Início Site Página 1088

    CRÍTICA – Grave (2016, Julia Ducournau)

    Aquele filme alternativo para quem tem estômago forte.

    Grave (Raw, título original) é um filme pertencente ao estilo drama-horror, lançado em 2016 e trouxe alvoroço e exagero por parte dos críticos, os quais relataram desmaios em sua exibição no Festival de Toronto em 2016.

    Dirigido por Julia Ducournau e estrelado por Garance Marillier, a première do filme aconteceu no Festival de Cannes em 2016, com seu lançamento na França em março de 2017, acompanhado pelo clamor do público e dos críticos por fugir da receita de bolo clássica do terror atual, sem sustos e espíritos previsíveis.

    Grave, entrou para o catálogo da Netflix neste mês e trouxe às mesas de jantar algo parecido com a temática de Okja (2017), só que absurdamente ao contrário (rs).

    Em seu enredo encontramos Justine (Garance Marillier), clássica jovem apática, virgem, vegetariana e caloura no curso de Veterinária de uma renomada universidade, com tradicionais trotes bizarros e pesados que parecem irreais, mas que infelizmente existem, e estão presentes principalmente em cursos de ciências agrárias. (Digo com convicção pois como ex-aluna de um curso de agrárias, constatei e até presenciei cenas não muito distantes as presenciadas nos trotes do filme).

    grave

    Ao se iniciar nos ritos de passagem da faculdade a garota passa a ter contato com coisas e acontecimentos que até então não conhecia, dentre eles: sexo, álcool e carne crua. Os trotes aplicados são absurdamente questionáveis, abordando temas que vão desde bullying a momentos de tortura e humilhação dos calouros. Justine, até então enfrentando os dramas desta fase, se vê frente a obrigação de comer carne crua. Neste momento, adentramos as cenas de horror, permeadas por um cenário bucólico e uma paisagem interiorana.

    No decorrer do filme o que parecia uma narrativa monótona e apática, passa a trazer ao expectador a angústia e o horror que nos haviam prometido. Com a presença do drama familiar vivido por Justine e sua irmã (Ella Rumpf) que é sua veterana, as duas passam por acontecimentos e descobertas que até então não faziam sentido em suas vidas, deixando o vegetarianismo seguido por sua família de lado, passam a não ter controle por sua ânsia por carne crua, e neste momento saímos de um filme de drama universitário, cercado de dilemas emocionais, e entramos em um filme que nos lembra o Holocausto Canibal (1980) só que dirigido por Lars von Trie, se é que me entendem.

    Embebido em canibalismo e cenas eróticas, o filme eleva a protagonista apática a um novo conceito, porém sem tornar-se heroína, melhor enquadrada a anti-herói(ína). O expectador agora busca por respostas e por um desfecho plausível com o que nos é apresentado.

    Grave, nos traz momentos que beiram o claustrofóbico, com ângulos de câmera fechados, colaborando para a angústia do expectador que passa a ter empatia pela personagem e seu drama pessoal. Sua trilha sonora instrumental é assinada por Jim Williams que corroboram com o suspense e mantém o clima de tensão da metade do filme ao seu fim. E como admiradora, se assim posso dizer, do estilo gore, não me decepcionei, achei na medida certa, não se tornando caricato e satírico.

    Reconheço a falha de narrativa em alguns momentos, mas Grave cumpriu seu papel ao trazer um filme de temática canibal com uma abordagem nova que foge do nosso arroz com feijão do terror, além de não beirar ao extremismo questionável como o estilo da década de 80 estava acostumada a ver em filmes deste estilo (que adoro, mas admiro o novo).

    Avaliação: Bom


    E como costumo fazer, segue a avaliação do IMDb: 7,1.

    Confira abaixo o trailer:

    https://www.youtube.com/watch?v=ViE8qDVPjQw

    Gostaria seriamente da opinião dos leitores sobre o estilo e como se sentiram ao presenciar cenas do estilo gore (canibalismo), mesmo que subentendido. Agradeço pela leitura e continuem nos acompanhando nas redes sociais:

    Facebook – Twitter – Instagram – Pinterest

    CRÍTICA – Atômica (2017, David Leitch)

    Atômica é o novo thriller ação de Charlize Theron, baseado na HQ de Antony Johnston. Com David Leitch na direção, James McAvoy, John Goodman e Sofia Boutella no elenco, o longa conta a história de Lorraine (Theron), uma espiã do governo Britânico enviada para uma missão em Berlin no final da Guerra Fria.

