CRÍTICA – Sem Seu Sangue (2019, Alice Furtado)

    Sem Seu Sangue é o primeiro longa metragem da cineasta Alice Furtado. O filme foi exibido no Festival de Cannes de 2019 e ganhou salas lotadas no Festival Internacional de Cinema de Karlovy Vary.

    SINOPSE

    Silvia (Luiza Kosovski) é uma jovem introvertida que possui completo desinteresse pela própria rotina. Ela acredita ter encontrado em Artur (Juan Paiva) um sentimento que a faz sentir-se mais viva e menos tímida. Apesar de ser hemofílico, a sua força e vitalidade deixam Silvia completamente encantada, mas um grave acidente complica as coisas.

    ANÁLISE

    Não à toa o cinema brasileiro vem ganhando um grande espaço nos festivais internacionais e por consequência, se tornando tão prestigiado. Porém, apesar de apresentar um visual digno do cinema francês, Sem Seu Sangue carrega um roteiro fraco e previsível.

    Na trama, Silvia se apaixona por Artur, um jovem poeta e skatista que sofre de hemofilia. De forma lenta e sensorial é explorado o amor juvenil na tela. Furtado quer mostrar o quanto esses momentos parecem efêmeros na mesma medida que são novos para os adolescentes.

    A história segue com a morte abrupta de Artur. Logo, Silvia desenvolve uma doença estranha sem comer e vomitando sangue. Em nenhum momento temos a garota de fatos indo aos prantos, mas as primeiras expressões de vazio de Luiza Kosovski são bastante tangíveis. Porém, ao longo do filme tornam-se exaustivas.

    Logo, os pais de Silvia decidem ir para o litoral, a fim de ajudar na recuperação da filha. Nesse sentido, o filme dialoga com a experiência do luto e o poder desse sentimento. No local, Silvia conhece Matthieu (Nahuel Pérez Biscayart) que lhe conta sobre rituais para ressuscitar mortos. O longa de fato não assume o seu horror, optando por linha mais dramática.

    Contudo, a execução falha em planos muito longos e em utilizar a técnica de voice over. A diretora que já é conhecida por seus trabalhos com montagem perde ao querer repetidas vezes mostrar o rosto sofrido de Silvia. Já a técnica em voice over é extremamente desinteressante sendo mais incômoda do que contextualizada.

    Sendo assim, o filme ganha em sua direção de fotografia que promove sonhos iludidos em tom neon para sensibilizar a perda do amor juvenil. No meio para o fim do filme, temos a conclusão previsível de que Silvia irá ressuscitar Artur como um zumbi.

    Após o ritual, o garoto mata animais e pessoas. Consequentemente, o longa cresce em seu teor lúdico e nosferatu nos minutos finais. Visto que, essa vertente poderia ser tratado ao longo do filme. Sendo assim, Sem Seu Sangue termina onde deveria começar, deixando uma sensação frívola.

    VEREDITO

    Sem Seu Sangue não tem potencial, mas mostra toda criatividade de Alice Furtado. Certamente vale a pena ficar de olho nos próximos filmes da diretora.

    Nossa nota

    2,5 / 5,0

    Assista ao trailer do filme:

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