Diferente do que muitas pessoas pensam, o filme Drácula (1931), não foi a primeira produção cinematográfica sobre vampiros a ser lançada. Antes mesmo do clássico da Universal Studios, o diretor alemão Friedrich Wilhelm Murnau já havia produzido uma obra semelhante, em 1922. Considerado um ícone do expressionismo alemão, o filme Nosferatu inovou técnicas cinematográficas e inspirou gerações futuras de cineastas.
Um dos maiores filmes do expressionismo alemão, ao lado de O Gabinete do Dr.Caligari (1920), a obra de F. W. Murnau é uma adaptação não oficial do romance de Bram Stoker, já que os realizadores não conseguiram os direitos do livro.
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SINOPSE
O misterioso Conde Orlok (Max Schreck) convoca Thomas Hutter (Gustav von Wangenheim) para seu remoto castelo nas montanhas da Transilvânia, onde o misterioso Orlok procura comprar uma casa perto de Hutter e sua esposa, Ellen (Greta Schroeder). Depois que Orlok revela sua natureza de vampiro, Hutter luta para escapar do castelo, sabendo que Ellen está em grave perigo. Enquanto isso, o servo de Orlok, Knock (Alexander Granach), se prepara para que seu mestre chegue em sua nova casa.
ANÁLISE
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Os cenários impressionam, mesmo sendo uma produção do início do século XX, há uma grande variação em matéria de locação. Outro fator que chama a atenção é o quão forte é a maquiagem das personagens femininas, que miravam parecer mais condizentes com o padrão de beleza da época, evocando maturidade e não jovialidade.
Curiosamente, a personagem de Orlock tinha uma aparência cuja tonalidade tinha semelhanças com o feminino, com diferenças fundamentais claro, já que suas feições eram mais fortes, com um nariz protuberante e sobrancelhas grossas. Mas sua maquiagem era forte, suas unhas tão afiadas que lembravam as garras de um animal selvagem, além é claro dos dentes alongados – os dois da frente, ao invés dos caninos, como seria comum pós Drácula de 1931.
A personagem Ellen, desde o início, demonstra ter maus presságios sobre a tarefa do marido. Durante o filme, ela aparece sempre em transe, sonâmbula e pensativa. Murnau coloca a figura feminina como mais sensível e propensa às influências do vampiro Orlok.
Nosferatu também traz contribuições significativas para a mitologia dos vampiros: a fraqueza a luz solar foi primeiro estabelecida aqui. Mas também há diferenças notáveis ao mito dos sugadores de sangue, já que Orlock matava as vítimas ao invés de transformá-las em seres mortos-vivos como ele.
O cineasta conduziu uma obra seminal, visualmente agressiva, e que é tão acertada graças a entrega que Schreck exerce. Sua movimentação é muito diferente, particularmente assustadora, seus movimentos básicos evocam os de um animal sorrateiro e venenoso. Até quando não é cercado por ninguém, quando não é observado, ele age de maneira estranha e desconfiada, visto que não consegue ver os homens como pessoas que merecem sua estima, e por isso, ele faz tudo sozinho.
VEREDITO
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Nosferatu é um filme que instituiu um manual no gênero. A presença do perverso, das sombras. A monstruosidade tácita, a construção do horror através da iluminação e dos cenários preparando para a entrada do animal. O amor como catalisador desse mal, como se sua essência dependesse disso, e que resultará no viciar e no condenar.
A obra cita esses elementos mostrando a circularidade dos processos da existência, como se aquele monstro fosse mais um em busca de objetivo comum com métodos não aceitos por nós. Uma praga viva. Nosferatu é um caçador, matador, uma fera, uma doença, tal qual nós mesmos já fomos. E ainda não o somos?
5,0 / 5,0
Assista ao trailer:
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