CRÍTICA – Judy: Muito Além do Arco-Íris (2019, Rupert Goold)

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CRÍTICA - Judy: Muito Além do Arco-Íris (2019, Rupert Goold)

Judy Garland foi uma das atrizes mais jovens a atingir o estrelato na Hollywood do século XX. É interessante ver como o diretor do filme, Rupert Goold, optou por explorar a história de Judy ao adaptar a peça criada com o objetivo de contar os últimos anos de vida da atriz, “Rainbow’s End” de 2012.

Judy

Ao roubar a cena em Pigskin Parade, Garland – que apesar de não ter sido a atriz principal do filme, atraiu para si a atenção dos holofotes com apenas 13 anos na comédia-musical -, a atriz já se mostrava uma das cantoras mais proeminentes e com maior extensão vocal de sua geração. Mas antes mesmo de seu papel mais marcante, Garland viveu a personagem Esther Blodgett em 1937, na segunda versão de Nasce Uma Estrela.

Apenas dois anos depois, a atriz ficou conhecida como o rosto de Dorothy Gale e foi responsável por uma das versões mais marcantes de Somewhere Over the Rainbow ao estrelar O Mágico de Oz em 1939.

Por nascer no início do cinema falado, em 1922, Judy Garland fez parte de uma cultura do cinema que visava apenas o lucro e a beleza, quase sempre, não se importando com o bem-estar ou com a saúde dos atores.

Garland foi uma das atrizes dessa mesma “safra” que sofria nas mãos de diretores e produtores exclusivamente homens, visto que Hollywood apesar de ostentar belos rostos em seus cartazes, era machista demais, para colocar uma mulher em cargos de importância dos grandes estúdios – vale lembrar que a primeira diretora a assumir um filme foi Dorothy Emma Arzner em 1943, muitos anos depois de inúmeras jovens atrizes terem sofrido nas mãos de diretores que visavam o lucro e belos rostos.

Judy

Tendo sido viciada em barbitúricos desde muito jovem, Judy vem de uma família disfuncional e foi, de certa forma, abandonada por sua mãe, que tinha em mente apenas o lucro que a carreira da filha podia trazer. Judy Garland depositou na carreira e em seu público o afeto que parecia querer receber daqueles mais próximos a ela.

O filme de Rupert Goold coloca Renée Zellweger no papel que parece ser o de sua vida. Onde dá espaço para a atriz brilhar, se afastando de comédias galhofas e insistentemente dramáticas, como a franquia O Diário de Bridget Jones, que tornou a atriz mais conhecida.

No palco em que dá a vida à Garland, Zellweger parece ser possuída por uma entidade como o que Judy Garland era e tem uma enorme facilidade para soltar sua voz, e mostrar de forma nua e crua, o papel que pode vir a dar o terceiro Oscar à atriz inglesa.

Judy

Por se cercar frenquentemente por homens e relacionamentos tóxicos, Goold têm o intuito de mostrar uma das razões de Judy se manter viciada até mesmo depois de sair dos holofotes das telonas.

Ao resolver por deixar em tela grandes dilemas de infância/adolescência da atriz, como distúrbios alimentares e adicções, o diretor parece brilhar ao dirigir com esmero Renée Zellweger, com apenas aqueles enormes olhos expressivos – agora escuros e quase sem brilho.

Judy

Zellweger se mantém fiel ao pouco que sabemos da vida privada de Garland, e ganha uma proporção colossal ao escalar para as confusões e motivos do afastamento da atriz dos palcos, mas não se afastando das outras facetas da atriz e da mulher, como mãe preocupada, uma mulher carente, um desastre, mas também uma lenda – ao ser mostrada entorpecida por diversas vezes diante de parte de seus fãs.



Judy Garland foi responsável pelo imaginário coletivo das crianças das gerações que se seguiram após o lançamento de O Mágico de Oz. A atriz carregou esse estigma até pouco antes de partir de forma prematura aos 47 anos.

Judy: Muito Além do Arco-Íris estreia no dia 16 de Janeiro de 2020 e conta com um retorno brilhante de Renée Zellweger às telonas em um incrível papel dramático, que pode ser o mais marcante da carreira da atriz.

Nossa nota

Assista ao trailer legendado do filme:

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