    O filme foi promovido como sendo de ação no estilo John Wick com uma protagonista feminina. Apesar dessa afirmação ser verdadeira, ela é enganosa. O filme apresenta algumas excelentes cenas de ação, destaque para uma cena no corredor de um prédio, que além de mostrar as habilidades na direção de Leitch, abre espaço para Charlize Theron brilhar com sua fisicalidade áspera e um timming de ação perfeitos. A atriz se confirma cada vez mais como uma força no gênero e no que diz respeito a ação, esse pode ser o seu melhor trabalho, já que Theron, também produtora do filme, parece possuir algum controle criativo, construindo de forma brilhante a personagem de Lorraine. Infelizmente, o filme peca em sua narrativa, e alguns potenciais são desperdiçados.

    A trama complexa com muitas reviravoltas e muita exposição compromete o ritmo do filme e o desenvolvimento de seus personagens. As sequências de ação não se encaixam com a narrativa de forma fluida, e sempre se encontram desconectadas. Contando com uma forte trilha sonora dos anos 80 e muitas cores e luzes neon, as sequências se destacam pelo aspecto de videoclipe que possuem, muito estilizadas, mas não são suficientes para engajar o espectador na trama e suas reviravoltas. Quando Atômica tenta explorar o gênero da espionagem, falta pulso e profundidade para que os riscos propostos sejam sentidos.

    A montagem aqui é outro problema. O filme extrapola o uso de flashbacks, propondo que Lorraine conte a trama para dois superiores (Tobey Jones e John Goodman) durante um interrogatório. O uso do recurso em excesso gera quebra constante de ritmo e muitas cenas expositivas e cansativas, repletas de um diálogo fraco e mal construído. A personagem de Sofia Boutella é desperdiçada, se tornando apoio para Theron e fetichizando o relacionamento entre as duas; além dos figurinos de Boutella refletirem a ultrasexualização e o fetiche, sem adicionar qualquer dimensão relevante para a trama.

     

    Uma questão que merece destaque aqui é a trilha sonora. Repleta de hits dos anos 80 new wave, a trilha sonora de Atômica é um personagem participativo. Porém, diferente do que faz Baby Driver ao sincronizar batidas e letras com ações do filme, em Atômica a trilha sonora se sobressai de maneira a distrair, utilizando a manipulação nostálgica para guiar o espectador.

    Atômica´é um caso clássico de Style Over Substance e tenta ser um filme de ação ao estilo John Wick, porém, também almeja ser um filme de espião aos moldes Jason Bourne. A combinação intuitiva aqui não funciona devido ao uso de recursos baratos para manipular a nostalgia dos anos 80, uma montagem temporal confusa e com muitos flashbacks e uma narrativa demasiadamente complexa. O entretenimento fica a cargo de sequencias de ação bem construídas e o talento e fisicalidade de Charlize Theron.

    Avaliação: Razoável

    Confira o trailer de Atômica:

    Atômica chega aos cinemas nesta quinta, 31 de Agosto.

    Game of Thrones: As teorias sobre Bran Stark e o Rei da Noite

    0

    Restando somente 1 episódio para acabar a sétima e penúltima temporada de Game of Thrones e sete episódios para acabar a série, entre diferentes teorias e fanfics, algumas começam a bater com mais força. Entre elas, uma que envolve o destino de Bran Stark.

    Bran tornou-se O Corvo de Três Olhos, o que significa que ele pode mover sua consciência para outros seres vivos. Ele também tem um dom chamado Sonhos Verdes, o que significa que ele pode mover-se para o passado, presente e futuro quando quiser; o que, aliás, já demonstrou nesse temporada citando acontecimentos de sua irmã Sansa e frases de Mindinho.

    Podemos afirmar, porém, que Bran não tem sido o melhor Corvo de Três Olhos. Além de fritar o cérebro de nosso saudoso Hodor e deixar Ned ouvi-lo, há a possibilidade de ser o responsável pela loucura do Rei LoucoAerys Targaryen, ao tentar avisá-lo sobre os Caminhantes Brancos.

    Seguindo nessa linha de raciocínio, em diversos momentos já foram citados os “susurros” dos Represeiros, que poderia se tratar também de Brantentando consertar as coisas e evitar inclusive a primeira invasão dos Caminhantes Brancos em Westeros? (Interstelar feelings).

