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    CRÍTICA | Falcão e o Soldado Invernal: S1E4 – O Mundo Está Vendo

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    O Mundo Está Vendo foi o quarto episódio de Falcão e o Soldado Invernal. Confira nossa crítica do episódio.

    SINOPSE

    As Dora Milaje estão atrás do Barão Zemo (Daniel Brühl) e agora Sam (Anthony Mackie) e Bucky (Sebastian Stan) tem que tomar uma decisão, pois estão a perigo. Enquanto isso, os Apátridas começam a travar planos, ao mesmo tempo que o novo Capitão América (Wyatt Russell) avança sobre eles.

    ANÁLISE

    O quarto episódio de Falcão e o Soldado Invernal foi o mais irregular até o momento, uma vez que há aqui alguns problemas.

    Dentre eles, o roteiro foi o principal, pois além de previsível, tomou algumas decisões muito ruins para dar velocidade à trama. Lemar Hoskins, o Estrela Negra (Clé Bennett), um personagem que tinha um bom potencial foi morto em batalha de uma forma bastante anticlimática para que John Walker se torne o Agente Americano. Essa escolha ao meu ver foi bastante equivoca, visto que John já estava mais do que pronto para se tornar violento sem um motivo aparente, tirando um traço importante do personagem.

    Outra questão importante que deve ser ressaltada como ponto negativo de O Mundo Está Vendo é o fato de Bucky e Sam serem muito ingênuos, uma vez que Zemo escapa facilmente de suas mãos, sem antes fazê-los de bobos o tempo inteiro. Por mais que saibamos que Zemo é um mestre da manipulação, a nossa dupla de protagonistas é mais do que calejada para tais situações.

    Por fim, as cenas de ação, tão poderosas nos outros episódios, por exemplo, aqui foram frustrantes por serem picotadas e com péssima utilização de espaço, nos deixando mais confusos do que de fato empolgados.

    PONTOS POSITIVOS DE O MUNDO ESTÁ VENDO

    Embora tenhamos muitos problemas aqui, algumas coisas foram muito boas. O primeiro exemplo é a participação de Ayo (Florence Kasumba) e as Dora Milaje que foram incríveis em cena. As guerreiras wakandanas nos deram momentos de pura adrenalina e tensão.

    Falando em tensão, Wyatt Russelll deu um show de atuação no episódio, pois conseguiu mostrar toda a força e brutalidade do Agente Americano. A sua cena final é de arrepiar e foi muito bom para quem gosta de algo mais sangrento como The Boys ou Invencível.

    VEREDITO

    O Mundo Está Vendo foi um episódio com altos e baixos, pois tecnicamente houve falhas em sua estrutura.

    Entretanto, o episódio está longe de ser ruim, mas fica um degrau abaixo de seus excelentes antecessores.

    Nossa nota

    3,5 / 5,0

    Falcão e o Soldado Invernal terá seis episódios e todos eles terão crítica no nosso site e no canal do YouTube. Se inscreva clicando aqui e acompanhe também nossa página especial do serie da Disney+.

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    CRÍTICA – Eu Vi: América Latina (1ª temporada, 2021, Netflix)

    Eu Vi: América Latina é a nova série de terror, original da Netflix, que já está disponível no catálogo da gigante do streaming.

    SINOPSE

    O objetivo desta série de terror é mostrar histórias paranormais através do relato de quem já passou por esse trauma. Com isso, pessoas se reúnem com aqueles que são próximos para contar detalhadamente o que aconteceu.

    ANÁLISE

    A decepção começa quando em seu nome tem “América Latina”, mas, não há nenhuma história que se passa no Brasil, novamente, fomos ignorados no passeio.

    Porém esse é o menor dos problemas se comparado a tantos outros que a série expõe do começo ao fim. Por exemplo, o local onde os supostos convidados explicam o que passaram já é caricato demais, pois, quem atualmente tem uma sala com estilo gótico, iluminada por velas?

    Nota-se que utilizei a expressão “suposto”, e foi propositalmente, porque os convidados possuem diversas expressões faciais que não remetem medo ou tristeza, mas sim, como se fossem rir, causando a dúvida se realmente são vítimas ou atores.

