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    CRÍTICA – Time (2020, Garrett Bradley)

    Mais uma indicação ao Oscar 2021 sendo trazida para vocês. E olha que esta é de peso. Time é um documentário americano trazido a nós pela Amazon Prime Video que relata a história de Sibil Fox Richardson cuidando de sua família e batalhando a liberdade de seu marido que cumpre pena por um assalto à banco.

    O filme foi lançado no Festival de Cinema de Sundance, onde Garrett Bradley ganhou o Prêmio de Direção, sendo a primeira americana negra a conquistá-lo.

    SINOPSE

    Nesta íntima e épica história de amor filmada através de duas décadas, a indomável matriarca Fox Rich batalha para criar seus seis filhos e manter junta a família, à medida que ela luta pela liberação do marido da Penitenciária Estadual de Louisiana, conhecida como Angola.

    “Tempo é o que você faz dele”

    O longa tem uma premissa direta. Retratar o período de tempo da vida de Sibil Fox Richardson, ou Fox Rich como é conhecida, e de sua família, desde a prisão de seu marido, Robert, e sua luta por liberdade. Sobretudo, Time é sobre uma referência: uma mulher, negra, mãe, que suportou vários desafios por amor à sua família e ao sonho de vê-la (re)unida.

    No início somos apresentados à situação que culminou no tema do documentário: Fox e seu marido roubaram um banco. Ela foi condenada a pouco mais de três anos de prisão, enquanto Rob recebeu pena de 60 anos. Desde então, ela luta na justiça por uma redução de pena e pela chance de ter sua família completa, em casa, novamente.

    “O tempo é influenciado pelas nossas emoções”

    O documentário é todo em preto e branco, provavelmente para evidenciar que a edição é feita a partir de um apanhado de gravações e imagens do arquivo pessoal de Fox Rich, as quais ajudam a retratar sua história.

    Mas me permito observar que, talvez, a escolha por esta paleta tão básica não se deva apenas à proposta anterior, mas sim para evidenciar o cansaço e a gravidade da história. Frases e depoimentos de Fox e seus filhos, durante o desenvolvimento, denotam o esforço da família em persistir e manter as esperanças.

    Time é um documentário sobre a vida de Fox Rich e suas batalhas para superar adversidades, criar uma família e libertar seu marido.

    Não são poucos os momentos em que Fox é retratada em contato com advogados, secretários, juízes e outros agentes do sistema. Nessas situações, fica nítido o esforço para manter a cordialidade, a desesperança por saber que seus interlocutores não se importam realmente com sua situação, e a necessidade de manter as expectativas mesmo quando tudo não vai bem (sempre).

    “O tempo é imparcial. O tempo é perdido. O tempo voa”

    Apesar do roubo, da prisão e da longa pena serem os eixos do filme, poucos detalhes são dados ao espectador. O documentário acaba focando mais na luta de Fox e na construção do símbolo que ela se tornou. Para alguém alheio ao caso, e por se tratar de um documentário, podem surgir críticas no sentido da falta de informação detalhada sobre o processo e o julgamento.

    Ainda assim, é nítido que Garrett Bradley quis de fato dar luz à batalha da própria Sibil, especificamente, suportando adversidades e batendo de frente com todas elas. Time é um documentário que em nenhum momento se preocupa em querer trazer outros pontos de vista. Ele é sobre a visão e a vida de Fox Rich, neste período de tempo de aproximadamente 20 anos.

    Mas não só isso. Time é também sobre as falhas do sistema carcerário estadunidense, a força feminina, fé e amor. Sem dúvidas, é também a respeito de racismo, mas mais ainda sobre uma batalha para suplantar esse racismo.

    VEREDITO

    Entendo quem reclama da parcialidade do documentário, mas entendo também que a forma como a história, os fatos e as imagens são trazidas se propõem a algo maior. Evidentemente não é uma obra para trazer juízo de valor a respeito dos fatos e das circunstâncias. Time é uma obra apaixonada que trata principalmente sobre amor e resiliência.

