CRÍTICA – Pokémon Legends: Arceus (2022, Nintendo)

    Pokémon Legends: Arceus é o primeiro título da linha principal de jogos desenvolvido pela Game Freak e publicado pela Nintendo a apresentar um RPG que foge da experiência tradicional apresentada pela franquia desde os primeiros games, em 1996.

    Lançado em 28 de janeiro de 2022, o novo jogo é exclusivo para Nintendo Switch. Confira nosso review.

    SINOPSE

    A ação e o RPG se encontram conforme a série Pokémon atinge uma nova fronteira. Explore a região de Hisui – a antiga Sinnoh, onde você embarca em missões partindo da base em Jubilife Village. O Mount Coronet ergue-se no centro, cercado por todos os lados por áreas distintas.

    Você está encarregado de estudar os Pokémon para completar a primeira Pokédex da região. Para isso, você precisará capturar Pokémon selvagens se aproximando sorrateiramente e lançando uma Poké Ball certeira. Você também pode jogar a Poké Ball contendo seu Pokémon aliado perto de um Pokémon selvagem para entrar na batalha automaticamente.

    ANÁLISE DE POKÉMON LEGENDS: ARCEUS

    É consenso que os RPGs de Pokémon precisavam de uma verdadeira renovada na experiência. Em Pokémon Legends: Arceus, a renovação na gameplay veio com muitos méritos, mas com gráficos polêmicos e outros quesitos que poderiam ser melhores.

    A nova fórmula da franquia começa acertando com a extensão do game. Somente com as missões principais você tem garantidas dezenas de horas de jogo. Acrescente a isso o tempo que você pode dedicar com side quests (as chamadas requests) e tarefas individuais de cada Pokémon do jogo, e é provável que você eleve o número para centenas.

    Por ser extenso e muito diferente do que os fãs de Pokémon estão acostumados, divido a seguir em tópicos para falar sobre pontos positivos e negativos de Pokémon Legends: Arceus.

    Pontos positivos de Pokémon Legends: Arceus

    Inovação, mecânicas e tutoriais

    É importante reforçar que Pokémon Legends: Arceus não é um jogo de mundo aberto. Entretanto, isso não significa que é um jogo com pouca exploração. Ao contrário, as missões e as regiões do mapa de Hisui trazem muitas novidades e, claro, muitos Pokémon para capturar.

    Os tutoriais de início são necessários para contextualizar quem não está habituado com jogos nesse estilo “quase mundo aberto”, especialmente aqueles que se acostumaram à fórmula tradicional dos outros RPGs da franquia. Reconheço que são longos no começo do jogo, mas entendo que são necessários e funcionam muito bem, pois as mecânicas são fáceis de aprender.

    Nesses tutoriais vale notar uma breve menção à tipagem dos Pokémon. Essa é uma informação batida para os fãs da franquia, que já sabem de cor as vantagens e desvantagens de cada tipo. O acréscimo dessa informação no primeiro jogo, diferente da linha principal de games, é um indicativo de que a Game Freak e a Nintendo miraram também no público consumidor de jogos de RPG, aventura e exploração que não são tão próximos de Pokémon.

    Acredito que fizeram corretamente, pois não toma tempo de quem já conhece essas informações, e a objetividade para informar isso também deve funcionar para quem tem pouco ou nenhum contato com a franquia.

    Missões e ranqueamento

    As missões são um ponto positivo de Pokémon Legends: Arceus, pois possuem uma boa variedade ao longo de toda a Pokédex, de modo que não se tornam entediantes. A presença dos Pokémon Alpha também contribuem para o desejo de completar as informações de cada monstrinho, especialmente os mais desafiadores de capturar.

    Lançado em 28 de janeiro de 2022 para Nintendo Switch, Pokémon Legends: Arceus é um RPG que trouxe diversas novidades ao universo Pokémon
    Créditos: Nintendo / Divulgação

    Outro fator positivo é complementar às missões: o ranking de estrelas da Survey Corps, parte do Galaxy Team. Além de não ser um jogo de mundo aberto, a progressão do jogo por meio da subida nesse ranking faz sentido, pois somente assim os Pokémon de níveis mais altos passam a obedecer você. Ou seja, não será fácil capturar um Alpha com nível alto logo no começo do jogo e ter a garantia de que ele sempre irá respeitar suas ordens em batalha.

    Isso tudo também contribui para o jogo não ser entediante e repetitivo.

    Batalhas e capturas sem batalhar

    A essência dos RPGs de Pokémon estão nas batalhas e nas capturas, mas com modificações interessantes.

