CRÍTICA – Venom (2018, Ruben Fleischer)

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Venom 2: Tom Hardy confirmado na continuação

Acompanhando o fluxo das adaptações de quadrinhos, Venom chega com uma árdua missão de conquistar o público com um personagem que originalmente é um vilão. A tarefa fica mais difícil ainda com a impossibilidade de aplicar o Homem-Aranha, que atualmente está no Universo Cinematográfico Marvel. A criação sobre um filme de origem, sem contar com a principal presença do seu oponente aracnídeo e os demais problemas encontrados no longa podem comprometer os planos da Sony Pictures futuramente.

Nos quadrinhos, já conhecemos a sua história: ao participar das Guerras Secretas, o Homem-Aranha encontrou um simbionte negro que aumentou seus poderes e lhe concedeu propriedades regenerativas. Porém, já na Terra, ao perceber que o simbionte afetava sua personalidade, tornando-o mais agressivo, acabou se separando dele. A forma de vida acabou por tomar o corpo de Eddie Brock, um jornalista fracassado que nutria ódio pelo Amigão da Vizinhança. O resultado foi Venom, introduzido em 1988 e desde então vem se tornado não só um dos maiores inimigos do herói aracnídeo mas também um anti-herói que com o tempo ganharia espaço na cultura pop.

Retornando ao filme, o longa-metragem tem um início chamativo. Conta a história de Eddie Brock (Tom Hardy), um jornalista investigativo que descobre o trabalho de uma polêmica corporação suspeita de usar humanos como cobaias em experimentos mortais. No entanto, Brock acaba pesquisando o que não deve e perde tudo o que tem; insistente, recomeça a analisar o que está acontecendo por lá, mas ele mesmo acaba se tornando uma vítima dos experimentos quando o simbionte Venom invade o seu corpo.

O roteiro é absolutamente precário e indeciso, trazendo momentos cômicos sem necessidade, diálogos fracos e sem ter preocupação com o destino da trama. O texto sofre para um certo tom ser definido, conectado por coincidência, decisões preocupantes e motivações fúteis.

A direção assinada por Ruben Fleischer (Zumbilândia) é limitada, em certos momentos você enxerga claramente que a sua performance não está alinhada com o roteiro, porém, ele consegue realizar alguns momentos de tensão para aproveitar ao máximo o visual do protagonista. A mistura dos gêneros chega de maneira aleatória e recheado de situações sem fim.

A questão da atuação de Tom Hardy divide opiniões. Não é, de fato, um dos seus trabalhos mais promissores. Mas ele mostra novamente que é um ator com grandes recursos e o seu esforço durante o filme é notável. Entretanto, é a interação dele com o Venom e a colaboração forçada entre os dois que se torna o ponto mais positivo do filme. 

Em relação as sequências de ação, é possível notar-se a falta de imaginação em algumas cenas. Se em um lado contém explosões e lutas que deixam bem evidente tudo ao que se resume a uma encenação, não há como negar que trata-se pelo menos de uma ação bem realizada. Porém, a luta final expande um excesso de CGI, tanto nos personagens quanto no cenário e não passa nenhuma noção de realidade para o espectador.

Venom é um filme que não empolga na ação, não oferece suspense, medo ou qualquer camada dramática. Ele tinha todos os elementos para ser um bom filme ao apostar em um visual mais fiel, porém, se perde no decorrer da trajetória com um conjunto de fatores que o lhe torna genérico e apressado em justificar os erros do passado.

Observações: O filme contém duas cenas pós-créditos. A primeira é um aquecimento para uma possível continuação com uma participação já esperada pelos fãs desse universo do simbionte. Enquanto a segunda cena aumenta a ansiedade para o próximo lançamento em relação ao universo do Homem-Aranha.

Avaliação: Razoável

Confira abaixo o trailer legendado:

Venom chegou aos cinemas dia 4 de outubro.