    Nossa nota

    4,5 / 5,0

    Assista ao trailer oficial:

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    Star Wars: Como Darth Revan entrou no cânone moderno

    Darth Revan é um dos Lordes Sith que mais se destacam, por ser único e popular entre os fãs de Star Wars Legends. E desde que a Disney comprou os direitos de uma galáxia muito, muito distante, os fãs pediam que Revan fosse trazido de volta ao cânone junto dos Cavaleiros da Velha República, no qual ele tem um grande destaque.

    De certa forma, parece que a comoção dos fãs começou a surtir efeito. Enquanto ninguém prestava atenção, Star Wars fez uma sutil referência ao personagem favorito dos fãs em um lugar estranho: no Dicionário Visual de A Ascensão Skywalker, e o trouxe ao cânone moderno.

    Em Legends, Darth Revan era originalmente um Jedi. Mas após ele e seu aprendiz, Darth Malak vencerem as Guerras Mandalorianas, eles desapareceram nas Regiões Desconhecidas. Lá, eles foram capturados e influenciados pelo Imperador Sith Darth Vitiate, mas eventualmente quebraram sua influência e ao invés de o servirem, decidiram participar de sua guerra contra os Jedi. Durante esse conflito, Revan foi trazido novamente pelo lado da luz, onde, anos mais tarde, ele tentou confrontar Vitiate, apenas para ser traído e aprisionado.

    Durante seu tempo na prisão, sua mente permaneceu viva quando ele morreu, e seu espírito se separou entre personalidades distintas, de Jedi e Sith. Após mais luta, uma equipe de Imperiais e tropas da República, foram capazes de se aliar ao Espírito Jedi, e o unificou novamente. Eventualmente, seu espírito teve um importante papel na batalha contra o Imperador Sith.

    Esse é o personagem que os fãs de Legends queriam o retorno: o Sith que usa uma máscara, um sabre de luz roxo, e que é tanto um Sith, quanto um Jedi. Antes de Star Wars: A Ascensão Skywalker, a Disney havia ignorado isso, mas agora, a história de Revan foi até referenciada no cânone moderno.

    Darth Revan
    Darth Malak e Darth Revan

    Após muita espera, Star Wars: A Ascensão Skywalker revelou que Darth Sidious tinha sobrevivido a queda do famoso duto do reator e começou a tomar o controle da galáxia mais uma vez, usando a Primeira Ordem. Enquanto os filmes seguiam, Sidious explicou que os cultistas Sith de Exogul tinham trabalhado arduamente para construir um exército de Sith Troopers e uma incrivelmente poderosa armada chamada de a Ordem Final.

    Como revelado no dicionário visual, cada uma dessas Legiões eram identificados por números, e o mais importante, um nome de Sith de acordo com sua importância, incluindo Revan, Andeddu, Tanis, Tenebrous, Phobos e Desolous. Cada um desses nomes conta com muitas histórias por trás, mas como o livro explica:

    “Essa história foi escondida do resto a galáxia, e apenas os Eternos cultistas Sith sabem a importância desses nomes.”

    Agora, os fãs podem ficar felizes que esses Sith enfim façam parte do cânone oficial, pelo menos por nome.

    Independente disso, os entusiastas de Revan não devem perder as esperanças, pois o Sith quase foi trazido de volta. Na terceira temporada de Clones Wars, no episódio 17, intitulado “Fantasmas de Mortis”, quase mostrou Darth Revan, junto de Darth Bane, como Fantasmas da Força no mundo nexus de Mortis. Essa ideia foi descartada, mas isso, e a revelação do Dicionário Virtual de A Ascensão Skywalker, provam que a Disney e a Lucasfilm estão fazendo um esforço para trazer de volta os Lordes Sith de Legends, incluindo Revan, à sua antiga glória.

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    CRÍTICA | Shaun, o Carneiro, o Filme: A Fazenda Contra-Ataca (2020, Will Becher e Richard Phelan)

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    Shaun, O Carneiro, O Filme: A Fazenda Contra-Ataca (A Shaun the Sheep Movie: Farmageddon), novo filme do carneirinho mais querido da cultura pop, está disponível na Netflix. Dirigido pelos diretores Will Becher e Richard Phelan, o longa concorre ao Oscar 2021 na categoria de Melhor Animação.

