhas de eventos bizarros no céu de sua propriedade. 

    ANÁLISE

    Para falar de Não! Não Olhe! primeiro é preciso tirar o elefante da sala, todos querem saber se Jordan Peele acertou mais uma vez e a resposta é simples: Sim. Mas, seu mais novo longa não é nada igual aos seus antecessores. Neste filme, Peele apresenta novos conceitos e implica novas percepções, mas sem se desfazer do seu clássico horror social. 

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    Apesar de ser vendido como um filme de horror, a produção brinca com diferentes gêneros, entre eles está o suspense, a aventura e a comédia. É uma subversão interessante que possibilita criar vários sentimentos ao longo do filme. Não à toa, parece que a verdadeira pretensão de Jordan Peele está em criar uma obra que aborda o conceito de espetáculo em sua pior forma. 

    Daniel Kaluuya como OJ e Keke Palmer como Em.

    Daniel Kaluuya vive um domador de cavalos chamado Otis Jr “OJ” Haywood, cujo pai morreu em circunstâncias estranhas. Logo, ele e a irmã, Emerald, interpretada por Keke Palmer, assumem o negócio da família que envolve treinar e cuidar de cavalos para produções de cinema em Hollywood. Enquanto OJ é mais reservado e tem uma postura recuada, Em é mais espontânea e extremamente comunicativa. 

    A dinâmica entre os irmãos é inegável, como se um suprisse a falta de aptidão do outro. É nessa relação que Jordan Peele foca sua história. Aos poucos, OJ e Em percebem que existe algo de estranho nos céus de sua fazenda. Uma nuvem que não se mexe há meses, parecido com um OVNI, vira um inimigo surpreendente e muito ameaçador. 

    Para pagar as contas, os irmãos decidem que irão capturar uma imagem do ser misterioso, afinal, eles estão em Hollywood. Porém, a tarefa se torna cada vez mais complicada, à medida que também tentam entender o que habita os céus. Essa contextualização é essencial para entender o principal ponto do longa, vivemos em uma sociedade do espetáculo, onde tudo se torna entretenimento para o capitalismo.  

    Dessa forma, Não! Não Olhe! é por si só um verdadeiro show de horrores e esplendor com direito a acrobacias dos céus. Se existe uma metalinguagem no longa, está no fato de Peele fazer de seu filme sua verdadeira crítica ao consumismo mórbido. Visto que, é extremamente difícil desviar os olhos quando o ser enigmático surge. 

    Steven Yeun como Rick Jupe Park.

    Esse conceito também está presente no personagem de Steven Yeun, Rick Jupe Park é um ex-ator mirim que presenciou um evento trágico quando criança, mas que fez disso uma atração em seu parque. Sendo assim, o longa trabalha com os limites de Hollywood e como o entretenimento se tornou extremamente comercial e macabro. Outros temas como representações na mídia, o sonho e as ilusões do estrelato aparecem para dar ênfase nas atitudes dos personagens que tentam comercializar em cima do OVNI.  

    Consequentemente, Não! Não Olhe! é o longa de Jordan Peele que menos fala diretamente sobre questões raciais, mas ainda assim elas estão presentes a todo o momento. Um porco no telhado de uma delegacia onde se lê “sheriff”, o olhar baixo de OJ sempre que é ameaçado por algo ou alguém que tem mais poder que ele, ou a explicação dos irmãos sobre serem descendentes do jóquei negro que protagonizou a primeira montagem de fotografias usadas para criar um filme no começo do século XX.  

    São reafirmações feitas em uma sociedade que ainda acredita na supremacia branca. Para além, Peele também introduz a representação do cowboy negro, tão esquecido pelos filmes de western, mas que é revisitado e memorizado em seu longa.

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    Já em quesitos técnicos, é visível que Não! Não Olhe! se baseia nos maiores, com alusões à Tubarão de Steven Spielberg e ao suspense frenético de Alfred Hitchcock. O longa cresce nas cenas externas com paisagens magníficas, mas o verdadeiro destaque está no céu que vira praticamente mais um ambiente de filmagem. Por outro lado, a trilha sonora de Michael Abels é essencial para a imersão no longa, principalmente nos momentos de suspense.

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    De fato, o diretor não erra em seu novo longa e cria uma obra para ouvir, assistir e sentir. É espetacular ver como esse cineasta cresce a cada filme e consegue contar histórias que dizem respeito a nossa instável sociedade, mas sempre com um maravilhoso toque surrealista. 

    VEREDITO

    Não! Não Olhe! é um filme definitivamente para assistir nos cinemas (eu sei, é uma afirmação enfadonha), mas o longa foi realmente pensado para o formato IMAX. Logo, tornando a experiência uma incrível viagem pela mente de Jordan Peele.

    Nossa nota

    5,0 / 5,0

    Assista ao trailer legendado:

    Não! Não Olhe! chega aos cinemas nesta quinta-feira, 25 de agosto.

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