Ao longo dos anos, games de ação tomaram cada vez mais espaço e no PlayStation 1 não foi diferente. De Metal Gear Solid, à Syphon Filter e até mesmo Castlevania: Symphony of the Night fizeram o console ser um dos mais amados por todas as gerações que o puderam jogar. Mas além dos games que reinaram em uma geração, está um dos meus favoritos de todo o tempo, Jackie Chan Stuntmaster. Repleto de desafios e uma dificuldade aceitável, o game nos lança por um mundo estranhamente conhecido – se você já assistiu qualquer filme de Jackie Chan dos anos 90 -, e mais, nos proporciona boas risadas se analisarmos hoje seu visual, trilha sonora, efeitos sonoros e gameplay.
Jackie Chan Stuntmaster foi desenvolvido pela Radical Entertainment e publicado pela Midway Games. O game lança os jogadores por um mundo em que o avô de Jackie trabalhava com antiguidades, mas é sequestrado quando uma antiga peça é alvo do interesse de um grupo criminoso. A partir daí, Jackie precisa passar pelos níveis, coletando as máscaras vermelhas e batendo nos inimigos até encontrar seu avô.
SINOPSE
O jogo conta a história de um jovem entregador (Jackie Chan) que teve a missão de entregar um pacote em um templo de artes marciais chamado Temple of the Shaolin (Templo Shaolin). Neste mesmo dia, enquanto jantava em um restaurante, percebeu que seu avô estava sendo interrogado discretamente por cinco pessoas. Quando os cinco homens percebem que Jackie havia os descoberto, partem em fuga para não levantarem suspeita, mas Jackie continua seguindo-os.
Porém, seguindo na busca de seu avô, ele acaba num beco sem saída, de onde ele irá começar suas aventuras para salvar seu avô e reaver o pacote.
ANÁLISE
Se assemelhando também à animação dos anos 2000 mas deixando o misticismo de lado, Stuntmaster é um mergulho na infância desse que vos escreve. Após passar horas e horas jogando sem memory card à época, eu tinha uma árdua tarefa, chegar ao fim do game e coletar todas as máscaras ao longo de um dia inteira. Ao contrário de deixar o videogame ligado como muitos faziam – aqui em casa as coisas não funcionavam bem assim -, era sempre necessário retornar ao começo do game.
Jackie Chan Stuntman nos lança por uma aventura repleta de desafios. Desde derrotar inimigos em plataformas estreitas sem cair delas, até mesmo como se locomover pelas fases enquanto tentar encontrar cada uma das 10 máscaras espalhadas por cada um dos níveis.
Como um exercício, rejoguei Stuntmaster na tentativa de tentar entender a real dificuldade do game, que não se sustenta nos dias de hoje. Mesmo com uma visão completamente diferente da época e maior destreza nas mãos, senti que Stuntmaster é divertido e desafiador mas por como os níveis são pensados.
E mesmo quando hordas e mais hordas de inimigos insistem em aparecer, basta quebrar uma caixa, um vaso de planta ou um barril para garantir mais vida.
VEREDITO
Jackie Chan Stuntmaster diverte por como é pensado, nos faz mergulhar em uma jornada do tempo, mesmo se você não o tiver jogado no passado. E graças a seus gráficos e efeitos sonoros, garante divertidas risadas, e é uma ótima pedida se você curte jogo véio.
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A relação entre irmãos geralmente é muito complicada, hora tudo está muito bem ou tudo muito complicado, mas em geral é um laço muito forte que carregamos ao longo das nossas vidas. Com essa temática foi lançado em 2013 ‘Brothers: A Tale of Two Sons’ desenvolvido pela Stabreeze Studios, com a direção de Josef Fares deIt Takes Two sendo um grande sucesso quando lançado para os consoles de antiga geração.
Em 28 de fevereiro de 2024 o jogo recebeu um remake desenvolvido pela Avantgarden, responsável por Murasaki Baby e Last Days of June, lançado para Playstation 5, Xbox Series X/S e PC Via Steam e Epic Games Store.
SINOPSE
Guie dois irmãos num conto de fadas épico cheio de descobertas, perdas, aventuras e mistério. O pai dos irmãos sofre de uma doença terminal, por isso os dois devem partir corajosamente e encontrar a “Água da Vida” – a única cura que pode salvá-lo. Sem poderem fracassar, os irmãos devem confiar um no outro e usar suas habilidades individuais para se protegerem e superarem os obstáculos que enfrentarão nesta jornada inesquecível.
