Reabertura dos cinemas chineses: Por que Hollywood depende da China?

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Reabertura dos cinemas chineses: Por que Hollywood depende da China?

Nos últimos anos um verdadeiro negócio da China têm se formado entre a indústria de Hollywood e o país oriental. Com o título de 2ª maior bilheteria do mundo e muito perto de bater os Estados Unidos nos próximos anos, a China reabre os cinemas nesta semana. Após seis meses fechados devido à pandemia.   

Na próxima sexta-feira (24), os filmes norte-americanos serão a sensação entre os chineses, entre eles, Dolittle (2020) e Bloodshot (2020). Ambos blockbusters estiveram nos cinemas ocidentais no começo do ano e foram prejudicados nas bilheterias pela crise global do Covid-19.

Mesmo estreando tardiamente na China, os estúdios têm motivos para comemorar. Dolittle é estrelado por Robert Downey Jr. que é amado pelos fãs chineses  por interpretar Tony Stark no Universo Cinematográfico Marvel. Já o filme Bloodshot tem Vin Diesel como destaque, o ator é bastante conhecido na China graças a franquia Velozes e Furiosos.

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Porém, para manter a segurança dos cinéfilos chineses, os cinemas precisam seguir uma série de restrições. Segundo as normas estabelecidas pela China Film Administration (CFA), as salas só poderão ter 30% da capacidade total, ingressos são vendidos online e os filmes exibidos não podem passar de duas horas.

Essa última norma tem preocupado Hollywood e alguns filmes com longa duração podem ser prejudicados. É o caso de Tenet do diretor Christopher Nolan que contém duas horas e meia de duração. O filme estava previsto para Agosto, mas a Warner Bros. adiou a produção indefinitivamente, a decisão é um reflexo das restrições chinesas, já que o estúdio pretende lançar o filme em territórios já estabilizados.  

Cinema na China

O país mais populoso do mundo tem investido grande no setor cinematográfico. Em 2016, a China superou os Estados Unidos como país com mais salas de cinema no mundo. Em 2018 foram registrados cerca de 55 mil salas chinesas, dez mil a mais que os EUA. De todas essas salas, 88% são compatíveis com filmes em 3D.

Desde os 80, o crescimento chinês na sétima arte é devido ao conglomerado, Wanda Group. Entre os empreendimentos, a Wanda Group possui a maior cadeia de cinemas do mundo, a gigante americana AMC Theaters. Na China, a empresa possui 6% dos cinemas e 13% no país norte-americano. 

Outras aquisições da Wanda Group são o estúdio Legendary Entertainment – que produziu filmes como, John Wick e Jurassic World – e a produtora de televisão Dick Clark Productions, dona dos direitos autorais do Globo de Ouro. Dessa forma, a China busca maior espaço na produção de conteúdo e promete estar em todos os ramos do setor. 

Hollywood que não é boba, percebeu a mina de ouro chinesa e faz de tudo para extrair ao máximo. Contudo, apenas 34 produções internacionais por ano podem ser exibidas na China, o que acirra ainda mais a corrida dos estúdios pelo público chinês. 

Hollywood, se esforça?

Além de agendar estreias mundiais no país oriental, inserir atores chineses nas superproduções é uma medida para garantir um espaço no país. Altamente criticada entre os cinéfilos chineses, personagens secundários orientais são vistos como decorativos e as atrizes que participam de produções americanas ganharam o apelido de “vasos de flores”.

Segundo o Hollywood Diverty Report, apenas 3% dos asiáticos ocuparam papéis nas produções entre 2017 e 2018. A falta de representatividade tem grande efeito em uma China que deseja cada vez mais se ver em Hollywood. 

Consequentemente, a indústria aposta em filmes como Mulan para recuperar a bilheteria pós-pandemia e conquistar o público chinês. O longa promete trazer uma representação mais válida a cultura chinesa e fugir dos estereótipos da animação de 1998. Resta saber se com a reabertura dos cinemas, a China manterá o desafio às produções norte-americanas: mais representatividade. 

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