    E se todas as profecias de Game of Thrones forem na verdade um compilado de avisos de Bran?

    Durante uma de suas viagens na 6ª temporada, Bran testemunhou a criação do Rei da Noite, há milhares e milhares de anos, quando os Filhos da Floresta estavam em uma guerra com os Primeiros Homens e capturaram um deles, enfiando uma adaga de vidro de dragão em seu peito, transformando-o no primeiro Caminhante Branco.

    Ele agarra a árvore da mesma maneira que Bran agarrou as raízes sob o solo enquanto observava como se no momento ele fosse aquele homem, como se estivesse passando pela mesma experiência. A ideia é de que ele tenha possuído esse homem através de seus poderes, tentando prevenir qualquer guerra entre as Crianças da Floresta e os Primeiros Homens mas não conseguiu interromper a conexão a tempo, tendo assim permanecido ligado ao primeiro Caminhante Branco/Rei da Noite.

    Jojen e o Corvo de Três Olhos anterior, advertiram Bran que se ele permanecesse no passado ou no corpo de alguém por muito tempo, poderia ficar preso à ele.

    Corvo de Três Olhos também diz à Bran durante seu treinamento:

    Nós assistimos, nós ouvimos e nós lembramos. O passado já está escrito. A tinta já está seca.”

    Isso deixa estabelecido que eles não seriam capazes de influenciar o passado com suas visitas, mas sabemos que não é bem assim.

    Seria Bran o Rei da Noite? Seria ele não o responsável por mudar os acontecimentos futuros mas sim por influenciar todos os acontecimentos da forma como vemos hoje? Ou seria essa só mais uma teoria sem sentido?

    Conte-nos o que acha dessa teoria e suas suposições. E lembre-se de nos acompanhar nas principais redes sociais:

    Facebook – Twitter – Instagram – Pinterest

    Leia também:

    Game of Thrones: Azor Ahai e o Príncipe que Foi Prometido

    Norsemen: Série de comédia viking chega a Netflix

    0

    A comédia norueguesa de seis episódios, Norsemen (Vikingane, título original), que foi simultaneamente filmada em norueguês e inglês, estreia hoje na Netflix. A série criada em 2016 por Jonas Torgersen Jon Iver Helgaker, ganhou o prêmio Melhor Comédia no Gullruten Awards este ano.

    Norsemen (Vikingane) é considerada uma mistura de Vikings e Game Of Thrones. No ano 790, um romano chamado Rufus (Trond Fausa) é sequestrado e tomado como escravo na vila de Norheim. Ele era uma figura cultural em sua terra natal, mas descobre que os valores que ele traz consigo não impressionam os vikings.

    norseman

    A ideia de gravações bilíngues não é nova, mas o sucesso do drama de detetive Welsh noir Y Gwyll (Hinterland) na construção de uma audiência na BBCNetflix e Televisão Pública Americana, certamente ressalta o potencial dessa abordagem.

    O produtor, Anders Tangen, disse à Dagbladet:

    Esperamos que esta solução estabeleça um padrão na Noruega para alguns tipos de dramas. Nós temos outros onde estamos pensando em fazer o mesmo. O objetivo é facilitar o trabalho de vender a série no exterior. Assim, evitamos o processo pesado de fazer a série novamente, e os atores noruegueses se mostram abertos a nova proposta.”

    Confira o trailer:

    https://www.youtube.com/watch?v=6hk_rdfSCS0&lc=z23jsxrpdr32dnyvsacdp43bxv4uvd4vcq3elurhrmtw03c010c

    Norsemen (Vikingane) estreia hoje na Netflix, porém – infelizmente – ainda não está disponível na Netflix Brasil.

    Curte Vikings? leia também:

    Vikings: 5 curiosidades sobre a série

    O que achou da nova aquisição da Netflix? Deixe seu comentário e lembre-se de nos acompanhar nas redes sociais!

    Vikings: Veremos Lagertha em um relacionamento com uma mulher

    0

    No final da midseason de Vikings, série do History Channel, nós testemunhamos um outro salto no tempo e como esperado, muita coisa mudou para todos os nossos personagens. O criador da série Michael Hirst acaba de revelar como os últimos anos mudaram Lagertha (Katheryn Winnick) especificamente.