ANÁLISE
Infelizmente nas gerações passadas não tive a oportunidade de jogar Brothers: A Tale of Two Sons, pois tranquilamente faria parte da minha lista de jogos preferidos daquele período. Eu considero um remake uma forma de celebração aos jogos passados e definitivamente esse título merecia isso para a recente geração.
Brothers é visualmente impressionante, sendo digno de elogios o trabalho realizado pela Avantgarden em transportar esse aspecto muito elogiado para a nova geração, com a possibilidade de direcionar o desempenho para os gráficos ou taxa de quadros. Em relação a bugs com uma rara exceção de subir em uma pedra e um dos irmãos ficar parado no meio da escalada no início da gameplay não apresentou nenhum problema.
A trilha sonora é excelente por conduzir a jornada ao longo das fases como um conto, reforçando a razão do título do jogo com um conjunto de efeitos sonoros que acrescentam de forma significativa a imersão do jogo.
A jogabilidade é bem incomum em relação ao que é por costume em jogos por ser simultaneamente algo muito simples de se realizar, porém difícil de se coordenar até que se acostume com o funcionamento do jogo. Isso se dá por literalmente cada analógico do controle e seus respectivos gatilhos serem os comandos para cada um dos irmãos, que tem sua própria função na dupla e movimentar ambos exige um tanto de coordenação mesmo que só tenha 2 comandos para cada um.
Isso se conecta com os puzzles que surgem ao longo da jornada, sempre seguindo o estilo que cada irmão tem uma participação na sua resolução.
Neste aspecto, saber o que é necessário para solucionar os desafios impostos é muito instintivo, mas caso você não perceba sempre um deles indica por onde começar ou o que fazer a seguir para progredir no jogo ausente de uma linguagem compreensível.
Eu não costumo mencionar a direção quando se trata de um jogo, mas neste caso é interessante ressaltar o excelente trabalho de Fares em trazer algo que é direcionado para o subjetivo e experimental, uma característica muito especial dos jogos indies e que tornam o título algo muito único.
A relação entre jogabilidade e história é uma harmonia que em poucos jogos se encontra algo que, agora que tive a incrível experiência de joga-lo, justifica ele ser tão querido desde o seu lançamento.
Particularmente eu acho interessante quando um jogo utiliza uma linguagem não verbal para contar sua história e, mesmo que em Tale of Two Sons exista sons, não é possível compreender o que é dito ficando aberto a interpretação de quem joga. Essa abertura para o imaginário realça o aspecto emocional que a narrativa produz, pois a interpretação dos diálogos fica direcionada a sua vivência como uma pessoa em contato com isso.
Mesmo que não tenha uma grande duração, apesar de ter sido acrescentado mais conteúdo, a história é intensa, com surpresas ao longo do caminho e um desfecho que não existe descrição melhor do que emocionante. Tendo ao longo do caminho interações opcionais que não afetam o seu rumo, mas acrescentam a jornada a experiência de jogo como um todo.
VEREDITO
O remake de Brothers: The Tale of Two Sons consegue trazer para a nova geração um dos jogos mais emocionantes de sua época, potencializando as suas qualidades, realizando as melhorias necessárias e preservando o trabalho criativo original.
Nossa nota
5,0 / 5,0
Confira o trailer do game:
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Há quem diga que Nicolas Cage é caricato, fraco em suas atuações e muito mais. Mas um ator vencedor de dois Óscars e diversos prêmios pode ser isso e muito mais. Abraçando por vezes a personalidade que muitos assumem que ele possui como em ‘O Peso do Talento‘ e até mesmo ‘Willy’s Wonderland‘. O filme que parece se basear na trama de Five Nights at Freddy’s, mas mergulha de cabeça no mais bizarro que existe, com alguns twists. Com a clássica trama do herói silencioso que adentra as tramas de uma misteriosa cidade em que pessoas de passagem desaparecem, somos surpreendidos por divertidas e curiosas sequências.
Lar de uma deturpada diversão no passado, a Willy’s Wonderland funcionava como uma casa de festas de dia, mas que a noite, reservava terríveis eventos aos convidados do Willy, um serial killer que escondia suas ações por traz de uma fachada polida e simpática.
