Lovecraft Country: O que é o Poema no Episódio 2?

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Um poema cantado faz um incrível momento de Lovecraft Country ainda mais incrível no 2º episódio da primeira temporada, então como ele se conecta com a narrativa geral? Em “Whitey’s on the Moon“, dirigido por Daniel Sackheim e escrito pelo showrunner Misha Green, três protagonistas negros viajam de Chicago para o Meio-oeste americano, onde eles são confrontados pelo racismo e monstros enquanto procuram por um parente.

A história toda se constrói com uma reviravolta surrealista, que é onde o poema cantado de Gil Scott-Heron de 1970 tem início. Conheça o poema abaixo:

Esse artigo possui spoilers dos dois primeiros episódios de Lovecraft Country.

Lovecraft Country se passa em um Estados Unidos dos anos 50 e conta a história de Atticus “Tic” Freeman (Jonathan Majors), um veterano de guerra e fã de revistas pulp.

No primeiro episódio da série intitulado “Sundown“, Tic recebe uma carta com enigma de seu pai que menciona Ardham, Massachuetts. De acordo com Tic, a localização tem ligação com o trabalho do icônico H.P. Lovecraft, enquanto ele acredita que a carta do pai dele faz referência a Arkham – o lugar onde muitos dos contos de Lovecraft se passam – ao invés de Ardham.

Entretanto, a teoria é rapidamente derrubada pelo tio de Tic, George Freeman (Courtney B. Vance). O tio e o sobrinho partem para o Território Lovecraft juntos, e tem a companhia da amiga de Tic, Leti Lewis (Jurnee Smollett).

Os dois primeiros episódios da série da HBO faz referência as escolhas criativas de Lovecraft, assim como suas visões racistas.

Whitey’s on the Moon” tem início como uma música pra cima, enquanto George e Leti dançam “Movin’ on Up“, a famosa música tema da série The Jeffersons – uma série que tecnicamente se passa duas décadas após os eventos mostrados em Lovecraft Country.

Enquanto procuram pelo pai de Tic, Montrose (Michael K. Williams), os protagonistas são convidados a ficar em uma mansão, que é comandada por Samuel Braithwhite (Tony Goldwyn) e sua filha, Christina (Abbey Lee).

Como o líder de uma sociedade secreta conhecida como A Ordem do Antigo Alvorecer, Samuel quer usar a linhagem sanguínea de Tic, para usar seu poder para abrir um portal para o Jardim do Éden.

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Em Lovecraft Country, Samuel é um símbolo do privilégio branco que manipula outros para seus próprios propósitos. Então, quando “Whitey’s on the Moon” de Scott-Heron tem início, durante o climático ritual, as letras do poema tem um contexto sociopolítico: um homem branco que dá um grande salto para a humanidade (de acordo com ele) enquanto manipula as pessoas negras no processo.

Lovecraft Country

Scott-Heron escreveu “Whitey on the Moon” como resposta a um clima político turbulento. Em 1969, os Estados Unidos celebravam a missão do Apollo 11 que foi uma missão de sucesso que foi e voltou da lua, e os americanos negros eram mandados ao Vietnã enquanto enfrentavam racismo dentro do próprio país.

Dentro do mundo de Lovecraft Country, os monstros perseguem os protagonistas negros, tal como o racismo insiste em os assombrar até nos dias de hoje.

Quando Scott-Heron lançou o poema em um álbum em 1970, intitulado “Small Talk at 125th and Lenox“, ele estabeleceu o tom sociopolítico com a clássica abertura “A Revolução não será televisada”.

Lovecraft Country utiliza “Whitey on the Moon” como Spike Lee utilizou a música de Marvin Gaye em 2020 no seu filme Destacamento Blood. Em ambas as histórias, os personagens negros precisam confrontar ameaças físicas. Entretanto, a verdadeira guerra é psicológica. O filme de Lee envolve um veterano negro lutando por sua saúde mental, e o episódio 2 de Lovecraft Country mostra os personagens negros tendo visões que afetam suas percepções de realidade.

Como um episódio, “Whitey’s on the Moon” é amargo: Tic e Leti sobrevivem; George morre de um ferimento à bala. Como uma música, “Whitey on the Moon” é perfeita pois captura a essência do racismo casual em relação às pessoas negras.

O poema também faz referência ao espaço sideral no título, que cerca vez foi citado por diversas vezes como o “horror cósmico”, um importante elemento das histórias de H.P. Lovecraft e de Lovecraft Country, enquanto reconhece que há uma grande divisão entre diferentes grupos de americanos.

Veja também o resumo, crítica e referências do segundo episódio da mais nova série da HBO:



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