    Cada vez que há um salto para temporal na série grandes mudanças são feitas. Tal era o finale midseason da 4ª temporada, que nos apresentou a filhos adultos de Ragnar (Travis Fimmel). Em declarações à Entertainment Weekly, Hirst apresenta um pouco sobre a segunda metade da 4ª temporada, incluindo algumas grandes, embora talvez não totalmente inesperada, mudanças para Lagertha.
    De acordo com Michael Hirstessa nova personagem feminina chamada Astrid (Josefin Asplund) se torna parte da vida de Lagertha.

    Elas estão em um relacionamento. Você pode sim imaginar que Lagertha agora está em um relacionamento com uma mulher, porque todos os homens com quem ela se envolveu ou a traiu ou a deixou para baixo. E ninguém poderia realmente esperar que ela vivesse totalmente sozinha, ela não é esse tipo de mulher. E eu não estou dizendo que ela de repente descobriu que é lésbica, não é esse o ponto. O ponto é, que ela está em um relacionamento com alguém que ela se sente mais confortável, com alguém que ela sente que ela pode ser capaz de confiar, e é uma mulher.

    Concluiu Hirst. 

    Resultado de imagem para lagertha e astrid

    E aí, curte a série Vikings? Conte-nos em qual temporada você está assistindo e quais suas expectativas para a 4ª temporada. E lembre-se de compartilhar essa publicação e nos acompanhar nas principais redes sociais:

    Facebook – Twitter – Instagram – Pinterest

    Game of Thrones: Qual o objetivo da saga criada por George R. R. Martin?

    Um texto sobre como a HBO ao contar essa história está rompendo paradigmas

     

    Uma coisa que sempre me perguntei assistindo a série é:

    Qual o objetivo?
    Qual a moral da história?
    Que mensagem querem passar?

    É sobre os losers. Isso mesmo. Sobre os underdogs da vida. Aqueles que passam por você desde o colégio até a velhice e são sempre julgados como inferiores. É sobre o que eles precisam passar e superar pra conquistar muitas vezes o minimo de realização pessoal. É sobre como inconscientemente os classificamos e tentamos dizer qual é melhor ou pior.

    Vou listar alguns personagens, apenas descrevendo-os:

    De um lado da história temos uma família conservadora. Que dizem ser honestos e que pagam seus débitos, mas como todos que se vangloriam demais, possuem “seus podres”. Nessa linda família, temos o galã com cara de príncipe, mas que não é príncipe pra não deixar a história muito óbvia, por isso é como um daqueles atletas em ascensão que sofre uma lesão e nunca mais é o mesmo. Já sua irmã, que faz cara de santa  –  não pra quem a conhece -, é capaz de mandar matar o próprio marido e para proteger seus belos filhos.

    Do outro lado temos uma família que realmente faz valer o nome. Não se dizem honrados. Eles colocam o certo em prática. Mas sabe como é, a irmã mais velha sonha em ser princesa, mas quando chega a hora de ter um relacionamento: os homens a maltratam de todas as formas a ponto de ser estuprada pelo próprio marido. Após estar calejada dos percalços da vida, hoje ouve investidas do mesmo que se dizia apaixonado por sua mãe, enquanto cuida de um reino em um ponto distante no mapa. A irmã mais nova é uma “menina moleque”. Te lembra aquela prima que é a melhor jogadora de futebol da rua e quebrou todos os amigos com quem brigou. O irmão do meio, depois de ser vítima de um “acidente”  –  hoje poderia ser equiparado ao de transito onde o culpado que não cumpre pena e não paga pela imprudência  –  se torna cadeirante e desenvolve problemas mentais. Ah! Essa família também resolveu criar um garoto, que um dia se tornou um cara barbudo, de cabelo grande e que tomou uma surra dos seus “amigos” e uma “facada no peito” ao saber da traição, mas superou e voltou a vida uns dias depois  –  lembrando muito uma parábola da mitologia cristã. Mitologia essa, que é totalmente patriarcal e que nunca colocou um homem se curvando a uma mulher seja lá qual o motivo.

    Sobre nosso barbudo e cabeludo se curvar para uma mulher: Eu aposto que ele irá fazer em algum momento. Ainda mais por ser uma mulher tão sofrida quanto ele, já que foi vendida pelo irmão  –  que buscava retomar o poder familiar  –  e em sua lua de mel se tornou objeto sexual do seu marido, um líder de tribo também patriarcal a qual ela veio a liderar depois. Atualmente a mulher vendida pelo irmão, objeto sexual, a mais sofredora com seu nome, segue caminhando em direção aos seus objetivos e conta com um conselheiro e braço direito que é uma pessoa pequena, vulgarmente chamado de duende. Conselheiro este que sempre foi humilhado e colocado as margens da família. Mas, com uma boa oratória, poder de negociação, estratégia, honra e respeito pelo próximo fizeram dele um grande homem.