SINOPSE
Quando seu carro quebra, um homem solitário concorda em limpar um parque de diversões em troca do conserto. Logo ele se encontra em meio a uma guerra contra animatrônicos.
ANÁLISE
Quando um visitante de uma cidade no meio do nada tem seu pneu misteriosamente rasgado, ele é obrigado a passar a noite como zelador de um lugar – uma casa de festas longe de tudo -, a fim de pagar pelo conserto de seu carro. Ao longo do filme acompanhamos a jornada do zelador, e de jovens da cidade no lugar em que ameaças parecem surgir a todo o tempo, colocando suas vidas em risco. Como um protagonista completamente silencioso, os mistérios relacionados à presença do Zelador giram em torno do personagem ignorar completamente os perigos que surgem a sua frente.
Enquanto se nega a se levar a sério, o filme nos lança por perigos o tempo todo, mas os perigos só funcionam para os outros personagens, já que o Zelador atua quase sempre como uma força da natureza em direção aqueles que causam o mal.
Como uma diversão garantida não apenas por seus absurdismos, mas pelas sequências de ação completamente inverídicas, Willy’s Wonderland nos faz ver como o que parece ser a primeira adaptação de Five Nights at Freddy’s. Por meio de perigos completamente injustificáveis, vemos como este filme também funciona como uma absurda comédia de terror repleta de ação.
Enquanto busca apenas passar a noite, o Zelador transpassa todos os perigos que surgem em sua frente, batendo de frente com os terríveis desafios e as ameaças que insistem em surgir.
VEREDITO
Willy’s Wonderland diverte, assusta e falha em nos apresentar perigos assustadores. Ao se distanciar de ser um horror e se entregando ao pastelão que ele claramente é, nos faz entender que Nicolas Cage pode ser o que ele quiser no cinema. Até mesmo um protagonista completamente silencioso que só quer ver o sol nascer de novo, nem que precise quebrar no braço diversos animatrônicos malignos e sombrios.
Nossa nota
4,0 / 5,0
Confira o trailer do filme:
Willy’s Wonderland está disponível no Prime Video.
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Pouquíssimas obras da ficção conseguem ser tão importantes quanto a criação do escritor estadunidense Frank Herbert. Duna lançado oficialmente no ano de 1965 arrastou as premiações literárias como o Hugo e Nebula tal qual uma avalanche de areia. Abordando temas como ecologia, história, imperialismo e religião em um mundo complexo e dispare do nosso, bem, talvez nem tanto. O livro foi durante anos considerado infilmável, onde muitos duvidavam da transposição de sua escala colossal para as telas da sétima arte.
Na década de 70 o cineasta, escritor e roteirista chileno Alejandro Jodorowsky munido de uma equipe dos sonhos fez a primeira tentativa de passar das páginas para o cinema uma história complexa e cheia de nuances. Seu grupo composto pelo quadrinista Moebius, o artista plástico H. R. Giger, o roteirista Dan O’bannon, o pintor Salvador Dali e muitos outros, tentavam compor algo nunca visto, uma mistura de ficção científica e LSD, uma lisergia no deserto, mas como nada é perfeito este projeto não deu frutos direitos, e este filme megalomaníaco nunca saiu do papel. Entretanto graças a esse fracasso tivemos algumas das obras mais importantes dos mundo imagináveis, os quadrinhos Incal (Jodorowsky e Moebius, 1980) e A Casta dos Meta Barões (Jodorowsky e Juan Giménez, 1992) e o filme Alien o Oitavo Passageiro (Dan O’bannon, H. R. Giger e Ridley Scott, 1979).
Em 1984 Duna fez sua primeira aparição nas telas de cinema pelas mãos do excêntrico diretor David Lynch. Neste filme Lynch tomou várias decisões adaptativas, modificando elementos da obra original, e lhes confesso que fiquei assustado na primeira vez que vi quando na infância. Produzido por Dino de Laurentiis, podemos entender este filme como uma tentativa da época de encontrar um novo Star Wars, mas falhou miseravelmente fazendo com que o cineasta nunca mais desejasse dirigir um blockbuster. Com um elenco repleto de grandes nomes como Patrick Stewart (o capitão Picard de Star Trek e o professor Xavier de X-Men), Sean Young (Rachel de Blade Runner) e Sting (da banda The Police), Duna de David Lynch demonstrou que existia uma possibilidade de criar as areias e os vermes do deserto para o Grande público.