    Se optaram por colocar profissionais, infelizmente, são tão ruins quanto aqueles que interpretaram na simulação. Assim, como a má qualidade nos efeitos que são extremamente exagerados e caricatos como a tal sala que já citada.

    VEREDITO

    Eu Vi: América Latina conseguiu chegar ao seu intuito de causar pavor, pois, é assustadoramente ruim. E mesmo que podia apenas cinco episódios, com uma qualidade tão trash, chega a ser cansativo acompanhar.

    Nossa nota

    1,0 / 5,0

    Assista ao trailer dublado:

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    CRÍTICA – Agente Duplo (2020, Maite Alberdi)

    O documentário chileno Agente Duplo (The Mole Agent), El Agente Topo em seu idioma original, é um dos destaques da América Latina no Oscar 2021. Dirigida e roteirizada por Maite Alberdi, a produção concorre na categoria Melhor Documentário, e pode ser assistida no Globoplay.

    SINOPSE

    Um investigador particular no Chile contrata uma pessoa para trabalhar como espiã em um asilo onde há a suspeita de abusos contra os idosos.

    ANÁLISE

    Agente Duplo conta a história da investigação realizada pelo detetive particular Romulo Aitken a serviço de uma cliente que permanece anônima durante todo o documentário. O profissional buscava um perfil bem específico para poder coletar as informações necessárias em um asilo no Chile: homem com idade entre 80 e 90 anos que soubesse lidar com tecnologia.

    Em seus primeiros minutos, o documentário relata a seleção dos candidatos à vaga para esse trabalho (cuja descrição completa só é dada na entrevista presencial), e a escolha por Sergio Chamy, o protagonista.

    Também somos apresentados à pouca familiaridade de Sergio com o uso do celular e de outros recursos tecnológicos. A produção é objetiva ao exibir o treinamento dado ao Agente Duplo, para que então se inicie a investigação no lar de idosos.

    A missão: viver no asilo por três meses vigiando a rotina de uma senhora, mãe da cliente do investigador, para saber se ela era vítima de maus tratos ou não.

    Nesse período, Sergio deveria registrar em fotos, vídeos e áudios tudo o que estivesse relacionado à conduta dos profissionais do asilo e o que fosse possível de suas interações com a senhora em questão. Seus relatos a Romulo deveriam ocorrer diariamente via WhatsApp.

    Agente Duplo e uma história dupla

    Após a chegada de Sergio ao asilo a história começa a relatar a investigação em si. No entanto, pouco a pouco a rotina de registros e repasses das informações vai dando espaço às relações humanas. E isso é proposital.

    Sergio rapidamente conquista a amizade e a confiança das senhoras. Isso o permite conduzir conversas que explicitam a solidão de muitas pessoas ali hospedadas, além de casos de idosas cujo esquecimento vai se agravando cada vez mais.

    Dirigido por Maite Alberdi, Agente Duplo é o indicado chileno ao Oscar 2021 na categoria de Melhor Documentário

    A curiosa investigação tema do documentário naturalmente coloca a audiência frente a frente com problemas sociais que a maioria das pessoas escolhe não querer encarar. Ao percebermos a real intenção da diretora, fica claro que Agente Duplo é um documentário agridoce e com uma dupla história.

    A trilha sonora também é marcante. O documentário mescla trilhas com características típicas da espionagem e sons alegres que remetem à comédia.

    A escolha por uma trilha sonora leve em situações pontuais, como em momentos em que Sergio entrava no quarto de uma hóspede para investigar, se deve ao carisma do protagonista. Além, é claro, de eventuais trapalhadas com os recursos tecnológicos que precisou usar para cumprir sua missão, complementando bem o tom de comédia.

    VEREDITO

    Agente Duplo é um documentário bem montado que chama a atenção da audiência pela investigação inusitada, especialmente por precisar que um idoso atue como espião em um asilo.

    No entanto, a história de 1h29min também tem como objetivo mostrar que, tão grave quanto maus tratos aos idosos, é também a solidão que muitas famílias deliberadamente escolhem como destino de seus velhinhos. E a diretora Maite Alberdi é exitosa ao fazer a audiência encarar o que, muitas vezes, decide ignorar.

    A produção é capaz de promover uma importante reflexão sobre essa mazela social, e sua presença entre os candidatos ao Oscar de Melhor Documentário pode ser útil para que mais famílias repensem suas condutas antes de tentarem responsabilizar outras pessoas.