    SINOPSE

    Um alienígena com poderes estranhos cai perto de Mossy Bottom Farm, e Shaun rapidamente faz um novo amigo. Juntos, eles devem fugir de uma organização perigosa que deseja capturar o visitante intergaláctico.

    ANÁLISE

    Shaun, O Carneiro, O Filme: A Fazenda Contra-Ataca é um longa em stop motion extremante bem feito e que vai te divertir ao longo de seus 87 minutos.

    O longa tem forte inspiração no filme E.T. O Extraterreste, mas segue sua própria linha narrativa de forma bastante engraçada, repleta de confusões e aventuras com Shaun e Bitzer e o seu novo amiguinho extraterreste Lu-La (Não é o Lula do PT).

    Com a presença desse novo amigo, Shaun vai entrar em uma odisseia de confusão para tentar ajudar o simpático Lu-La a retornar ao seu planeta natal. Além de tentar livrá-lo das garras do capturador da organização MAD (Ministério de Detecção de Alienígenas).

    CRÍTICA | Shaun, o Carneiro, o Filme: A Fazenda Contra-Ataca (2020, Will Becher e Richard Phelan)

    Quanto a direção Will Becher e Richard Phelan, ambos apresentam um trabalho notável que consegue alternar dos momentos cômicos para emocionantes na hora certa. Dinâmica essa que acabar agradando ao público de adultos e crianças. Em diversos momentos, minha pequena irmã soltavas muitas gargalhadas e ficou bastante emocionada ao final do filme.

    O destaque do longa vai para sua belíssima animação em stop motion que está repleta de detalhes. Seja em cenas onde habitam muitos figurantes ou mesmo em campo aberto, a animação não mede esforços para deixar toda sua estética impecável.

    Além disso, o longa é repleto de easter egg a clássicos da ficção cientifica como 2001 Uma Odisseia no Espaço, E.T. O Extraterrestre, Sinais e até ao pai da ficção científica H.G Whells.

    VEREDITO

    Por fim, Shaun, O Carneiro, O Filme: A Fazenda Contra-Ataca é um longa muito divertido que vai agradar a todos os fãs de Shaun, O Carneiro e também aos fãs de ficção científica cômica.

    Por mais que o longa siga diversos clichês garanto que ele não perde sua qualidade por isso.

    Nossa nota

    4,0/5,0

    PUBLICAÇÃO RELACIONADA: Oscar 2021 anuncia indicados; veja a lista completa.

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    CRÍTICA | Minari – Em Busca da Felicidade (2020, Lee Isaac Chung)

    Minari – Em Busca da Felicidade está indicado a vários Oscars na competição deste ano, incluindo a categoria de Melhor Filme. Dirigido e roteirizado por Lee Isaac Chung e estrelado por Steven Yeun, o longa conta a história de uma família coreana tentando viver o tão almejado sonho americano.

    Minari estreia dia 22 de abril nos cinemas do Brasil.

    SINOPSE

    Uma família coreana se muda para uma fazenda no Arkansas em busca de seu próprio sonho americano. Em meio aos desafios dessa nova vida, eles descobrem a inegável resiliência da família e o que realmente faz um lar.

    ANÁLISE

    Minari – Em Busca da Felicidade talvez seja um dos filmes mais sinceros dessa temporada do Oscar. Focado em uma família imigrante que busca mudar de vida nos Estados Unidos, o longa discorre sobre os percalços e desafios de se estabelecer em um país completamente diferente do seu.

    Na história, Jacob (Steven Yeun) se cansa de trabalhar na indústria e decide comprar um terreno no Arkansas. Ele e sua família se mudam de um pequeno apartamento na Califórnia para o que aparenta ser um antigo motorhome em uma fazenda muito distante da cidade.