SINOPSE
Paul Atreides se une a Chani e aos Fremen enquanto busca vingança contra os conspiradores que destruíram sua família. Enfrentando uma escolha entre o amor de sua vida e o destino do universo, ele deve evitar um futuro terrível que só ele pode prever.
ANÁLISE
Em 2021 este universo ganhou vida pelas mãos do diretor franco-canadense Denis Villeneuve, podemos ver em alto e bom tom a grandiosidade do planeta Arrakis em meio a uma disputa espacial feudal, com casas galácticas, exércitos poderosos e criaturas que rasgam o chão, tudo envolto por uma fé profética. E neste ano pude ver o desfecho dessa epopeia, e sem mais enrolação vamos para Duna Parte 2.
Após a traição do Imperador Shaddam Corrino IV (Christopher Walken), Paul Atreides (Timothée Chalamet) e sua mãe Lady Jessica (Rebecca Ferguson) se veem desolados em um planeta inóspitos sem o poder que tinham antes, agora recorrem aos verdadeiros moradores do planeta os Fremen, e com eles tentaram sobreviver e compor uma vingança. No primeiro momento do filme vemos o que Duna de Villeneuve tem de mais poderoso, a capacidade visual de narrar com imagens os contextos e conceitos.
Ao adentrar a nova cultura Paul e sua mãe tem de compreender e aprender a vivência do outro, entender sua linguagem e modus operandi. Vagando Pelo deserto o protagonista duvida de si mesmo e da profecia que carrega, a todo momento falando que não é o escolhido, o tal Kwisatz Haderach, o ser que unirá os Fremen contra um inimigo externo que são representados pelos exagerados e até mesmo opulentos Harkonnen. Estampados com uma boa atuação de Stellan Skarsgård em seu papel da figura standard de Barão Vladimir Harkonnen.
A jornada de Lady Jessica segue um ponto similar, ela adentra ainda mais na espiritualidade do povo da área, mesclando seus conhecimentos como Bene Gesserit aos de reverenda madre da população local, chegando ao ponto de transcender espiritualmente e mudar os rumos da trama. Nos colocando o questionamento de o quão uma cultura é influenciada diretamente pelos anseios de um grupo estrangeiro dominante, o quão uma forma de imperialismo afeta um grupo social. A produção do filme optou diferentemente do livro por não assumir as referências Islamo-africo-árabes de forma direta.
A obra original apresenta uma série de personagens e títulos que possuem origem islâmica. O protagonista, Paul Atreides, é chamado por diversos títulos islâmicos, como “Muad’Dib” e “Usul”.
Além disso, outros personagens, como o Imperador Shaddam IV e seu exército Sardaukar, também possuem nomes e títulos referentes, onde os Sardaukar são inspirados diretamente pelos guerreiros Janízaros do antigo império Otomano.
Além dos termos e dos personagens, o livro também apresenta diversos paralelos com a história. A resistência dos fremen contra os opressores e a liderança de Paul como um líder messiânico são reminiscentes de figuras históricas como o Imã Shamil, um líder islâmico que resistiu ao império Czarista russo no seculo XIX.
No filme, o personagem Stilgar (Javier Bardem) toma ares de um devoto da fé, reforçando os feitos de Muad’Dib, e até mesmo servindo de figura cômica onde sua fala “Lisan Al Gaib” se tornou meme. Outro personagem de destaque foi a aquisição de Feyd Rautha (Austin Butler), sobrinho mimado e psicótico do Barão Harkonnen. A apresentação do personagem se dá em uma cena que me deixou boquiaberto, uma inspiração direta no visual biomecânico do artista plástico H. R. Giger.
Giedi Prime o planeta sede da casa Harkonnen é filmado é uma forma aterradora e bela, iluminado por um sol negro onde as cores deste mundo são brutalmente destacadas entre o branco e preto, e sendo sincero foi uma surpresa descobrir que essa cena foi filmada com uma câmera infravermelha para que se conseguisse tais tonalidades. Neste momento volta ao jogo as Bene Gesserit demonstrando seus controle por de trás dos panos desse jogo de poderes que é o universo de Duna.
