CRÍTICA – Vidro (2019, M. Night Shyamalan)

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CRÍTICA - Vidro (2019, M. Night Shyamalan)

Quando Fragmentado estreou nos cinemas em 2017, a surpreendente revelação final de que o filme fazia parte do mesmo universo de Corpo Fechado, lançado em 2001, deixou todos eufóricos. Agora M. Night Shyamalan volta com a terceira parte dessa história, Vidro, que logo de início já tem a função de costurar os outros dois longas da franquia, mas não se limita a apenas isso.

Vidro se passa algumas semanas após os acontecimentos de Fragmentado. De um lado temos David Dunn (Bruce Willis) caçando Kevin Wendel Crumb e suas 23 personalidades (James McAvoy), mas devido às circunstâncias eles vão parar no hospital psiquiátrico que Elijah Price (Samuel L. Jackson) reside, sob os cuidados de Ellie Staple (Sarah Paulson). Lá é onde toda a trama se desenvolve. Se Corpo Fechado gira em torno de Dunn e Fragmentado em Crumb, Vidro tem como maestro o Mr. Glass, fechando um ciclo iniciado lá no primeiro filme.

Com o desenvolvimento da trama, fica claro de que mais do que ter poderes e ser diferentes dos demais, o que realmente conecta os protagonistas são seus traumas mais severos. Como a própria besta diria, todos são quebrados.

Vidro

Desde Corpo Fechado, Shyamalan sempre teve a intenção de confrontar o ordinário contra o extraordinário e isso está presente também em Fragmentado a partir do momento em que há uma disruptura de algo que poderia ser explicado cientificamente com a existência de uma Besta capaz de andar nas paredes e entortar barras de ferro. 

Vidro mantém essa proposta, mas dessa vez a abordagem é muito mais direta que seus antecessores, graças a presença da doutora Staple que a todo momento questiona os personagens sobre a real existência desses poderes e por vezes faz com que até o espectador comece a duvidar. Mas o mais interessante disso tudo, é ver como as explicações científicas, por mais que sejam pautadas em fatos, acabam justificando ainda mais o sobrenatural. Se de um lado temos o olhar cético da personagem de Sarah Paulson, do outro temos a crença inabalável do personagem de Samuel L. Jackson, estimulando tanto Crumb quanto Dunn a provarem que suas façanhas são reais.

Se em Corpo Fechado e Fragmentado, Shyamalan traz uma estética mais mundana que contrasta com as façanhas insanas de seus personagens, em Vidro ele se entrega mais aos conceitos dos quadrinhos, como as cores opostas para identificar os mocinhos e os vilões. Esses elementos das HQs também estão presente no cenário do hospital que por vezes transita entre o normal e o macabro, principalmente, quando Price está em cena.

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Todo esse trabalho de criação de universo é otimizado ainda mais graças a entrega dos atores em seus papéis. Mesmo 19 anos após Corpo Fechado, os veteranos da franquia resgatam toda a essência de seus personagens; enquanto Bruce Willis, intérprete de Dunn entrega o esperado, com uma atuação mais comedida, Samuel L. Jackson se entrega cada vez mais a insanidade de Price. Mas quem verdadeiramente brilha em cena é James McAvoy com Kevin Wendel Crumb. O vilão de Fragmentado é um desafio e uma oportunidade e tanto, considerando que existem outras 23 personalidades distintas que estão em constante briga para assumir o controle. O personagem exige que seu intérprete tenha bastantes recursos, e McAvoy supera as expectativas transitando entre as diferentes personas sem precisar de cortes nas cenas.

Vidro mantém a qualidade dos filmes anteriores e encerra bem a história criada por M. Night Shyamalan, amarrando todas as pontas. Com algumas discussões comuns em produções do gênero de super-herói, como a reação que as pessoas comum teriam ao descobrir a existência de super-seres, o diretor ameaça ir por direções óbvias e surpreende todos com decisões um tanto inesperadas e também corajosas para o final da trama.

Em cartaz nos principais cinemas do país, Vidro com certeza dá uma chacoalhada no padrão de filmes de herói que conhecemos através da Marvel e DC.

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