    Ainda no time da rainha do mar de sofrimento, temos o negro que era escravo, foi castrado e criado em um ambiente hostil e violento, adestrado a seguir seu dono. Ele se torna uma pessoa gentil e carinhosa com sua amada e aparece na série sendo exemplo de como ser um cavalheiro  –  enquanto dizemos que homem agressivo é devido sua criação, enquanto o homem negro se torna um objeto sexual e/ou piada pelo que dizemos do tamanho do tamanho médio de seu órgão genital. Tratar sua amada com respeito, satisfaze-la psicológica e fisicamente mesmo sem um passado que o tenha preparado para isso – Enquanto isso, vamos para as redes sociais rir dos memes sobre como o “Ken e Barbie transam”.

    Também não podemos esquecer do gordinho CDF, sem talento para ser guerreiro, ou cavaleiro, mas que consegue fazer um procedimento cirúrgico só lendo “tutoriais” encontrados sob as teias da biblioteca. E da mulher guerreira que em um ambiente dominados por homens, vence o mais amedrontador deles.

    Você consegue ver as múltiplas jornadas de realização pessoal que cada um deles?

    Consegue ver pelo que todos eles passaram para mostrar seu valor na posição que estão?

    Consegue perceber que alguns nem queriam mostrar seu valor e só tentavam sobreviver ao ambiente hostil?

    Agora quando você torcer para um personagem, vai perceber que está inconscientemente julgando seu status social. Julgando qual deles é mais merecedor. Qual deles sofreu mais e merece uma recompensa. Julgando-os por dores que você acha que conhece, ou pior: desconhece.

    Em relação a série Game of Thrones, é óbvio que no início assistia pensando: “Quem morrerá primeiro?!“. Seria hipocrisia dizer que eu não tinha minhas crenças a respeito dos losers, mas ao perceber essa sutil mensagem de George R. R. Martim e HBO hoje posso refletir mais sobre essa questão. Se você nunca tinha pensado nisso, agora irá! Vai assistir a série e continuar torcendo por alguém? Sim. Mas enquanto se apegar em “ranquear” o sofrimento e o passado de pessoas em realidades que desconhecemos, por mais empático que se tente ser, não é correto. É pra deixar claro que nosso julgamento de sucesso a respeito de realizações materiais e pessoais são e vão continuar insuficientes. E ao tentarmos julgar os que possuem aparência frágil, aparentam ser perdedores e são chamados de “diferentes” a mão de Game of Thrones cresce pra dar um tapa na sua cara ao final da série.

    Levei sete anos me perguntando, o que eles querem com cenas de mulheres sendo abusadas, sexo entre irmão, criança matando adultos e vice-versa. Está na hora de perceber o quão errado estamos em fazer esse tipo de avaliação, piadas, rir de pessoas em determinadas situações. Foram sete anos de cenas chocantes e plot twists enlouquecedores para te dizer que o mundo mudou; e mudou com força. Eu negro, pobre, acordo cedo e durmo tarde todo dia em busca de algum conhecimento, algo que me realize, que prove meu lugar no mundo e consiga fazer a diferença ao menos paras pessoas com quem me importo, e nesse meio tempo julgo e faço piadas de outros semelhantes. Diferentes em um ponto ou outro, porém semelhantes. E você faz o mesmo. Não minta. Eu sei que faz.

    Provavelmente você pode achar que é exagero meu, que a série é apenas uma forma de entretenimento; por isso pergunto: O que você acha de cotas sociais? Qual a ordem de prioridade de cada uma dessas pessoas depois de “ranqueadas” no seu grupo? Ok, esse texto não é sobre cotas sociais. É sobre o quanto não somos empáticos quando deveríamos ser, ou ainda pior, quando fingimos ser com os chamados “losers“. E quando a história de Game of Thrones se concluir; quando você finalmente entender o que estavam te ensinando ao longo desses anos, vai perceber que apesar de diferentes, temos uma grande defeito: todos nós julgamos o próximo!

    E aí, o que achou da teoria? Deixe seu comentário e lembre-se de nos acompanhar nas principais redes sociais!