    Para as crianças, David (Alan S. Kim) e Anne (Noel Cho), a aventura é válida e morar em uma fazenda não parece ruim. No entanto, Monica (Yeri Han), esposa de Jacob, não gosta da ideia, pois eles estão em um lugar isolado, longe de outras pessoas e sem nenhum vínculo social.

    Devido aos problemas de saúde de David, a família resolve trazer para perto deles a mãe de Monica, Soon-ja, interpretada incrivelmente por Yuh-Jung Youn. A avó age como um elo de ligação com a cultura coreana que, cada vez mais, tem se distanciado da realidade da família enquanto vivem na América.

    Minari consegue abordar diversos assuntos complexos em uma trama simples. A mudança da família para uma fazenda, em busca de uma vida melhor, é uma decisão unilateral de Jacob. Os desejos de Monica não são levados em consideração, causando rusgas entre o casal. Esse tipo de unilateralidade é comum na maioria dos relacionamentos, mostrando o quão necessário é aprendermos a compartilhar com o outro nossos sonhos e angústias.

    A pressão da honra carregada pelo “pai” da família é também bem explícita. Jacob acredita que é responsabilidade dele prover uma vida melhor, orgulhar os filhos e construir algo importante. A atuação de Steven Yeun é sincera e, mesmo contida, merece todas as indicações que recebeu nessa temporada.

    A mesma pressão que Jacob sente é compartilhada por Monica, mas de uma outra perspectiva. A necessidade de trabalhar, aprender algo novo e fazer mais do que apenas estar em casa é algo que fica implícito na construção da personagem. Yeri Han infelizmente não teve a mesma projeção nas premiações do que o restante do elenco, mas a atriz está muito bem no papel.

    Com o desenrolar da história, a importância de construir uma família unida e parceira se torna a maior lição de todas. A química entre Yuh-Jung Youn e Alan Kim é maravilhosa, rendendo os momentos mais divertidos e profundos da trama.

    CRÍTICA – Minari (2020, Lee Isaac Chung )

    Vale destacar também o ótimo trabalho de fotografia de Minari. As cenas no campo, com o sol sempre por trás da plantação, passam a ideia de renascimento e reconstrução na nova vida dessa família. Além disso, a condução de Lee Isaac Chung, indicado na categoria de melhor direção, é primorosa e consegue trazer ótimas atuações de seu elenco principal para a tela.

    A trama é também muito fácil de se identificar, principalmente com os altos e baixos ao longo desse período de pandemia de Covid-19. Há na história simples da família coreana em solo americano um fator de identificação muito forte com a situação de boa parte do mundo.

    VEREDITO

    Com pitadas de humor, o drama Minari – Em Busca da Felicidade é um dos melhores filmes do Oscar desse ano. Utilizando muito bem o fator de identificação, a trama da família Yi é profunda e, por vezes, otimista. Um olhar que todos nós precisamos hoje em dia.

    Nossa nota

    5,0/5,0

    Assista ao trailer

    PUBLICAÇÃO RELACIONADA: Oscar 2021 anuncia indicados; veja a lista completa.

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    CRÍTICA – Collective (2020, Alexander Nanau)

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    Collective é um documentário romeno que está concorrendo ao Oscar 2021 na categoria Melhor Filme Internacional e Melhor Documentário. O longa-metragem fez seu percurso no Festival de Veneza de 2019 e ganhou o European Film Awards. O documentário foi exibido no Festival É Tudo Verdade na plataforma Looke.

    SINOPSE

    Em Colective, como consequência de um trágico incêndio em um clube romeno, às vítimas de queimaduras começam a morrer em hospitais devido a ferimentos que não são fatais. Uma equipe de jornalistas investigativos entra em ação, descobrindo a corrupção em massa do sistema de saúde e das instituições do Estado, abordando questões sobre propaganda e manipulação que até hoje afetam não apenas a Romênia, mas também sociedades em todo o mundo.

    ANÁLISE

    Atualmente muitos documentários se mesclam com o ficcional tornando algumas produções extremamente esporádicas. É o caso do documentário Collective que ao mesmo que lança um olhar jornalístico, buscando os fatos, também consegue ser sensacionalista em certos momentos. Logo, o que chama atenção no longa é o tom de denúncia que, infelizmente, vai morrendo aos poucos.