    Nossa nota

    5,0 / 5,0

    Assista ao trailer:

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    CRÍTICA – Amor e Monstros (2021, Michael Matthews)

    Amor e Monstros (Love and Monsters), novo filme original Netflix estrelado por Dylan O’Brien (Maze Runner – Correr ou Morrer), estreia no streaming em 14 de abril de 2021.

    Também conhecida pelo título de trabalho Problemas Monstruosos (Monster Problems), a obra do jovem diretor sul-africano Michael Matthews concorre ao Oscar 2021 na categoria de Melhores Efeitos Visuais.

    SINOPSE

    Num mundo infestado de monstros, Joel descobre que a sua namorada está apenas a 130 quilômetros de distância. Para fazer a perigosa viagem, Joel (Dylan O’Brien) descobre o seu herói interior para estar com a mulher dos seus sonhos.

    ANÁLISE

    Amor e Monstros é uma história de heroísmo com pitadas de comédia em um mundo catastrófico dominado por animais mutantes. Lançado em 2020 em poucos países, o filme agora conta com distribuição global via Netflix e é o legítimo entretenimento para toda a família.

    Por conta do lançamento no ano passado e só agora chegar a maior parte do mundo, Amor e Monstros está muito bem avaliado por público e crítica em agregadores como o Rotten Tomatoes. E as avaliações positivas se justificam.

    Primeiro porque a obra conta com produtores de Stranger Things. Isso já é suficiente para despertar aquele sentimento de que o público assistirá aos monstros gigantes em alta qualidade da mesma forma como a lendária série da Netflix apresentou ao mundo o Demogorgon e outras aberrações.

    Outros motivos são o talento e o carisma típicos de Dylan O’Brien, que aqui dá vida a mais um personagem bem quisto e fácil de se identificar. Além dele, também há de se destacar a atuação da paixão de Joel, Aimee, interpretada pela atriz Jessica Henwick (Punho de Ferro), e dos coadjuvantes Michael Rooker (Clyde) e da jovem Ariana Greenblatt (Minnow), importantes para a condução da tradicional Jornada do Herói.

    Essas são razões interessantes para justificar que o filme possivelmente frequente o Top 10 da Netflix, mas não seriam suficientes para garantirem que a obra mereça avaliações positivas. É aí que entra o trabalho do diretor Michael Matthews.

    A audiência é bem contextualizada no cenário apocalíptico que o filme se passa. Em uma introdução objetiva, Joel narra o que aconteceu no mundo para que animais mutantes dominassem a Terra, enquanto belas ilustrações e cenas da catástrofe se mesclam para completar a narrativa.

    Após apresentar as dificuldades, a motivação e os medos de Joel, o protagonista parte em busca de sua amada, em uma jornada vista como suicida por parte de seus companheiros de bunker. A aventura do personagem de O’Brien segue do início ao fim de modo objetivo, um ponto bastante positivo para a produção da Netflix.

    Também conhecido como Problemas Monstruosos, Amor e Monstros é um filme original Netflix de Michael Matthews e estrelado por Dylan O'Brien

    Destaque também para como Michael Matthews conduz bem atrizes e atores nas cenas de combate, fuga e interações com os monstros, sejam eles pequenas sanguessugas ou animais mutantes gigantescos difíceis de catalogar. Isso proporciona uma boa experiência aos espectadores, que acreditam que o perigo é real, mesmo que o filme não tenha violência explícita nem algum tipo de gore.

    Com tudo isso a seu favor, a simples história de Amor e Monstros se torna divertida e possível de se conectar com o drama vivido por Joel em busca do reencontro com a garota de seus sonhos. A simplicidade da narrativa eventualmente apela para algumas facilitadas no roteiro, mas nada que prejudique a experiência.

    A promissora carreira de Michael Matthews

    Com apenas 36 anos, Amor e Monstros é recém o segundo filme de Matthews. Sua estreia no cinema foi com o longa sul-africano Guerreiros de Marselha (2017), o qual dirigiu, produziu e roteirizou. Sua obra inaugural como diretor foi bem recebida e premiada na África do Sul, além de ter sido indicada a premiações importantes ao redor do mundo.

