Star Wars: O presente e o futuro da franquia no cinema

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Star Wars é, sem dúvidas, uma das maiores franquias do cinema mundial. Lançada há 41 anos, a marca criada por George Lucas possui uma legião imensa de fãs que consomem todos os produtos lançados. Star Wars é tão grande que no livro Como Star Wars conquistou o universo o autor Chris Taylor descreve sua jornada para encontrar alguma pessoa que nunca tenha visto nada sobre a franquia, falhando miseravelmente no final. Ele descreve Star Wars como um vírus, enraizado na nossa cultura e que faz parte do nosso cotidiano. Você pode nunca ter assistido aos filmes, mas deve saber a história principal sobre Darth Vader e Luke Skywalker, ou já deve ter esbarrado em algum comercial de TV com os droids mais amados da galáxia – C3PO e R2D2.

Com esse background, a compra da Lucasfilm pela Disney em 2012 despertou em todos os fãs o sentimento de esperança. Afinal, George Lucas já não tinha planos de seguir com a franquia após a péssima repercussão dos filmes lançados nos anos 2000. Ainda que, após muito tempo, os fãs tenham abraçado as prequels que contavam a trajetória de Anakin Skywalker até se tornar o tão conhecido Darth Vader, o gosto amargo de rejeição da comunidade nerd às produções de Lucas era notório, acabando com qualquer motivação de seu criador em trazer novos filmes para o cinema.

No fim das contas, a negociação veio com grande apreensão e dividiu opiniões. Muitos fãs acreditavam que, com a compra da empresa, várias histórias do universo expandido poderiam ser utilizadas nas telonas. As especulações tomaram conta da internet! Um exemplo de publicação que possui a chancela dos fãs – e do próprio George Lucas – e que poderia ser adaptada é a trilogia Thrawn, escrita por Timothy Zahn, composta pelos livros Herdeiro do Império, Ascensão da Força Sombria e O Último Comando.  A trilogia conta os eventos após Star Wars: Episódio VI – O Retorno de Jedi e é uma verdadeira unanimidade entre os fãs. Outra publicação que os fãs amam é o livro Kenobi de John Jackson Miller, que conta a história do grande mestre Jedi Obi-Wan Kenobi.

Ao contrário do esperado pelo fandom, a Disney fez sua escolha mercadológica: colocou tudo o que foi construído no universo expandido embaixo do selo Legends e criou suas novas histórias por contra própria. Livros, HQs, jogos, filmes. Tudo novo. Para orquestrar o retorno do universo de Star Wars no cinema, nada como chamar aquele que trouxe de volta para o mainstream a série Star Trek: J.J. Abrams, um dos maiores produtores da atualidade. E foi dessa forma que a Disney começou a amarrar a marca mais amada pelos fãs nos mesmos moldes que fez com a Marvel: incorporou a animação Star Wars Rebels em uma grande timeline e criou o seu novo universo, onde todos os produtos se complementam e, para entender algo por completo, você precisa procurar todas as informações nos produtos derivados.

Despertando a força

Star Wars: O Despertar da Força foi um estrondoso sucesso e quebrou vários recordes de arrecadação, deixando Jurassic World, lançado no mesmo ano, comendo poeira. O Despertar da Força se tornou a 3ª maior arrecadação mundial, atrás apenas de Avatar e Titanic. O espírito de nostalgia que tomou jovens e adultos foi empolgante. Afinal, todo mundo queria um novo Star Wars no cinema.

Passados os primeiros meses, iniciou-se um processo de contestação por parte do fandom, alegando que o episódio VII parecia muito “familiar”. Essa discussão foi tão forte que deu origem a um episódio inteiro de South Park, em que J.J Abrams é escalado para fazer o novo hino dos EUA, além do efeito memberberries.

Apesar de, em sua maioria, os fãs aprovarem o sétimo filme da franquia, muitos alegaram que a trama apenas repetia a fórmula de Uma Nova Esperança, reprisando elementos e situações já vistas anteriormente. Com isso, a cobrança para um oitavo filme melhor e surpreendente era esperada – e foi alcançada, em partes, mas isso nós veremos em breve.

Rogue One e uma nova esperança

Com Rogue One: Uma História Star Wars, a Lucasfilm e a Disney alcançaram novos níveis de aceitação dentro da franquia. O spin-off que conta a história do esquadrão responsável por conseguir os planos da Estrela da Morte, visto no episódio IV, foi bem aceito pelo público. Considerado por muitas pessoas como o melhor filme de Star Wars feito desde a trilogia clássica, Rogue One apresentou uma história nova, com novos personagens, de forma envolvente e empolgante, apesar dos elementos nostálgicos e todo o fan service. O filme alcançou a marca de US$ 286 milhões em seus dois primeiros fins de semana nos EUA.

