CRÍTICA – Perdi Meu Corpo (2019, Jérémy Clapin)

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CRÍTICA - Perdi Meu Corpo (2019, Jérémy Clapin)

Perdi Meu Corpo é uma animação francesa, originalmente chamada de J’ai Perdu Mon Corps, que vem chamando a atenção de diversos críticos nas últimas semanas. Depois de passar por diversos festivais ao longo do ano, o filme entrou na Netflix de vários países, incluindo o Brasil, no final de Novembro.

O longa de Jérémy Clapin conta a história de Naoufel, um garoto que perdeu os pais em um acidente de carro ainda quando criança. Agora adulto, trabalha como entregador em uma pizzaria e em uma de suas entregas acaba se apaixonando por uma das clientes, apenas conversando com ela pelo interfone. Naoufel agora tenta conquistar essa garota, chegando ao ponto de começar a trabalhar com o tio dela, mesmo sem ela saber quem ele é, a fim de se aproximar dela. Paralelamente, vemos a história de sua mão andando por Paris após a mesma ser decepada a procura de seu corpo original.

Você leu certo, temos também a história de uma mão em busca de seu corpo após ter sido decepada por um descuido. Sim, pode parecer um pouco macabra e um mórbida, porém a forma como é apresentada é muito interessante e com um ótimo traço. Além de original, o filme prende e instiga o espectador à chegada do ponto crucial da história que é saber como e por que aquilo aconteceu.

Nota-se que o filme se chama Eu Perdi Meu Corpo e não, Eu Perdi Minha Mão, trazendo assim, a própria mão como a protagonista em si em busca do que lhe foi tirado, a história é sobre alguém tentando se completar novamente. E é bem legal a forma como o filme vai construindo essa relação entre o garoto e sua própria mão.

Mesmo que o protagonista seja um pouco stalker, você consegue se afeiçoar a ele e torcer para que tudo dê certo. O longa também funciona muito bem em toda questão do luto e culpa que Naoufel carrega, trazendo uma carga dramática tocante que ajuda o espectador a se conectar.

Um ponto interessante dessa animação, que a difere das demais, e até foi ponto de discussão a pouco tempo na Internet, é o fato dela ser protagonizada por um negro que fica o tempo todo em seu corpo original, algo que não acontece muito nas animações da Disney. Geralmente, filmes da Disney protagonizados por pessoas negras ou de outras etnias, acabam se transformando em “outra coisa” ao longo do filme e isso acaba gerando incomodo em uma parcela de pessoas que são desses grupos. Mas é claro que existem exceções e que são ótimas por sinal.



A nova animação da Disney que será lançada ano que vem, Soulentra nessa problemática, assim como Viva – A Vida É uma Festa em que o protagonista, mexicano, passa a maior parte do filme maquiado de dia dos mortos. Contudo essa é uma discussão pra outra hora.

Perdi Meu Corpo é a estreia de Jérémy Clapin na direção e já começou muito bem. A animação tem uma média 81 no Metacritic e 96% de aprovação no Rotten Tomatoes. Ela também vem vencendo as favoritas Frozen II e Toy Story 4 em premiações de críticos nessas últimas semanas, em Los Angeles, Nova Iorque, San Diego e outros, além de uma das vencedoras desse ano em Cannes. Atualmente está disputando melhor animação no Critics Choices.

Será que essa notoriedade que o filme está ganhando nas últimas semanas vai ser o suficiente pra receber uma indicação ao Oscar? E quem sabe até vencer? Tá na hora de quebrar um pouco essa hegemonia da Disney nas animações. Pois qualidade esse filme tem.

Nossa nota

Assista ao trailer oficial:

Perdi Meu Corpo está disponível na Netflix. E você, já assistiu a animação? Deixe seus comentários e sua avaliação.

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