    Dessa forma, o diretor Alexandre Nanau acompanha de perto um grupo de jornalistas do jornal esportivo Gazeta Sporturilor. A equipe comandada pelo experiente jornalista Catalin Tolontan descobre um enorme furo na saúde pública romena. Em outubro de 2015, um incêndio na boate Colectiv matou 64 pessoas e deixou dezenas feridas.

    Assim como na tragédia da Boate Kiss em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, a Colectiv também não obedecia a normas básicas de segurança e estava aberta apenas por incompetência e corrupção. Na Romênia, o caso foi motivo de protestos e levou à queda do governo. Isso porque, o jornal Gazeta Sporturilor, descobriu fraudes na saúde pública.

    Alexander Nanau.

    Os feridos do acidente estavam morrendo nos hospitais por causa de bactérias e falta de higiene. Os jornalistas descobriram que o desinfetante usado para a limpeza dos hospitais romenos estava sendo diluído em água. A história cresce a medida que o grupo vai descobrindo mais pistas e poderia ser um incrível roteiro fílmico, se não fosse real.

    Nessa perspectiva, o diretor escolhe a narrativa da observação sem entrevistas. Logo, a trama carrega um tom de denúncia que faz o espectador ficar impressionado e sem reação. Por isso, a necessidade de câmera de Nanau ser como uma espiã, sempre ao fundo documentando reuniões a portas fechadas.

    Sendo assim, no primeiro ato de Collective existe uma sensação de injustiça e descrença no governo romeno. O que evidencia a importância do trabalho jornalístico em qualquer lugar do mundo. Ainda mais o jornalismo independente que por não serem pautados pelos órgãos governamentais conseguem ser mais transparentes e éticos.

    Segundo ato é preocupante

    Se no primeiro ato de Collective, o diretor faz da figura do jornalista um herói que luta contra o sistema, no segundo ato, Nanau opta por deixar a investigação jornalística de lado dando foco para o ilustre Ministro da Saúde. O que parecia ser uma inversão de narrativa, jornalismo versus governo, se torna a procura por um herói para o povo romeno.

    Visto que a parte investigativa do documentário já estava no seu auge, Alexandre Nanau começa a seguir os passos do novo Ministro da Saúde, Vlad Voiculescu, que não era político, mas sim um ativista da saúde. Ao passo que também mostra momentos de uma sobrevivente do incêndio que teve perda parcial das mãos.

    Vlad Voiculescu.

    Fatos históricos mostram que a Romênia passou por períodos conturbados durante a Segunda Guerra Mundial ficando sob ocupação soviética. Foram 24 anos de um governo comunista autoritário que só terminou em 1989. Somente anos 90, o país teve as primeiras eleições democráticas.

    Essa ascendência à democracia tardia, enquanto os outros países da União Europeia cresciam cada vez mais, é vista no documentário na figura do novo ministro. Voiculescu parece querer mudar o sistema político por dentro, mas está sozinho na causa.

    É nítido que Collective de Nanau se atropela na busca por heróis. No segundo ato, o filme diminui o ritmo e entra em uma espécie de comodismo, diferente do seu início bombástico, apelando para frases de efeitos e sorrisos amarelos em meio ao caos da saúde pública romena. O que fica ao espectador brasileiro é um sentimento de familiaridade, afinal, ambos os países têm mais que um incêndio trágico em comum.

    VEREDITO

    O documentário Collective entrega uma verdadeira catarse em seu primeiro ato, mas diminui o ritmo no segundo ao buscar outras óticas. Contudo, é extremamente importante e atual ao fazer uma denúncia que com certeza não se aplica apenas a Romênia. Além disso, viva ao jornalismo independente!

