5 filmes para entender a nova era de horror no cinema nacional

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Cinema nacional: 25 filmes para você assistir e parar de criticar

Nos últimos anos, o cinema viu uma nova era de filmes de horror surgir no cenário brasileiro. Não que o cinema nacional de horror já não fosse um mar de ótimas produções, basta lembrar o primeiro filme de horror: À Meia-noite Levarei Sua Alma (1964) de José Mojica Marins, o famoso Zé do Caixão. Porém, há quem diga que tempos sombrios rendem filmes sombrios.

Nesse sentido, o cinema de horror sempre foi um porta voz do seu tempo. Parece natural que esses filmes representem o contexto social atual com produções repletas de alegorias e conceitos que buscam tratar da violência do dia a dia. Logo, é interessante ver que nem sempre esses filmes irão falar do terror que se conhece dos filmes de Hollywood, aqui busca-se o novo.

Essa nova onda de filmes de horror no cinema nacional vêm de uma nova geração de jovens cineastas que querem dar voz a uma linguagem própria e autoral. Sendo assim, o cinema de horror no Brasil cresce cada vez mais e se torna único na medida que esses jovens não se preocupam em imitar os filmes norte-americanos.

Por muitas vezes essas produções vão além do horror ou simplesmente, o usam como recurso para expressar outras preocupações. É o fato de não limitar as produções que contribui para uma vasta gama de filmes.

Dessa maneira, tem o terror tradicional com Morto Não Fala, o de slasher com O Animal Cordial, o existencialista com A Noite Amarela, o sanguinolento com O Clube dos Canibais e o de monstro com As Boas Maneiras. São produções distintas, mas que se apoiam em um único ponto: O Brasil.

Conheça cada um dos filmes para não perder essa Era de Ouro do cinema nacional!

AS BOAS MANEIRAS (2017)

as boas maneiras cinema nacionalAna (Marjorie Estiano) contrata Clara (Isabél Zuaa), uma solitária enfermeira moradora da periferia de São Paulo, para ser babá de seu filho ainda não nascido. Conforme a gravidez vai avançando, Ana começa a apresentar comportamentos cada vez mais estranhos.

As Boas Maneiras é um filme único em todo cenário de horror mundial, a mistura de fábula com temas como desigualdade revelam a potência deste filme que não pretende se apegar a uma definição.

É fato que os diretores, Juliana Rojas e Marco Dutra buscaram trazer um aspecto lúdico contando uma história de lobisomem. Porém, o que acontece em As Boas Maneiras é a vivência e o amparo entre mulheres, a responsabilidade e o medo de ser mãe e a raiva pelo desconhecido.

Desse modo, sua narrativa constrói uma experiência bem forte com as aparições do lobisomem. O CGI não é uma técnica muito usada no Brasil, talvez por isso, a beleza do filme está em não poupar esforços. Com atuações magníficas e um clima tenebroso, o sentimento de angústia e solidão chega ao espectador.

O ANIMAL CORDIAL (2017)

Inácio (Murilo Benício) é o dono de um restaurante de classe média que não gosta de seus funcionários. Quando o estabelecimento é assaltado com clientes ainda no local, Inácio e a garçonete Sara (Luciana Paes) embarcam em uma sangrenta matança.

Anotem esse nome: Gabriela Amaral Almeida. Em O Animal Cordial, a diretora e roteirista dá um show de simbolismo e tensão social. O longa pode confundir a primeira vista com os slashers americanos dos anos 80, contudo, sua trama se foca na construção de personagens totalmente contrários uns aos outros.

Existe uma crítica a classe social, etnia e gênero, mas Almeida conduz o debate de forma exemplar, o não dito se transforma em olhares e gestos. O clímax do filme está na coragem de potencializar seus personagens ao máximo. Dessa maneira, o sabor do amargo que permeia o longa até sua conclusão não é algo bonito, é repulsante, mas ao mesmo tempo hipnotizante.

A NOITE AMARELA (2019)

a noite amarela cinema nacionalUm grupo de adolescentes viaja para uma ilha do nordeste para comemorar a formatura do ensino médio. Chegando lá, alucinações e sonhos estranhos dão a sensação de que o lugar abriga algo horrível.

A Noite Amarela pode entrar naquelas caixinhas de filme existencialista que beira a fala de “filme de arte”. Entretanto, o longa oferece muito mais do que um discurso raso, é acima de tudo uma história sobre medo do futuro. O fim do ciclo da adolescência é visto como fantasmagórico no longa e mesmo se passando em uma praia, a sensação é claustrofóbica.

Desde o momento que os personagens chegam na ilha a imagética é totalmente posta a prova. A montagem contribui muito para o sentimento que o filme deseja passar, nos dois primeiros atos a inserção do irreal é sutil para que no terceiro ato acerte em cheio, construindo suspense e acima de tudo, medo do inevitável.

MORTO NÃO FALA (2019)

Stênio (Daniel de Oliveira) é plantonista noturno no necrotério de São Paulo, ele possui um dom paranormal de falar com os mortos. Quando as confidências que ouve dos mortos revelam segredos de sua própria vida, Stênio desencadeia uma maldição que traz perigo e morte.

O longa de Dennison Ramalho poderia se encaixar nos típicos filmes de fantasmas que trazem sustos e atormentam os personagens. Contudo, em Morto Não Fala, o thriller sobrenatural é ditado pelas experiências e consequências dos atos de Stênio. Ao quebrar uma de suas regras para não se envolver demais nas conversas dos mortos, ele cai em desgraça.

O filme é uma afirmação a Era de Ouro no cinema nacional. Visto que, o tema sobrenatural configura como pano de fundo para mostrar um homem fraco com problemas familiares. A ambientação na periferia de São Paulo, uma cidade extremamente dura, trás o explícito da violência cotidiana.

O CLUBE DOS CANIBAIS (2019)

Otávio (Tavinho Teixeira) e Gilda (Ana Luíza Rios) são da elite brasileira e membros do Clube dos Canibais. Os dois têm como hábito, comer seus funcionários. Quando Gilda acidentalmente descobre o segredo do líder do clube, ela acaba colocando sua vida e a de seu marido em perigo.

Com O Clube dos Canibais o gore renasce no cinema nacional. A extrema violência por diversão sempre traz um desconforto no público e não à toa, neste filme a sanguinolência é atrelada a uma crítica social. No Clube dos Canibais os patrões literalmente comem seus funcionários, é a mistura entre poder, sadismo e prazer que constrói a elite brasileira.

Logo, a representação do Brasil dos ricos é levado ao máximo, eles fazem o que fazem simplesmente porque podem. Porém, o filme implica em satirizar a classe rica e leva o longa para um momento que pode parecer clichê, mas que traz um certo alívio. De fato, O Clube dos Canibais reafirma que o Brasil não é para iniciantes. 

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