Ao decorrer da trama vemos a assimilação de Paul a cultura local, se colocando em desafios e lutando em suas missões, até chegar o momento onde ele se aceita como o escolhido de muitos nomes, Kwisatz Haderach, Lisan Al Gaib e aquele que cavalga os Vermes Gigantes. Buscando unir os Fremen de diversas regiões para combater a dominação. Chani (Zendaya) em diversos momentos demonstra desaprovação pela fé cega que Paul recebe.
Podemos ressaltar uma crítica pontuada diversas vezes pelo Autor em suas entrevistas, onde Herbert enfatizava o cuidado que devemos ter com figuras messiânicas, e também uma crítica a figuras históricas de Lawrence da Arábia, onde no início do século passado unificou tribos islâmicas contra a dominação Otomana, mas deixou para trás um rastros de problemas políticos.
Alguns dos momentos mais belos da película é o funeral de um membro da tribo, onde é retirado toda a água de seu corpo e despejada em um lago sagrado, demonstrando o cuidado que eles têm com seu bem mais precioso. Outro grande momento é a chegada do Imperador Shaddam IV e sua filha a princesa Irulan Corrino (Florence Pugh) com sua comitiva e exércitos ao planeta Arrakis, onde vemos uma nave abobadada totalmente reluzente, indo de encontro a Paul para retirá-lo de sua vingança e tomarem de volta o bem mais precioso do universo, a especiaria produzida pelos vermes gigantes, que é ao mesmo tempo um misto de petróleo, LSD, aumentador de inteligência e um prolongador de vida.
O desenho sonoro em Duna Parte 2 é aspecto que merece destaque. Muitos dos sons do filme foram inventados a partir de experimentos com areia. Tornando o som do filme rico e detalhado, muitas vezes se entrelaçando com a trilha sonora composta por Hans Zimmer. A trilha, que utiliza instrumentos inventados por Zimmer, assim como instrumentos reais, cria uma experiência sonora única e envolvente.
Denis Villeneuve conseguiu fazer algo de difícil natureza, transpor uma narrativa com tantos elementos que em muitas vezes é passada na terceira pessoa de forma mental para as telas do cinema. Em uma entrevista o diretor disse que os filmes que mais o impactaram foram aqueles que são guiados visualmente e sonoramente, e com Duna tanto o primeiro quanto o segundo conseguiu passar várias nuances com gestos e efeitos, dando de certa forma um ar contemplativo.
O visual e os figurinos são estonteantes, me deixando boquiaberto, compreendo que algumas pessoas queriam algo próximo dos storyboard’s de Moebius para Duna de Jodorowsky, mas são obras idealizadas por diretores e artistas diferentes. Mas tenho minhas ressalvas, e creio que na tentativa de deixar os elementos visuais ganharem mais ênfase alguns contextos não foram tão bem abordados.
Como a imponente Guilda Espacial que comanda o comércio não só da especiaria mas de todos os produtos da galáxia, e os Mentat’s que são computadores humanos que atingem um grau tão grande de inteligência pelo grande uso da especiaria, e que também estão no páreo para ver quem se dará melhor com este jogo de poder no planeta deserto.
Tendo em vista este apontamento, Duna Parte 2 é um filme que transcende as expectativas. Conseguindo elevar a ficção científica a um novo patamar, criando uma experiência imersiva e impactante. A combinação de imagem e som, o desenho sonoro inventivo, a história profunda e o elenco incrível fazem de Duna: Parte 2 um verdadeiro espetáculo.
VEREDITO
A Adaptação de Duna por Denis Villeneuve captura a essência da obra de Frank Herbert ao abordar temas como poder, fanatismo e manipulação política. E tenta nos lembrar da importância de questionar figuras de influência e entender que o poder pode corromper até mesmo as pessoas mais bem-intencionadas. Duna é uma história trágica que nos faz refletir sobre os perigos do poder e a importância de resistir às armadilhas do destino.
Nossa nota
5,0 / 5,0
Confira o trailer do filme:
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‘Pentiment‘ foi por quase dois anos um game exclusivo das plataformas Xbox. Tendo sido desenvolvido pela Obsidian, o game chegou em 2024 ao Nintendo Switch, PlayStation 4 e PlayStation 5 no dia 22 de Fevereiro. O game é um RPG de aventura narrativo com uma jogabilidade sidescroller 2D. No game, somos ambientados à era Medieval, mais especificamente no período que antecede o Iluminismo, mais especificamente, no século XVI. O game nos ambienta à história de Andreas no período de 25 anos.