    Agora, com Amor e Monstros, o trabalho de Michael Matthews está indicado entre os cinco candidatos a Melhores Efeitos Visuais no Oscar 2021. Embora o possível prêmio não seja diretamente fruto de sua competência, sem dúvida alguma são notáveis os reconhecimentos de seus dois primeiros filmes.

    Michael Matthews até agora dirigiu os filmes Guerreiros de Marselha (2017) e Amor e Monstros (2021), esse último distribuído globalmente pela Netflix

    Se você curte conhecer o trabalho de jovens diretoras e diretores, certamente vale ficar de olho nos filmes de Michael Matthews. Após emplacar essa produção original Netflix bem avaliada e em parceria com produtores de Stranger Things, não é de se duvidar que o diretor sul-africano conquiste mais notoriedade.

    VEREDITO

    Amor e Monstros é uma divertida história de aventura em um mundo apocalíptico dominado por animais mutantes de todos os tamanhos, no melhor estilo Demogorgon de Stranger Things. A obra de Michael Matthews é objetiva, bem dirigida e garante um bom entretenimento para toda a família.

    Nossa nota

    4,0/5,0

    Assista ao trailer:

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    CRÍTICA – A História da Mitologia Para Quem Tem Pressa (2020, Mark Daniels)

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    Lançado originalmente em 2015, A História da Mitologia Para Quem Tem Pressa já se encontra em sua 7ª edição pela editora Valentina. O livro de Mark Daniels conta com tradução de Heloísa Leal e capa magnifica de Sérgio Campante.

    SINOPSE

    Profundamente pesquisado, conciso e didático, A História da Mitologia Para Quem Tem Pressa é uma jornada iluminadora pelo mundo fascinante da mitologia.

    Descubra por que Odin, o Pai dos Deuses na mitologia nórdica, estava tão interessado em perder o olho, a importância do mito de Osíris no Antigo Egito, mitos gregos, astecas, chineses, nórdicos, egípcios, romanos, e muito mais. Tudo que você precisa saber sobre mitologia, explicado e introduzido de forma clara, resumida e ilustrada.

    ANÁLISE

    De vastas civilizações a sociedades locais no mundo inteiro, todas criaram um rico catálogo de divindades, heróis, monstros e mitos. Esses personagens e estruturas contam a história de nossas origens, triunfos e desastres, agindo como ferramentas criativas para comunicar as lições de vida mais importantes. A escala e a dramaticidade desses relatos épicos, aos quais não faltam elencos de criaturas fantásticas e grandes famílias separadas pelo amor e a guerra, dão de dez em qualquer novela moderna.

    Nesta introdução à mitologia, Mark Daniels explora com uma escrita de fácil entendimento, imagens, árvores genealógicas e tabelas explicativas as antigas histórias dos aborígenes australianos, sumérios, egípcios, chineses, índios norte-americanos, maias, incas, astecas, gregos, romanos e nórdicos, entre outros.

    Numa tentativa de desemaranhar a complexa teia de deuses e deusas, divindades menores e monstros, o autor revela as criaturas e as narrativas do passado que tanta influência exerceram sobre as culturas do presente.

    VEREDITO

    Ao passarmos pelas mitologias australiana, maori, suméria, egípcia, chinesa, indígena norte-americana, centro e sul-americana, grega, romana e nórdica, o trabalho de Daniels – em apenas 200 páginas – desperta nossa curiosidade por histórias menos conhecidas como A Serpente Arco-Íris da mitologia aborígene australiana e personagens como Maui-Tikitiki da mitologia maori, por exemplo.

    Apesar de termos muita informação e conteúdos em diversas mídias sobre as mitologias grega, romana, nórdica e até a egípcia, aqui o leitor tem obviamente uma experiência superficial sobre as mitologias já citadas, mas que certamente despertará a curiosidade para alguma delas.

    Para quem busca um conhecimento mais aprofundado, obviamente ficará frustrado, visto que a quantidade de páginas é insuficiente para aprofundar qualquer uma das mitologias, quem dirá todas elas em um único livro; porém, para quem busca uma “iniciação” em mitologias o exemplar é um excelente primeiro contato.