    Em relação às batalhas, a primeira grande novidade é poder se movimentar enquanto os Pokémon lutam. Inclusive seu avatar pode ser atingido pelos ataques se ficar no meio do caminho. Outra mudança relevante é a possibilidade de batalhar contra dois ou mais Pokémon usando apenas um. Isso acrescenta uma boa dose de desafio à experiência toda.

    As capturas em Pokémon Legends: Arceus podem acontecer tanto mediante a batalha para enfraquecer o adversário, como por jogar a Poké Ball diretamente. Há também recursos que podem facilitar a captura sem batalhar, como frutas e bola de lama, fazendo com que o monstrinho se distraia comendo ou fique desnorteado. Outra possibilidade para facilitar a captura é jogar a bola quando o Pokémon está de costas (algo que agrega pontos para subir de rank) ou dormindo.

    Vale destacar também os modos de ataque Agile Style e Strong Style, que agregaram novos elementos à estratégia necessária para batalhar, combinados com a possibilidade de ver a ordem dos turnos ao apertar o botão Y.

    Créditos: Nintendo / Divulgação

    Diferentemente do que os fãs estão acostumados, no novo jogo da franquia é possível ficar com toda a sua equipe desmaiada. Quem não pode levar dano em excesso é o seu avatar. Caso contrário, você irá acordar na cabana de recuperação sem uma parte dos itens do seu satchel (a famosa bag).

    Distorção temporal

    A distorção temporal é uma das novidades que mais gostei em Pokémon Legends: Arceus. Em determinado momento, mas ainda cedo no jogo, essa opção é habilitada. A partir disso, aleatoriamente uma redoma de distorção temporal poderá surgir no mapa. Então você tem um tempo para ir até ela.

    Entrar na distorção temporal permite que você capture Pokémon com spawn raro e encontre itens igualmente raros. Tudo isso por alguns minutos.

    Como falei anteriormente, é possível lutar contra dois ou mais adversários. Na redoma de distorção temporal é bem provável que isso aconteça, pois os Pokémon tentam atacar você e, ao jogar sua Poké Ball para iniciar uma batalha, é bem provável que todos que estão te caçando irão entrar na disputa. Isso torna tudo muito mais desafiador.

    A primeira vez que entrei em uma distorção temporal estava com uma equipe de Pokémon no nível 30, em média. Me deparei com um lugar que tinha um desnível que tornou a área ainda menor enquanto tentava fugir de monstros mais poderosos que os meus, como Magnezone e Rhyperior (spawns raros), para tentar iniciar uma batalha com eles e, no máximo, mais um. No fim consegui pegar o Rhyperior, mas gastei todos meus recursos e não foi viável capturar o Magnezone naquele momento.

    Enfim, momentos de diversão e tensão…

    Mapa extenso

    Quando a The Pokémon Company veio a público confirmar que Pokémon Legends: Arceus não seria um jogo de mundo aberto, muita gente ficou com um pé atrás. Eu incluso, pois pensei que seria um jogo relativamente curto.

    A verdade é que o mapa é extenso e oferece uma ótima experiência de exploração na maior parte do tempo. Para um game baseado em missões, Pokémon Legends: Arceus se sai muito bem em extensão de áreas e tempo de jogo.

    Pontos negativos de Pokémon Legends: Arceus

    Gráficos

    A primeira polêmica em torno de Pokémon Legends: Arceus foi a qualidade gráfica. Do primeiro trailer até o jogo final alguns aspectos visuais mudaram, mas é fato que o game poderia ser visualmente muito melhor.

    Há algumas paisagens bonitas, no meu ponto de vista. No entanto, falta refinamento em praticamente tudo.

    No geral os Pokémon se salvam dos problemas gráficos, mas há alguns momentos em que até eles são vítimas de texturas ruins. Onix é uma das principais vítimas da textura mal acabada, especialmente quando encontrado na natureza. Dos NPCs, Palina (do Pearl Clan) é nitidamente a com o pior gráfico, gerando um contraste nas cutscenes com o avatar de quem está jogando.

    Palina, do Pearl Clan, possui problemas gráficos muito evidentes
    Palina, do Pearl Clan. Reprodução da minha gameplay

    Outro ponto negativo dos gráficos diz respeito a Pokémon vistos à distância, especialmente os voadores. Entre eles um Gyarados que voa em meio às montanhas, sabe-se lá por quê. O movimento dos Pokémon ocorre em baixíssimo FPS, algo muito estranho de ver. Espero que uma atualização em breve corrija esses problemas gráficos menores, e coloque o Gyarados de volta na água.