Andreas é um artista que trabalha com manuscrito de iluminura – pinturas decorativas, letras capitulares produzidos principalmente nos livros e pergaminhos de conventos de abadias da Idade Média. Podendo escolher tanto o passado – como os lugares por onde ele passou antes de chegar à cidade de Tassing – de Andreas quanto suas aptidões – campos de estudo como teologia, medicina (mesmo que esta ainda não existisse à época), astrologia, leis imperiais – e preferências de estudo – como latinista, lógico, orador, ocultista e afins.
Quando mergulhamos na história de Andreas no Monastério Beneditino Kiersau, acompanhamos não apenas a sua história, como a de todos os habitantes do monastério duplo e da cidade de Tassing, como seus futuros serão moldados de acordo com os acontecimentos que se desenrolarão ao longo do game.
SINOPSE
Entre na pele de Andreas Maler, um mestre artista que se vê em meio a assassinatos, escândalos e intrigas nos Alpes da Baviera. Vivencie a Europa do século 16 pelos olhos de grandes artistas da época.
ANÁLISE
Com um estilo gráfico cativante, trilha sonora que remete à uma era obscura da humanidade tanto pelas crenças e normas ditadas pela igreja católica, quanto toda a opressão causada por isso. Ignorando quase sempre o pensamento racional, este período ficou caracterizado por um período em que as crenças sobrepujavam a lógica e isso acabava por causar um apagamento do que realmente fazia sentido.
Seguindo uma deturpação da religião como a entendemos hoje, vemos que muito deste período foi caracterizado por como esse temor causado pela igreja era utilizado para controlar o rumo de guerras, tomar dinheiro da população e revelou assim, um dos mais perversos e gananciosos retratos da humanidade.
Pentiment retrata Andreas da maneira que escolhermos. Seja ele um letrado, um médico ou qualquer outra função, Andreas é puxado para a rede de intrigas e acontecimentos inesperados que se desenrolam na cidade de Tassing. Uma cidade, outrora pagã, cujas origens se misturam tanto com a de uma deusa, como com a de um santo que curiosamente salvaram a cidade de uma mesma maneira.
Mesmo que o papel de Andreas naquele mundo seja o de um mero espectador, sua jornada pela cidade de Tassing está próxima do fim. Sendo assim, quando sua ‘obra-prima’ for concluída, voltará para seu lar, Nuremberg, onde uma esposa prometida o espera e o início de sua verdadeira vida, agora com um ofício.
Enquanto seguimos nossa rotina, conhecemos o Barão Lorenz Rothvogel, um homem com gostos curiosos e suas rixas que espalham pela cidade como fogo selvagem. Quando a morte do Barão se dá dentro do Mosteiro, suspeitos improváveis e inesperados parecem surgir. Colocando amigos em perigo e mudando o panorama da então pacífica cidade.
Sendo completamente localizado em Português do Brasil, o game nos dá a chance de aprofundar ainda mais na história do game e dos personagens. Enquanto precisamos compreender cada um dos detalhes deste mundo e minúcias desta história, Pentiment nos faz mergulhar pelo game como algo que nunca foi visto até aqui.
Se passando em um período de 25 anos em Tassing, o game lança os jogadores em direção à solução de crimes nada comuns, tampouco corriqueiros.
Como o game nos faz mergulhar nesta jornada e nos torna imerso em todas as tramas que engendram todo o game é brilhante. Nos permitindo tomar decisões, fica claro que o game se recordará de algumas delas, por mais bobas que sejam. Mas algumas das suas escolhas podem te levar até o fim da trama como um herói, ou como um pária.
VEREDITO
‘Pentiment’ surpreende por suas escolhas narrativas, estilo gráfico, trilha sonora e muito mais. Não se utilizando de aspectos que nos remetem à outros games, o que a Obsidian faz aqui é único e marcante. Ser lançados por um mundo medieval em que nossas escolhas e opiniões podem nos colocar em direção a fogueira é curioso, encantador, temeroso e nos força a tomar cuidado.
Seja por terríveis ou incríveis facetas, vemos aqui alguns dos melhores e mais bem escritos personagens, sejam eles brutais, ou dos mais sensíveis e positivos.
