CRÍTICA | The Third Day: Episodio 1 – Friday – The Father

    The Third Day é a nova minissérie de seis capítulos da HBO em parceria com a Sky Studios que vai ao ar toda segunda-feira, às 22 horas. A produção é uma criação do escritor e roteirista Dennis Kelly (Utopia) em parceria com Félix Barrett e direção de Marc Munden (Utopia). 

    A série é dividida em duas partes, Summer e Winter. No elenco Jude Law (Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald) e Naomie Harris (Moonlight: Sob a Luz do Luar) são os destaques, a produção ainda conta com Katherine Waterston (Animais Fantástico e Onde Habitam) e Emily Watson (Chernobyl). 

    SINOPSE

    Sam (Jude Law) é um pai em luto prestando uma homenagem ao filho morto em um lugar que parece estar ligado a tragédia. No entanto, ele presencia uma tentativa de suicídio que o leva até a misteriosa ilha de Osea no sudoeste da Inglaterra. No local, Sam conhece uma pequena e estranha comunidade que vive isolada, já que quando a maré sobe ninguém pode sair da ilha.

    ANÁLISE 

    The Third Day constrói uma premissa enigmática focando necessariamente nos conceitos de isolamento e luto para contar uma história de suspense.

    Em plena pandemia de 2020, pode parecer proposital que Dennis Kelly queira falar sobre isolamento. Contudo, o criador da série já vinha tratando o tema desde 2013 com a série Utopia (que ganhou um remake para o Amazon Prime Video).

    Ao contrários de muitos escritores, Kelly prefere contar sobre coisas que estão lhe incomodando. Neste caso, quando começou a criar o universo de The Third Day quase nove anos atrás, o escritor já percebia o isolamento mental e físico no qual as pessoas se colocavam. Além disso, a questão do luto era algo interessante para Dennis Kelly, visto a dificuldade que as pessoas têm em lidar com morte e dor. 

    Sendo assim, The Third Day surge como uma obra totalmente autoral e poderosa nos tempos de hoje. Na história, Sam está passando por um momento de perda e muita dor; e aqui, é justo ressaltar a atuação de Jude Law que simula muitas emoções em um curto período de tempo. É através do turbilhão de sentimentos de Sam que passamos a conhecer aquela misteriosa e interessante ilha.

    Assim com Sam, estamos presenciando a dinâmica dos moradores de Osea e a medida que mais personagens entram em tela a sensação que fica é de desconfiança. Nesse sentido, a ilha de Osea atua quase como um personagem na trama, lembrando muito a ilha de Lost e seus inúmeros mistérios. Porém, Osea se esforça para passar um tom mais amistoso mesmo que os moradores e visitantes fiquem preso lá quando a maré sobe. 

    De forma geral, a sensação de segurança e aprisionamento é muita vezes confundida pelas pessoas. Algumas pequenas comunidades tanto nos Estados Unidos, como em menor número da Inglaterra tendem a sentirem seguras quando se isolam e criaram suas próprias tradições. Para os cosmopolitas, como Sam, a impressão é de total estranheza.

    Por isso, a série usa outras visitantes, como Jess (Emily Waterson) para fazer a ligação de Sam com aquele mundo. Jess já está a mais tempo no local e garante a Sam que as pessoas ali são boas.

    O tema bondade é constantemente abordado ao longo do episódio na maior parte pelo morador da ilha Mr. Martin (Paddy Considine) que insiste em dizer o quanto os ilhéus são boas pessoas, mesmo que eles não ajam de tal maneira.

    Se existe uma necessidade de afirmar que se é bom, talvez tenha algo errado. Dessa forma, The Third Day apresenta um verdadeiro enigma que pretende ser desvendado ao longo dos episódios.  

    Inconsequentemente, a série tem os ares de um novo gênero de terror que começa a se popularizar: O folk horror tão bem utilizado em Midsommar (2019). Logo, é impossível não associar The Third Day com o terror de Ari Aster, a imagética de que Osea é uma seita percorre o episódio inteiro construindo um suspense perturbador.

    PUBLICAÇÃO RELACIONADA – Martelada #35 | Ari Aster ft. Jordan Peele: Terror psicológico referência 

    O que vem por aí 

    Neste primeiro episódio, Friday – The Father, a série opta por construir mais a atmosfera divergente da ilha do que apresentar um roteiro linear. A direção de fotografia aposta na saturação das cores verde e azul para construir a sensação de verão. Além disso, The Third Day abre uma caixa de mistérios deixando o espectador com a aquela pulga atrás da orelha.  

    Sem dúvida é mais uma das grandes apostas da HBO, já que a criação de Dennis Kelly não pretende ser convencional.

    Se na primeira parte, intitulado Summer acompanhamos Sam por três episódios, na segunda parte o personagem some para dar lugar a Helen (Harris) que conduz os últimos três episódios chamado Winter

    Essa quebra de narrativa pode vir a prejudicar a série, porém, tudo garante que será uma experiência única. Pois, os criadores previram um episódio adicional entre os dois trios.

    A audaciosa experiência terá uma transmissão ao vivo no dia 3 de Outubro com duração de 12 horas ininterruptas. O episódio em plano sequência pretende mostrar os acontecimentos na ilha de Osea entre a primeira parte a segunda com o nome de Autumn

    VEREDITO

    The Third Day é uma série muito promissora que reserva o primeiro episódio de forma sábia para a construção de atmosfera. Com atuações interessantes e uma narrativa enigmática, a série apresenta um novo gênero de terror para a TV.

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    Assista ao trailer:

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