CRÍTICA – Não Vamos Pagar Nada (2020, João Fonseca)

    João Fonseca – que foi diretor de espetáculos musicais como Tim Maia e Cazuza – tem sua estreia no cinema com Não Vamos Pagar Nada, uma adaptação da peça Non si paga! Non si paga!, de 1974, escrita pelo italiano Dario Fo, falecido em 2016.

    O longa da Globo Filmes chegou ao Telecine na última quinta-feira (15) e conta em seu elenco com nomes como Samantha Schmütz, Edmilson Filho, Flávia Reis, Leandro Soares, Fernando Caruso, Flávio Bauraqui, Paulinho Serra e o músico Criolo.

    SINOPSE

    Antônia (Samantha Schmütz) está desempregada e com dificuldades para comprar o básico. Quando vai ao mercado e descobre que os preços aumentaram, faz uma verdadeira revolução e todos levam os produtos sem pagar. Agora, ela precisa esconder o crime do marido João (Edmilson Filho) e da polícia (Fernando Caruso e Flávio Bauraqui), contando com a ajuda de sua melhor amiga Margarida (Flavia Reis) para resolver a confusão que causou.

    ANÁLISE

    Não Vamos Pagar Nada é um verdadeiro retrato da realidade de muitos brasileiros atualmente. Com o arroz e feijão se tornando “comida de rico” na vida real, todo o primeiro ato envolvendo o mercado e a revolução dos consumidores é envolto de um humor ácido que nos faz rir do absurdo. O clássico: “rindo pra não chorar” que muitos encaram em suas vidas.

    Por outro lado, o segundo e terceiro ato do longa são corridos e contam com personagens desinteressantes.

    VEREDITO

    Da esquerda para a direita: Edmilson Filho, Samantha Schmütz, Fernando Caruso e Flávio Bauraqui.

    Aqui temos uma boa dose de humor e Samantha Schmütz brilha em seu filme, mas o talento da atriz que já é conhecida pelo público por personagens marcantes como Juninho Play (Zorra Total) e Jéssica (Vai Que Cola) não é o suficiente para carregar o longa de João Fonseca por 1h25min.

    Os diálogos de Antônia com o investigador da Polícia Civil, vivido por Fernando Caruso dão a impressão de que todas as falas são no improviso; e o notório entrosamento dos atores muito provavelmente é graças aos muitos trabalhos que eles compartilham, incluindo Vai Que Cola.

    Por outro lado, os diálogos entre os atores João (Edmilson Filho) e o soldado da Polícia Militar (Flávio Bauraqui) beiram as dramatizações do finado programa de TV educacional Telecurso (1978-2014); o que é uma lástima e desperdício de talento, como o do premiado Bauraqui que possui um extenso currículo seja no teatro, cinema ou TV.

    Por falar em desperdício de talento, Paulinho Serra é outro nome que merecia mais tempo de tela e um roteiro melhor. O ator que dispensa apresentações, é o melhor açougueiro super coadjuvante que o longa poderia ter.

    Apesar de Leandro Soares me fazer reviver a época de quando eu assistia a série Morando Sozinho (2010-2012), do Multishow; seu personagem Luís, melhor amigo de João, não possui química com o colega de cena e não transmite veracidade. Uma pena.

    Não Vamos Pagar Nada é mais uma tentativa de fazer paródia com a realidade do país, infelizmente o filme escorrega em alguma casca de banana nas cenas finais do mercado e desanda.

    Nossa nota

    Assista ao trailer:

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