    Sabendo que a Nintendo criou The Legend of Zelda: Breath of the Wild no começo da vida do Nintendo Switch, não tem como deixar de apreciar o primor gráfico desse que é um dos melhores jogos da história da empresa e imaginar que Pokémon Legends: Arceus poderia ser, no mínimo, visualmente parecido.

    Trilha sonora tímida

    Sou muito fã de trilhas sonoras de jogos, especialmente da Nintendo. Até escrevi este artigo para quem também ama Original Soundtracks nintendistas. Mas confesso que a trilha sonora de Pokémon Legends: Arceus é a menos empolgante dos jogos principais da franquia.

    Não há uma trilha marcante, embora haja algumas boas. Destaco a do Galaxy Hall e a de batalhas na natureza como uma positiva. E só.

    É muito estranho que a trilha ao se aproximar de Pokémon Alpha seja tão sem graça. Nesses momentos deveria ser criada uma atmosfera de suspense para tornar mais aterrorizante o adversário gigante. Outro ponto que me chama atenção é a ausência de música quando você deixa o menu aberto. Não toca nem mesmo a trilha do local onde você está.

    É comum durante a aventura você simplesmente esquecer que tem uma trilha sonora. Por padrão, ela já vem em um volume baixo, mas não se trata de uma questão de decibéis, e sim de composições pouco inspiradas para a grandeza de Pokémon Legends: Arceus.

    Isso sem falar que algumas trilhas parecem ter sido tiradas diretamente de The Legend of Zelda: Breath of the Wild, além do suspiro do avatar masculino quando não consegue subir um morro, que é igual ao de Link quando passa por algum dificuldade.

    Mobilidade ruim ao subir morros

    Por falar nos morros e em passar dificuldade, a mobiilidade para subir qualquer coisa que não seja escada em Pokémon Legends: Arceus é ruim. É difícil subir mesmo que você monte em Wyrdeer – a evolução regional de Stantler.

    Esse é outro ponto que fica difícil não comparar com The Legend of Zelda: Breath of the Wild. A fluidez com que Link monta nos cavalos do jogo é muito melhor do que a experiência no novo jogo de Pokémon.

    O que poderia ser melhor no tutorial

    Este é um ponto negativo menor, mas importante destacar. Como mencionei, os tutoriais funcionam muito bem, mas a gameplay se torna truncada no momento em que você aprende a capturar e tem que perseguir Bidoof, Starly e Shinx. Isso porque a cada captura você volta a falar com o NPC da sua colega (ou do seu colega) de Survey Corps. Então, ela/ele corre e você vai atrás para novamente falar com ela/ele. Só então se inicia a próxima captura, de modo que é a única ressalva que tenho aos tutoriais.

    Indicação discreta em batalhas

    O único problema das batalhas é quando você enfrenta dois ou mais adversários. A indicação para alternar o Pokémon alvo do ataque ou da Poké Ball que você vai usar é muito discreta no topo superior direito da tela. Não chega a ser um grande problema, mas poderia ser resolvido se na primeira batalha contra mais de um adversário houvesse uma indicação visual para saber que é possível alterar o alvo.

    VEREDITO

    A primeira grande inovação nos RPGs de Pokémon entrega um produto muito bom para os fãs da franquia, e tem um bom material para atrair também os fãs de jogos de aventura baseado em missões. Pokémon Legends: Arceus é muito do que os fãs esperavam e soube entregar mecânicas novas de modo fácil de entender.

    Além de ser um game inovador na franquia, Pokémon Legends: Arceus não se limita a ser conhecido como o jogo que mudou as regras no universo Pokémon, entregando também muitas horas de exploração, tanto com as missões da história principal como com as side quests.

    Os pontos positivos são muito superiores aos negativos. Isso porque o jogo é afetado negativamente apenas em situações pontuais, sem prejuízos ao restante da grande gameplay oferecida.

    É fácil imaginar que no futuro a Nintendo e a Game Freak possam entregar um jogo com a reconhecida qualidade que se tem em The Legend of Zelda: Breath of the Wild e que sua sequência, possivelmente, terá também. Com a boa experiência entregue em Pokémon Legends: Arceus, e com o know-how de Zelda BOTW no portfólio, me permito sonhar que um game de Pokémon em mundo aberto venha formar a tríplice coroa junto aos games de Zelda no Nintendo Switch.

    Ou quem sabe como título para alavancar as vendas logo no lançamento do próximo console da Big N, assim como foi feito com Super Mario Odyssey para o Nintendo Switch…

    Nossa nota

    4,5 / 5,0

    Assista ao trailer de Pokémon Legends: Arceus

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