Com pouquíssima expectativa e uma trama aparentemente simples, o filme arrastou milhões de pessoas para o cinema de todo o mundo. Muito do efeito positivo de Rogue One está em não precisar se apegar aos personagens – afinal, todos morrem -, transformando a missão do filme em algo forte e que se sustenta até o final. Rogue One pavimenta os caminhos das prequels até a saga clássica, sem precisar de sabres de luz e Jedi, algo que muitas pessoas duvidavam que pudesse dar certo.

O mais interessante nesse spin-off é o fato de ser uma história conhecida por todos (todos nós sabemos que os planos foram roubados), aparentemente simples, mas que conseguiu atrair todos os públicos. Por mais que ele não seja perfeito em sua execução, o filme de Gareth Edwards cumpriu seu papel como uma história interessante de Star Wars, sendo muito semelhante aos materiais produzidos no universo expandido.

Obviamente, Rogue One não foi lançado sem uma boa polêmica. A quantidade de regravações e alteração de tom do filme chamou a atenção dos fãs, pois, apesar do resultado final ser satisfatório, a produção é completamente diferente daquilo que vimos nos trailers. A influência do estúdio e de seus executivos – principalmente de Kathleen Kennedy – é cada vez mais presente nas novas produções, porém, ao que parece, as alterações no projeto ocorrem com boa parte do filme já pronto – e até com trailer divulgado – passando a sensação de não haver certeza nas escolhas feitas durante as gravações.

As polêmicas de Os Últimos Jedi

Com Star Wars: Os Últimos Jedi a maré de boa sorte começou a mudar. Se por um lado as críticas sobre o filme foram mistas – e você pode conferir a nossa crítica aqui -, por outro, Os Últimos Jedi causou um racha inimaginável na base de fãs.

Sendo a produção mais longa do universo de Star Wars até então – com duração de 152 minutos -, o diretor Rian Johnson obteve grande confiança do estúdio, ganhando espaço para explorar o roteiro de forma mais livre. Após o lançamento, muitos fãs que não gostaram do filme inundaram as redes sociais com questionamentos, restando ao diretor e roteirista a missão de explicar as suas decisões.

Em entrevistas, todas as respostas dadas por Rian sobre cenas e acontecimentos polêmicos eram justificados com, apenas, “foi a minha vontade” ou com alguma outra afirmação vaga. Um grande exemplo disso é a criação de um passado para a personagem Rey que provavelmente não irá se sustentar pelas mãos de J.J. Abrams no próximo filme. Essas escolhas, aparentemente sem uma base ou sem explorar o passado da franquia – que tem 41 anos -, causaram insegurança em parte do público, abalando o relacionamento deles com as novas produções da Lucasfilm/Disney.

Os Últimos Jedi deixou não só um futuro incerto para a franquia, como também muitas dúvidas na cabeça dos fãs. Se tornou um filme mais 8 ou 80 do que as próprias prequels! Para deixar tudo mais confuso ainda, o próprio Mark Hamill falou em entrevista, mais de uma vez, que não concordava com os acontecimentos do roteiro. Que aquele Luke Skywalker visto em tela não era o que ele havia interpretado até aqui. Claro que, após essas entrevistas, sua opinião mudou – muito provavelmente por pressão do estúdio, que já estava em uma saia justa com os fãs.

Mesmo com novos planetas, naves, criaturas (porgssss!!) e novas personagens, Star Wars: Os Últimos Jedi infelizmente não desenvolveu os mistérios que foram introduzidos no Star Wars: Episódio VII – O Despertar da Força. Mais do que isso, ele eliminou boa parte das histórias iniciadas no episódio VII, estreitando a trama para o episódio IX. Com a intenção de inovar, Os Últimos Jedi decepcionou uma parte dos fãs da saga, principalmente no que tange aos destinos de Luke Skywalker e Snoke, o grande Líder Supremo da Primeira Ordem.

Com a imagem um pouco arranhada, Rian Johnson terá que se superar nos próximos três filmes que estarão sob sua tutela para conseguir resgatar o amor da parcela de fãs que ele decepcionou.

Han Solo: o fracasso?

