O diretor Matt Reeves que reformulou a franquia Planeta dos Macacos é um dos nomes mais comentados do momento; o nativo de Long Island, EUA, se vê diante do maior holofote de sua carreira, em muitos sentidos, a culminação de uma jornada que começou aos 8 anos de idade, quando ele ganhou uma câmera dos pais e começou a fazer filmes estrelados por seus amigos e parentes.
Hoje vamos abordar a sua visão para Batman, que se consolidou com uma direção sólida, assim como a cinematografia.
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UMA NOVA ESTÉTICA DE GOTHAM CITY
A visão de Reeves é explícita, uma Gotham própria. Não chega a ser uma Chicago futurista como nas adaptações do diretor Tim Burton, e muito menos assemelha-se ao visual moderado de Christopher Nolan em sua trilogia. Aqui, a cidade é caracterizada com um estilo nova-iorquino com elementos inspirados na arquitetura da Times Square.
NEO-NOIR
Bem comuns nas décadas de 40 e 50, os filmes noir tinham raízes na Segunda Guerra Mundial e refletiam desilusão da época, com uma visão de mundo pessimista. São ambientados em cidades sujas, opressoras e recheadas de problemas sociais. Os personagens são corruptíveis e isso também se reflete no protagonista, que costuma ser violento, individualista e com uma conduta moral questionável.
Outro traço marcante é a presença da femme fatale, uma personagem com objetivos dúbios e que oscila entre aliada, interesse amoroso e antagonista no decorrer da trama.
Vários filmes resgataram esse mesmo estilo mais tarde e podem ser classificados como neo-noir, como Chinatown, Taxi Driver, Drive, Sin City e Blade Runner 2049.
Batman, de Matt Reeves, abraça o neo-noir como um subgênero e traz vários desses elementos na construção da narrativa.
EXPRESSIONISMO ALEMÃO
Vertente cinematográfica da década de 1920, o expressionismo alemão caracterizava-se pela distorção de cenários, personagens e tipografia, maquiagem características e recursos de fotografia que conferiam maior dramaticidade aos personagens ao mesmo tempo que propunham uma reflexão sobre como os criativos da época viam o mundo.
Em Batman, apesar de uma roupagem moderna, é possível perceber traços deste movimento nos cenários pouco saturados mas com certo contraste, no visual do personagem que denota dramaticidade e certo desequilíbrio, no cabelo sempre desarrumado e na maquiagem ao redor dos olhos propositalmente colocadas no take, ao mesmo tempo mostrando o fundo necessário para a máscara do protagonista, mas, também, para conferir ares sombrios ao personagem.
Referências parecidas são encontradas no clássico O Gabinete do Dr. Caligari (1920).
O NOVO BATMÓVEL
O diretor Matt Reeves revelou ter inspirado o batmóvel no Plymouth Fury do clássico livro de Stephen King, que também foi adaptado para os cinemas previamente em Christine, o Carro Assassino (1983), que comentou:
“Ele tem que aparecer das sombras para intimidar, então pensei nisso quase como a Christine, de Stephen King. Gostei da ideia do próprio carro como uma figura de terror, com uma aparência animalesca para realmente assustar as pessoas que Batman está perseguindo.”
Publicado em 1983, Christine conta a história do adolescente Arnie Cunningham. Sem que ele soubesse, seu amado carro, um Plymouth Fury 1958, chamado Christine, foi possuído por forças sobrenaturais sinistras que trouxeram uma aura do mal para a vida de Arnie.
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A FASE DE DENNIS O’NEIL
Reeves já falou várias vezes o quanto é fã do Batman detetive, e em uma dessas ocasiões ele exaltou o seu autor favorito no que se refere a esse aspecto específico do Homem-Morcego: Dennis O’Neil, um dos mais importantes escritores do Batman, devido à reformulação que fez com o personagem em um momento crucial.
Quando O’Neil chegou ao Batman nos anos 70, as últimas duas décadas haviam sido cruéis com o Cavaleiro das Trevas. Graças ao psiquiatra Fredric Wertham e seu livro A Sedução do Inocente, os quadrinhos de super-heróis se viram sob ataque, e assim foi criado o Comics Code Authority, com uma série de restrições. Batman foi um dos personagens mais afetados, já que suas histórias precisavam ser sempre coloridas e simpáticas às crianças.
Foi Dennis O’Neil, quando o código já começava a perder força, que começou a reinventar o Batman, conferindo-lhe novamente às trevas que lhe caiam tão bem. Além de colocar nas histórias temas importantes como racismo, drogas, guerra e violência urbana, O’Neil colocava sempre um foco no personagem usando seu intelecto para investigar pistas e resolver crimes.
Matt Reeves nos presenteia com uma adaptação corajosa e criativa de um personagem em seu segundo ano como vigilante. Nos traz uma atmosfera que bebe muito do gênero noir de investigação das décadas anteriores. Ao mesmo tempo que estabelece sua visão para esse universo.
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