Assim como todos os personagens do game e da vida, Andreas é falho. Comete erros e nossas escolhas e linhas de diálogo nos farão lembrar disso quando menos esperarmos. A riqueza narrativa, visual e de detalhes deste mundo nos faz pensar por vezes que acompanhamos aqui um livro antigo, ou um filme em que as relações se mostram tão terríveis, perigosas e atuais como nos dias de hoje, mas é claro se tirarmos da equação alguns elementos.
Pentiment é um retrato de uma era, um brilhante avanço no que diz respeito à forma da Obsidian de contar uma história e um game que merece ser jogado por todos.
Nossa nota
5,0 / 5,0
Confira o trailer do game:
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O futebol, assim como outros esportes, faz parte do universo de games desde da década de 70 com o lançamento de Soccer para fliperamas e assim foi evoluindo em fidelidade e jogabilidade a cada geração. Na década de 90 surgiu a franquia Superstar Soccer predecessora do que futuramente se tornaria Winning Eleven/Pro Evolution Soccer para as gerações seguintes de games.
Em setembro 1995 foi lançado Superstars Soccer: Deluxe que inicialmente foi desenvolvido pela Konami para Super Nintendo, posteriormente foi lançado para Mega Drive com a participação da Factor 5 em 1996 alcançando o primeiro console Playstation em 1997.
ANÁLISE
É um contraste muito evidente quando sai da geração atual com EA FC 24 e PES comque tem uma diversidade bem ampla de recursos, atualizações modos, faces e nomes reais além de atualizações praticamente simultâneas com o que acontece no esporte e revisita um jogo como Superstar Soccer que oferecia um mundo infinitamente simples porém mágico.
Neste recorte da simplicidade os comandos são relacionados aos fundamentos básicos do futebol como chute, passe, cruzamentos e o mais diferenciado que era possível realizar são as embaixadinhas para algumas acrobacias futebolísticas. A perspectiva de câmera era única, mas não atrapalha a experiência de jogo em nenhum momento, com uma transição de câmera mais cadenciada, o que é bastante interessante para a época.
Movimentar-se no jogo não é tão difícil, mas para uma pessoa completamente adaptada a um cursor analógico, jogar usando um digital é uma dificuldade muito grande, principalmente para se mover na diagonal. As trocas de passe com o gestual dos jogadores para os movimentos, dribles e o quicar da bola no campo é algo nostálgico e divertido Tudo é muito mais lento que a atual geração, mas permitia fazer coisas engraçadas como girar no próprio eixo para segurar a bola de um adversário.
A dificuldade não é tão desafiadora, obviamente acabo tendo essa conclusão em comparação com gerações posteriores, mas para os recursos disponíveis o título de futebol conseguia transmitir a emoção através de sua jogabilidade. Apesar de ser antigo o jogo tem uma boa variedade de esquemas e planos táticos para estabelecer um plano de jogo, algo que não me recordava, mas quando se pensa em relação ao que surge futuramente especificamente neste esporte é notável perceber que já existia um escopo muito bem elaborado a se evoluir.
O outro elemento que torna esse jogo tão nostálgico é a permissão que se tinha de não buscar o realismo pelas questões de direitos necessários para que fosse permitido utilizar ao menos o nome do jogador ou equipe, mesmo que soubéssemos quem era o jogador ao qual foi inspirado, como no caso notório da lenda do futebol digital Allejo e sua contraparte real o jogador Bebeto.
A afeição que se adquiriu com o craque do Superstar Soccer o tornou um dos personagens mais conhecidos dos amantes do gênero, assim como foi Castolo na franquia Winning Eleven. Atualmente não existe espaço para que surja novos Allejos ou Castolo, algo que particularmente faz muita falta nos títulos modernos e mais realistas.
Ainda sobre essa reflexão sobre a suspensão de crença que ocorria nestes tempos tão áureos se permitia ser mais um game de futebol do que exatamente um simulador, algo que atualmente é o direcionamento das desenvolvedoras do gênero. Assim tornando-se nostálgico acontecimentos divertidos como uma partida de futebol em uma copa do mundo um juíz ser um cachorro que acompanha rigorosamente todos os lances e com direito a seus próprios sons.
VEREDITO
Superstar Soccer, para mim, se tornou uma jornada para tempos muito mais simples quando trata-se de jogos de video game inspirados no futebol, retornando uma emoção a tanto perdida pela evolução do hardware e poderia ser retomada para o futuro desse gênero.
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