É com um cenário não tão bom que chegamos ao lançamento de Han Solo: Uma História Star Wars. Se Rogue One foi um spin-off bem aceito pelo público e um sucesso de crítica, Solo amarga o desinteresse e críticas amenas/ruins. Em seu primeiro fim de semana, Han Solo alcançou a marca de US$ 83 milhões de bilheteria nos EUA, enquanto as projeções eram de US$ 150 mi. Segundo o Box Office Mojo, após 10 dias de arrecadação, Solo alcançou a marca de US$ 264,2 milhões mundialmente, um pouco a mais do que Vingadores: Guerra Infinita fez no seu primeiro final de semana.  Em sua segunda semana, a queda na bilheteria nos EUA foi de 65%.

Muitas pessoas se questionam se a baixa arrecadação do filme é resultado de um boicote por parte dos fãs após Os Últimos Jedi ou por ser um filme que “ninguém queria” – é de conhecimento geral que boa parte da população do planeta quer um filme do Obi-Wan. Além disso, outros dois fatores são considerados bem pertinentes para o “fracasso” de Han Solo: a data de lançamento, em meio ao fervor de Vingadores: Guerra Infinita e a estreia de Deadpool 2; e a troca de diretores, que causou uma série de rumores e U$ 250 milhões em regravações. É interessante lembrar, também, do hate imediato no ator Alden Ehrenreich que, além de não ser bem aceito pela maioria das pessoas para substituir Harrison Ford, foi alvo de rumores sobre a sua atuação no set.

Vale lembrar que Han Solo: Uma História Star Wars trata de nada mais, nada menos, do que a história de um dos personagens mais amados da franquia. Apesar de ser um spin-off, a produção possui personagens que as pessoas conhecem e se identificam, diferentemente do que acontece em Rogue One. Além do protagonista, temos o retorno de Chewbacca, Lando (interpretado por Donald Glover) e Darth Maul, personagem que surgiu nas prequels e possui uma legião de fãs. Emilia Clark, Woody Harrelson, Thandie Newton e Paul Bettany também são nomes de peso que fazem parte da produção. Então, o que pode ter dado errado?

Em conversa com fãs – inclusive de FC’s – e analisando a repercussão em várias mídias diferentes, é fácil perceber que um filme sobre Han Solo, simplesmente, não foi apelo suficiente para unir os espectadores como acontece com a saga principal. Mesmo com o retorno de um personagem clássico, a produção não conseguiu empolgar. É interessante analisarmos esse efeito, pois em breve teremos não só novos spin-offs como também uma saga nova que não será baseada na família Skywalker. Será que esses novos filmes terão a mesma força para manter a audiência/arrecadação como aconteceu com as continuações da saga clássica? Tirando Obi-Wan e Boba Fett, que são personagens idolatrados e que muitos fãs esperam com grande expectativa, os novos projetos são uma incógnita para todo mundo.

O futuro da saga

É possível que os novos filmes, sem os pilares da nostalgia, consigam manter o público de massa fiel às produções?  Ao contrário do efeito Marvel, que iniciou sua jornada no cinema com personagens de nicho e não massificados em várias partes do mundo, Star Wars é uma franquia conhecida e reconhecida, considerada uma das maiores do cinema. Assim como há desconfiança na série sobre O Senhor dos Anéis, há também a desconfiança dos fãs de Star Wars com o futuro da saga nos cinemas. Muito dessa desconfiança vem após os acontecimentos envolvendo Os Últimos Jedi, motivos que já exemplificamos anteriormente.

O questionamento é interessante e se baseia, principalmente, no fato de um filme solo de um dos personagens mais amados da franquia – Han Solo – não ter sido o suficiente para movimentar fãs e simpatizantes da saga a irem ao cinema, resultando em uma bilheteria fraca e uma repercussão pior ainda. Estariam os alicerces que mantém Star Wars vivo como um “blockbuster” concentrados apenas na história da família Skywalker? A ideia de um novo universo nos cinemas  não terá vez sem o fan service?

No futuro, temos confirmado um filme do Boba Fett dirigido por James Mangold, um possível filme de Obi-Wan Kenobi, uma nova trilogia dirigida por Rian Johnson e uma série de filmes produzidos e roteirizados por David Benioff e D.B. Weiss, co-criadores da série de sucesso Game Of Thrones, com a possibilidade de adaptar um dos arcos mais amados dos fãs – e que definitivamente necessita ser cânone – The Old Republic.

Além de todos esses filmes, há também uma série live action sob a tutela de Jon Favreau e que se passará após os eventos de O Retorno de Jedi. O primeiro filme dessa nova safra pode ser lançado daqui 2 anos. Isso sem falar dos produtos derivados, como animações, novas HQ’s, livros e games.

Há uma grande aposta da Lucasfilm e da Disney em fazer a franquia durar muitos e muitos anos… mas, será que é possível fazer isso sem perder a magia e sem saturar? Até onde é possível chegar sem comprometer a franquia?

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