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CRÍTICA – Morbid: The Seven Acolytes (2020, Merge Games)

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CRÍTICA - Morbid: The Seven Acolytes (2020, Merge Games)

Nunca um jogo me impactou como Morbid: The Seven Acolytes. Preciso começar minha análise com esta constatação.

O jogo lançado no dia 03 de dezembro para PC e consoles (PS4, Switch e Xbox) nos mostra que o trabalho da desenvolvedora finlandesa Still Running, distribuído e publicado pela Merge Games, certamente é diferenciado. Para bons observadores, muitas referências são facilmente notadas. Inclusive, a inspiração em grandes games do gênero soulslike, bem como as expressas referências à obra de H. P. Lovecraft e David Cronenberg são gritantes.

Você pode achar que eu entenda como negativas as claras inspirações, mas não. A forma com que Morbid aborda e aproveita todos os fatores para fazer um RPG de ação único e diferente do que costumo ver por aí é incrível.

Ambientação

Assim como é praticamente regra na maioria dos jogos inspirados em Dark Souls, em Morbid: The Seven Acolytes somos convidados a explorar um mundo em decadência, com cenários de ruinas e recheados de criaturas grotescas (o que esperar de um jogo que bebe dos criadores de Chamado de Cthulhu e A Mosca, não é mesmo?).

A tendência da paleta de cores também se mantém como padrão, e talvez graças à inspiração em grandes ícones do terror, souberam explorar ainda melhor.

Desde o uso do verde na praia inicial, o jogo passa um ar de mistério, e vai tingindo a trama com um melancólico azul que contribui para a imersão na densa história. Tudo isto é acrescido às grandes doses de vermelho, com um gore que salta aos olhos, carregando bastante na temática violenta do jogo.

A experiência só não é mais pesada graças ao pixel art, que dá uma cara especial à Morbid, trazendo uma graça ao mundo de horrores que vivenciamos em Mornia, o território onde se passa o jogo. O detalhamento é muito bem trabalhado, trazendo uma certa nostalgia ao jogador, facilmente remetendo à clássicos dos videogames.

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Jogabilidade

Este provavelmente é um dos principais fatores do divertimento em Morbid: The Seven Acolytes. Para um RPG de ação ao estilo soulslike, ele é extremamente bem balanceado, com fatores de dificuldade não exagerados que acabam mais estressando do que desafiando.

O jogo te oferece dois tipos de estratégia para o combate: espadas, maças e machados para ataques em combate corpo a corpo e; pistolas e bestas para ataques à distância.

Para os combates em proximidade, temos um ataque rápido e um carregado. Não existe grande diferença entre ambos, já que o principal ponto aqui esta mais em encontrar o timing certo, ao invés de infligir o máximo de golpes. A mecânica de parry também é bastante comum, e se torna tão útil quanto a esquiva.

No entanto, o que diferencia este jogo dos demais é a forte dependência da stamina, a qual é consumida em praticamente qualquer ação, e pode te deixar totalmente vulnerável se mal administrada.

Além disto, os desenvolvedores apostaram em um recurso base das obras lovecraftianas: a sanidade. Uma das barras no hud do jogo é o seu medidor de sanidade, o que influencia diretamente nos níveis de dano (tanto o que você inflige quanto o recebido). Quanto menor a sua sanidade, menor o seu dano, e maior sua vulnerabilidade.

O inventário me fez uma clara alusão ao clássico Diablo II, tanto pela disposição em blocos quanto pela possibilidade de um set secundário. Sinceramente, é um fator muito bem empregado para colaborar na dificuldade, já que obriga à gerenciar mais criteriosamente o mesmo, mas nada que implique em um grande desafio.

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Dificuldades, monstros e chefes

Morbid, como já mencionado, tem um balanceamento muito confortável. Sua dificuldade é muito bem dosada, permitindo que o jogador sinta os desafios dentro de um limite onde ele não vai querer destruir o controle.

A propostas dos monstros e inimigos é bem elaborada, trazendo situações novas a cada nova criatura encontrada, agregando muito na proposta de estudar cada oponente para saber a melhor forma de contra atacar e sair vitorioso.

Os chefes principais são os 7 acólitos submetidos aos deuses maléficos conhecidos como Gahars, cada um com suas características e histórias bem montadas, e seguindo firmemente o padrão de morbidez elevado ao qual o jogo é comprometido. Caso não tenha problemas com spoilers, selecione o texto a seguir:

(haja vista Lady Tristana, que te ataca com a própria placenta).

Além dos principais, existem vários “mini chefes” que apesar de não serem fundamentais para a sequência do jogo (inclusive, encontram-se bem longe do caminho principal), trazem divertidos desafios, uma adequada inserção à lore do jogo em geral e principalmente, itens mais fortes para auxiliar na progressão.

VEREDITO

Morbid: The Seven Acolytes foi uma grata surpresa. Confesso que não esperava um jogo tão completo, ainda mais vindo de um gênero que já está se tornando saturado. Porém, o trabalho em pixel art, as toneladas de referências e a jogabilidade bastante agradável me fizeram investir mais tempo do que eu imaginava neste ótimo RPG de ação.

Não é um jogo perfeito, já que às vezes a total dependência da stamina e o seu esgotamento por quase qualquer ação tornam a dinâmica um pouco truncada, mas ainda assim não compromete o resultado da obra.

A beleza do grotesco e os desafios compensadores fazem com que a diversão em Morbid: The Seven Acolytes possa ser estendida por horas a fio, e ainda permite uma certa rejogabilidade, haja vista a gostosa sensação de sua gameplay.

4,0 / 5,0

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