    Nossa nota

    3,0 / 5,0

    Editora: Valentina

    Autor: Mark Daniels

    Páginas: 200

    Assista ao vídeo de apresentação da série História Para Quem Tem Pressa:

    PUBLICAÇÃO RELACIONADA | CRÍTICA – A História do Cinema Para Quem Tem Pressa (2018, Celso Sabadin)

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    A narrativa histórica e social por trás de Godzilla e Kong

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    Foi preciso quase 60 anos para que o público pudesse ver mais uma vez Godzilla e Kong juntos no cinema. O primeiro filme da dupla é de 1962 e traz uma parceria inédita entre Japão e Estados Unidos. É claro que naquela época os dois monstros mal tinham um universo compartilhado, mas bastou trocarem socos para o encontro ficar marcado para sempre na memória dos fãs de cinema.

    Agora em 2021, o embate da década acontecerá mais uma vez e promete ser épico. Logo, desde 2014, esse universo chamado de Monsterverse está sendo criado em uma parceria entre a Warner Bros., a Legendary Entertainment e Toho (que detém os direitos de Godzilla).

    Godzilla (2014) foi o primeiro filme lançado no Monsterverse como um reinício da franquia do lagarto radioativo. Seguido por Kong: Ilha da Caveira (2017), um reinício da franquia de King Kong. Por último, foi lançado Godzilla II: Rei dos Monstros (2019) que culminou em Godzilla vs Kong (2021).

    Porém, muito além do confronto de titãs é necessário entender os fatos sociais e históricos nos quais Godzilla e Kong estão inseridos. Para mais, essa nova franquia também lança um olhar para as questões sociais contemporâneas.

    King Kong (1933) e o imperialismo 

    O primeiro filme de King Kong estreou nos cinemas em 1933. Nessa época, buscava-se fugir do impacto da Grande Depressão, e também ocorriam as discussões científicas sobre a teoria das espécies de Darwin. Contudo, outras vertentes sobre a origem das espécies defendiam a existência de uma raça superior. Mais tarde, essas suposições acabaram eclodindo no trágico Nazismo da Alemanha, e em outras ações genocidas feitas por países europeus.

    É nessa perspectiva que a história de King Kong se inicia. Na trama, um famoso diretor de cinema não consegue uma atriz para sua próxima produção. Porém, ao vagar pelas ruas ele encontra a jovem, pobre e bonita, Ann (Fay Wray), a quem imediatamente dá emprego.

    Logo, a equipe viaja para o Oceano Índico e acaba parando em uma ilha desconhecida. Lá, eles encontram nativos que cultuam o gigante macaco, King Kong, oferecendo “noivas” para a fera. Após Kong se apaixonar por Ann, a equipe de filmagem consegue capturá-lo e levá-lo para ser exibido em Nova Iorque.

    O resto é história e todos devem conhecer muito bem a famosa cena no Empire State. Mas, a verdade é que as representações racistas e imperialistas no longa acontecem desde o primeiro momento que a ilha de Kong aparece. Logo, o filme passa a refletir uma visão branca permeada pelo imperialismo.

    Desse modo, King Kong de 1933 torna-se uma metáfora para falar do domínio do homem branco em relação aos territórios de outros povos e culturas. Consequentemente, o filme que é considerado imperialista também consegue ser neocolonialista. Já que, há a invasão de homens brancos em territórios nativos sem nenhuma consequência.

    Nesse sentido, o filme traz o discurso do homem branco que faz de tudo para conhecer o mundo lá fora. Sempre com o objetivo de intervir e aculturar povos, não importando por qual meio irá fazer isso. Com o próprio personagem do filme diz: “descobrir coisas que ‘nenhum homem branco jamais viu“, colocando o mundo apenas na perspectiva da ambição do homem branco.

    Além disso, o próprio Kong é uma personificação do estereótipo do homem negro selvagem que está sempre em busca da mulher branca, com um instinto muito mais sexual. Na relação de Kong e Ann é visível que existe uma dicotomia entre o mundo a ser dominado e o mundo civilizado.

    Dessa forma, a concepção eurocêntrica, racista e genocida que se desenvolveu no final do século XIX e início do século XX possibilitou a subjugação dos povos africanos, ainda mais com a ideia da superioridade do homem branco. Por isso, analisar o filme de King Kong (1933) torna-se extremamente importante para elucidar a questão social e histórica do imperialismo.

