CRÍTICA – Trek to Yomi (2022, Devolver Digital)

    Trek to Yomi é o mais novo game da Devolver Digital, estúdio responsável por Weird West e My Friend Pedro. O game ambientado no Período Edo (1603 – 1868), conta a história do jovem Hiroki, um aprendiz de samurai que vive em uma ilha que é constantemente atacada por bandidos.

    Após a morte de seu mestre, Hiroki precisa ascender ao cargo de defensor daquela ilha e impedir que os bandidos novamente destruam seu povo. Com uma perspectiva única, Trek to Yomi nos faz viajar por um Japão em que as invasões bárbaras tiveram um importante papel para seu desenvolvimento.

    SINOPSE

    Após um juramento diante do seu mestre, o jovem espadachim Hiroki jurou proteger a sua cidade e os seus habitantes contra todas as ameaças. Confrontado com a tragédia e sujeito ao dever, o único samurai deve viajar além da vida e da morte para se confrontar e decidir o seu caminho na vida.

    ANÁLISE

    Trek to Yomi

    Aponto que essa análise foi possível apenas por termos tido a oportunidade de jogar o game no Cloud Gaming do Xbox. Ainda que games de samurai tenham tomado a cultura pop como Nioh, Sekiro: Shadows Dies Twice e Ghost of Tsushima fizeram, um fio narrativo é herdado não apenas nos games do gênero – mas também dos filmes. Esse mesmo fio narrativo foi o qual Quentin Tarantino se inspirou para produzir Kill Bill.

    A vingança, é um dos aspectos mais presentes nas narrativas orientais, desde A Vingança dos 47 Ronin (1941) até Imperdoáveis (2013) e em Trek to Yomi, isso não é diferente. O caminho que Hiroki precisa percorrer, o levará até o Yomi a fim de encontrar vingança por aqueles que assolaram não apenas seu lar, mas também o amor de sua vida.

    Assim como Sekiro, Jin Sakai e Beatrix Kiddo, Hiroki é levado por um caminho de vingança e precisa literalmente fugir do inferno a fim de salvar aqueles com quem ele ainda se importa de uma ameaça tão avassaladora, que pode destruir o lar que ele jurou defender a todo e qualquer custo.

    JOGABILIDADE

    Trek to Yomi

    Trek to Yomi é tão punitivo quanto uma história do gênero pede. Enquanto nos enveredamos pela história, a dificuldade do game se dá não apenas no ato de dar parry e acabar com a barra de stamina do usuário, mas no ato de contra-atacar os adversários em qualquer oportunidade. Mas não se engane, você não encontrará apenas minibosses e adversários humanos em seu caminho.

    Criaturas sobrenaturais, espíritos e até mesmo demônios serão algumas das maiores ameaças e desafios presentes na história do game.

    O seu avanço e progressão estão diretamente ligadas à sua forma de se adaptar quando diante aos mais diferentes inimigos. Mas não se engane: você não terá apenas a sua katana para prosseguir. Com uso de kunai, arco e flecha e até mesmo uma arma explosiva, Hiroki precisará usar o que puder de seu arsenal para impedir não apenas o avanço das forças inimigas, mas também fugir do Yomi.

    Assim como as posturas tinham um importante papel em Ghost of Tsushima, o parry e o entendimento do movimentos dos adversários, bem como o timing são extrema importância para o desenvolvimento dos personagens. Tenha em mente que você não chegará ao fim do game com as mesmas habilidades do início.

    Uma dica que te dou é: em Trek to Yomi, explore o máximo que puder, a exploração é importante não apenas para o seu desenvolvimento e à sua forma de progredir – pois espalhadas pelas fases estão não apenas colecionáveis, mas também pergaminhos com novas habilidades e itens que aumentarão seu vigor e sua vida máxima.

    VISUAL

    Trek to Yomi

    O visual de Trek to Yomi é tão interessante, que me senti lançado em um dos filmes de Akira Kurosawa. Com seu visual em preto e branco, e sua câmera fixa, o game brinca com a perspectiva, mas acaba nos punindo em determinados momentos.

    Enquanto brilha com o level design, o game constantemente brinca com a nossa quebra de expectativa e nos lança em uma progressão tanto sidescroller, quanto de navegação vertical. Funcionando por vezes como um roguelike, Trek to Yomi nos lança por uma viagem tão enriquecedora e vasta, quanto games de mundo aberto. No entanto, faz isso não apenas por meio da gameplay, mas por meio dos colecionáveis e pelo diário. Estes contam mais da história daquele mundo não apenas desolado, mas também aterrador.

    Ainda que a câmera fixa por vezes nos lance em algumas confusões mentais – por não deixar claro nas transições qual rumo tínhamos tomado ao entrar em algum cômodo ou cenário -, ela também é um dos pontos mais altos. Atuando tanto como um aspecto delimitador, ele é um aspecto que colocará o sarrafo do game ainda mais alto quando fazemos um paralelo entre dificuldade e aspectos da jogabilidade.

    VEREDITO

    Trek to Yomi

    TTrek to Yomi é não é só uma viagem pelo Japão em uma das épocas mais difíceis que o país já enfrentou, mas também uma jornada intimista. O game se expande e ganha ainda mais camadas quando Hiroki passa a questionar seu papel naquela sociedade e os caminhos que suas escolhas o fizeram tomar.

    Quando passa a se aproveitar dos seus aspectos mais peculiares, como a gameplay e sua câmera, o game nos leva por caminhos intensos e difíceis que funcionam como uma provação para nosso protagonista em sua jornada a caminho de vingança e redenção.

    Nossa nota

    4,0 / 5,0

    Confira o trailer do game:

    Trek to Yomi está disponível para Xbox One, Xbox Series X, PlayStation 4, PlayStation 5 e PC.

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