    Nossa nota

    4,0 / 5,0

    Assista ao trailer oficial (legenda em inglês):

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    The Underground Railroad: Tudo que você precisa saber sobre a nova série da Amazon

    A Amazon Prime Video lançará, em 14 maio de 2021, um seriado que reúne uma história vencedora do Pulitzer e um diretor cujo filme venceu três categorias no Oscar 2017, incluindo Melhor Filme. Estamos falando da minissérie The Underground Railroad, adaptação do livro homônimo que venceu o Prêmio Pulitzer 2017, dirigida por Barry Jenkins, diretor de Moonlight: Sob a Luz do Luar.

    Com tantos prêmios envolvidos, a adaptação da obra de Colson Whitehead tem tudo para ser um dos originais Amazon de maior destaque no ano.

    Reunimos neste artigo informações para você começar a assistir a The Underground Railroad sabendo tudo sobre essa obra espetacular. Veja no fim do artigo onde comprar o livro.

    FICHA TÉCNICA

    Minissérie de uma temporada que adapta o livro The Underground Railroad (2016), do escritor Colson Whitehead, vencedor do Prêmio Pulitzer (2017).

    País: Estados Unidos

    Idioma de áudio: Inglês

    Legendas: Português, Inglês, Alemão, Espanhol (Espanha e México), Francês, Italiano, Japonês, Holandês, Polonês

    Episódios: 10

    Gêneros: Drama, História, Guerra

    Diretor: Barry Jenkins

    Data de lançamento: 14 de maio de 2021

    Onde assistir: Amazon Prime Video

    Siga o seriado nas redes sociais: Instagram, Facebook e Twitter.

    SINOPSES

    Embora com enfoques diferentes, as sinopses do livro e do seriado não deixam dúvidas de que a história se passa no período escravocrata dos Estados Unidos.

    Sinopse do livro: Cora é uma jovem escrava numa plantação de algodão. Para ela é quase impossível fugir de seu destino sombrio. Até que ela ouve falar de uma ferrovia subterrânea.

    Sinopse do seriado (traduzida livremente da versão em inglês divulgada pelo IMDB): Uma jovem chamada Cora faz uma incrível descoberta durante sua tentativa de se libertar da escravidão no extremo Sul.

    PUBLICAÇÃO RELACIONADA | CRÍTICA – The Underground Railroad: Os Caminhos para a Liberdade (2017, Colson Whitehead)

    ELENCO DE THE UNDERGROUND RAILROAD

    The Underground Railroad possui um elenco numeroso confirmado. Os principais personagens são:

    • Cora, interpretada pela atriz Thuso Mbedu;
    • Ridgeway, interpreta por Joel Edgerton.

    Além desses, os personagens a seguir também possuem papéis importantes na história:

    • Homer (Chase W. Dillon);
    • Caesar (Aaron Pierre);
    • Boseman (Kraig Dane);
    • Mabel (Sheila Atim);
    • Connelly (Jeff Pope);
    • Molly (Kylee D. Allen);
    • Sam (Will Poulter).

    Quem é Thuso Mbedu?

    Thuso Mbedu é uma atriz sul-africana nascida em 8 de julho de 1991 na cidade de Pietermaritzburg, Capital do distrito de Kwa-Zulu Natal, na África do Sul.

    A atriz Thuso Mbedu interpreta Cora, personagem principal de The Underground Railroad, nova série original da Amazon Prime Video
    Créditos: IMDB

    Atuando profissionalmente desde 2014, The Underground Railroad será sua segunda atuação na TV como protagonista. Na primeira oportunidade, ela interpretou Winnie na telenovela local Is’Thunzi, produção de grande sucesso no país.

    Sua atuação nessa produção sul-africana lhe rendeu o prêmio de Melhor Atriz no South African Film and Television Awards (2018), além de duas indicações na mesma categoria nas edições 2017 e 2018 do Emmy.

    Em The Underground Railroad, Thuso Mbedu interpreta Cora, uma escrava que vive em uma fazenda no Sul dos Estados Unidos e sonha em ser livre. Em busca da liberdade, ela descobre a ferrovia subterrânea, uma via que pode lhe permitir fugir para o Norte do país e conquistar esse sonho.

    Quem é Barry Jenkins?