    Godzilla (1954) e o trauma coletivo  

    A história de Godzilla chegou aos cinemas em 1954. Porém, os acontecimentos que levaram ao filme do lagarto radioativo ocorreram alguns anos antes e ficaram para sempre marcados no imaginário japonês.

    Durante a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos declararam guerra contra os japoneses. Logo, o Japão passou a acumular derrotas chegando ao status de país falido, já demonstrando que a derrota era iminente. Contudo, por negar a se render, os EUA decidem atacar cruelmente o país japonês no final da guerra, utilizando bombas atômicas que foram lançadas nas cidades de Hiroshima e Nagasaki em 1945.

    Dessa forma, o filme Godzilla acaba sendo uma das primeiras obras japonesas a trazer o gênero Kaiju (que significa besta incomum). Ao mesmo tempo que traz esse gênero, também trabalha a ficção científica em cima dos temores tanto da bomba atômica quanto de uma possível nova guerra.

    Na história, Godzilla surge com 50 metros de altura em virtude de testes nucleares. A monstruosa criatura cria um rastro de destruição no seu caminho até Tóquio, que corre o risco de ser totalmente destruída se o monstro não for detido. Cabe às autoridades conter o pânico da população e tentar deter ou, em última instância, matar o que ameaça a cidade.

    Sendo assim, a franquia de filmes desenvolvida em torno do Godzilla, mostra que o Japão não esqueceu tão rápido as consequências causadas pela arma nuclear depois de nove anos. Esse trauma coletivo acabou por roubar a inocência de uma sociedade, e o medo só concretizou a aflição de sentir que a qualquer momento todo aquele terror das bombas poderia voltar novamente. Por isso, os primeiros filmes do Godzilla traziam o discurso anti nuclear, já que é assim que o próprio Godzilla surge, por meio de uma explosão atômica.

    Godzilla e sua jornada histórica, acaba sendo um grande meio de autoconhecimento para a cultura japonesa e um modo de entender um pouco do passado complexo do país. Ao longo das épocas, a construção e a representação de Godzilla foram mudando, assim como o Japão que também mudou. A parte não fictícia do lagarto gigante nos mostra o peso de sua narrativa, de sua história, e principalmente, de sua luta.

    Kong vs Godzilla (2021) e as narrativas contemporâneas 

    O próximo filme do universo compartilhado será Godzilla vs Kong. Após três filmes mostrando a coexistência entre humanos e monstros chega o momento de entender o passado de Godzilla e Kong.  Dessa forma, as narrativas dos filmes se adaptam as pautas contemporâneas que cercam o mundo.

    Por isso, em Godzilla de 54 o discurso anti nuclear apresentando em maior escala foi deixado de lado. Visto que, o Japão se tornou um dos países que mais utiliza energia nuclear atualmente, não cabia mais falar de Godzilla como uma consequência dos conflitos nucleares no Japão.

    Portanto, a representação de Godzilla no mundo foi se adaptando às novas questões mundiais e assim, chegou ao discurso ambientalista. Os novos filmes de 2014 e 2019 tratam Godzilla como um ser pré-histórico que tem como objetivo a proteção do mundo, não a destruição.

    Essa visão, está muito atrelada aos recentes conflitos ambientais que o planeta vem travando e retrata a realidade de um planeta que aos poucos está morrendo. Por isso, dos dois longas de Godzilla, os titãs fazem a fauna e a flora renascerem por onde passam.

    Já no atual Kong, vemos os nativos vivendo em paz com os animais e com a natureza. Os invasores em Kong: Ilha da Caveira percebem que o lugar do animal é na ilha e que há um limite para a guerra. Por isso, ao contrário do filme de 33, eles deixam Kong em seu domínio, criando uma versão do filme mais consciente em relação aos atos de “colonizador” do homem branco.

    Em suma, o Monsterverse traz o discurso de homem versus natureza. Os filmes abordam uma questão que permeia a humanidade por eras. A arrogância humana faz com que acreditemos que somos os seres superiores desse planeta.

    Contudo, estamos aqui a pouquíssimo tempo e isso nos mostra que somos apenas os visitantes em um lugar que existiu antes da humanidade e vai continuar existindo depois.

    *Esse texto é uma adaptação do podcast Histórie-se #03 – King Kong e Godzilla: a ressignificação de dois ícones.

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