    Nascido em 19 de novembro de 1979 em Miami, nos Estados Unidos, Barry Jenkins é diretor e produtor conhecido principalmente por dirigir Remédio para Melancolia (2008), Moonlight: Sob a Luz do Luar (2016) e Se a Rua Beale Falasse (2018).

    O diretor Barry Jenkins, vencedor de Oscar 2017 por Moonlight, dirige The Underground Railroad, seriado original da Amazon Prime Video que tem tudo para ser um dos destaques de 2021
    Créditos: Daniel Remi Bergeron

    Jenkins conquistou o maior reconhecimento da carreira – até agora – com Moonlight, que venceu três categorias do Oscar 2017: Melhor Filme, Melhor Ator (Mahershala Ali) e Melhor Roteiro Adaptado. Ao todo, a produção recebeu 292 indicações naquela temporada, tendo vencido 222 prêmios.

    Na TV, Barry Jenkins foi o responsável pelo quinto episódio da temporada de estreia de Cara Gente Branca, em 2017, na Netflix. De acordo com o IMDB, ele será o diretor do prequel de Rei Leão, ainda sem título nem previsão de lançamento.

    PUBLICAÇÃO RELACIONADA | Vidas Negras Importam: 10 filmes com protagonismo negro

    Quem escreveu The Underground Railroad?

    Arch Colson Chipp Whitehead, mais conhecido por Colson Whitehead, nasceu no dia 6 de novembro de 1969 em Nova Iorque.

    O escritor Colson Whitehead já venceu duas vezes o Prêmio Pulitzer, e tem pela primeira vez uma renomada obra sua adaptada como minissérie
    Créditos: Walter Craveiro / Flip 2018 / Divulgação

    Atualmente, seu histórico de obras conta com nove livros:

    Não-ficção:

    • The Colossus of New York (2003);
    • The Noble Hustle: Poker, Beef Jerky & Death (2014).

    Ficção:

    • A Intuicionista (The Intuitionist, 1999);
    • John Henry Days (2001);
    • Apex Hides the Hurt (2006);
    • Sag Harbor (2009);
    • Zone One (2011);
    • The Underground Railroad: Os Caminhos para a Liberdade (The Underground Railroad, 2016);
    • O Reformatório Nickel (The Nickel Boys, 2019).

    A próxima obra do autor será a ficção Harlem Shuffle, prevista para ser lançada em setembro deste ano.

    Além de vencer o Pulitzer 2017 na categoria Ficção, Colson Whitehead também ganhou a mesma distinção em 2020, com o livro O Reformatório Nickel. Assim, tornou-se o quarto escritor na história a ganhar dois prêmios Pulitzer.

    Em O Reformatório Nickel, o autor relata a história de uma exploração esparsa e devastadora de abusos em um reformatório na Flórida da era Jim Crow que é, em última análise, um conto poderoso de perseverança humana, dignidade e redenção.

    The Underground Railroad é uma história real?

    A história de Cora no livro de Whitehead e na minissérie de Jenkins não é real. Entretanto, a trama é baseada em fatos reais.

    Ao invés de uma ferrovia subterrânea (underground railroad), o que de fato existiu nos Estados Unidos nos séculos XVIII e XIX foi uma rede de rotas e esconderijos organizada por abolicionistas. Esses caminhos foram utilizados por negras e negros escravizados para fugirem em direção aos estados livres do Norte ou para o Canadá.

    The Underground Railroad é uma obra vencedora do Prêmio Pulitzer adaptada como minissérie original pela Amazon Prime Video
    Créditos: The Underground Railroad from Slavery to Freedom” by Wilbur H. Siebert, The Macmillan Company, 1898

    Colson Whitehead se baseou em relatos históricos para escrever seu romance ficcional. Um compilado de histórias reais sobre esse período pode ser encontrado no livro Stories of the Underground Railroad, escrito por Anna L. Curtis em 1941.

    Você pode conferir no site da editora Harper Collins em quais marketplaces o livro The Underground Railroad está disponível.

    Assista ao trailer da minissérie da Amazon Prime Video:

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