Cinema Russo: Conheça o movimento que emanou teor libertário

    Os russos se apaixonaram pela arte do cinema desde o início. O primeiro filme dramatizado russo foi feito por volta de 1908, tornando o cinema russo um dos mais antigos do mundo. Em 1913, a Rússia tinha mais de 1.300 salas de cinema e produziu mais de 100 filmes, exercendo forte influência no cinema europeu e americano.

    Como a revolução progrediu no início do século XX, muitos diretores russos emigraram, o que deixou o cinema russo em um estado de turbulência. Isso, no entanto, não durou por muito tempo. Lenin proclamou:

    O cinema, para nós, é o mais importante das artes.”

    O MOVIMENTO

    O cinema soviético despontou junto com a Revolução de outubro de 1917 na Rússia, território que então passou a se chamar União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). O movimento trouxe conceitos revolucionários, em especial no que diz respeito à montagem cinematográfica, estendendo-se aproximadamente até os anos 1950 (período que também é referido como a Era Stalin).

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    Entre as contribuições dos cineastas soviéticos estão não apenas filmes inovadores que ajudaram a estabelecer a própria linguagem do cinema, com técnicas de edição que permanecem atuais até os dias de hoje, como valiosos escritos que fundamentam as teorias e práticas cinematográficas – já que muitos dos realizadores soviéticos eram também teóricos.

    CARACTERÍSTICAS DO CINEMA RUSSO

    ADAPTAÇÃO SOCIOCULTURAL

    A etapa do desenvolvimento social, histórico e político da Rússia caracteriza-se pela atualização do papel do mundo russo, que subentende os conceitos de preservação da identidade cultural e de desenvolvimento sociocultural do povo, com o surgimento, após a dissolução da União Soviética, da comunidade transcontinental supranacional formada ainda no século X para unificar a língua e a cultura russas.

    POLITIZADO

    Com enorme reconhecimento para a vertente política devido ao regime soviético, a Rússia constantemente produziu filmes que trouxeram mensagem pacifista ou de franca harmonia entre personagens centrais. Os cineastas da geração contemporânea à Revolução Russa também foram, após a destituição dos Czares, protagonistas das transformações políticas, econômicas e culturais da recém-criada URSS. Envolvidos com propaganda do projeto político socialista e pelos interesses e experimentações das vanguardas artísticas, enfrentaram os desafios de conciliar política e liberdade artística.

    PROBLEMÁTICAS PATERNAS

    Um dos pontos fortes da filmografia russa, como comprovam os longas O Ladrão (1997), criado por Pavel Chukhrai e que mostra um órfão de soldado narrando a capacidade persuasiva do padrasto e O Prisioneiro das Montanhas (1996), em que, durante a guerra nas montanhas do Cáucaso, uma dupla militar de russos é feita refém por checheno interessado em negociar a vida do filho (preso), com o exército russo.

    5 FILMES QUE DEFINEM O CINEMA RUSSO

    Depois de conhecer e entender melhor o cinema russo, veja cinco produções icônicas que marcaram a sétima arte desse movimento cinematográfio:

    O Encouraçado Potemkin (1925)

    Esse é o filme que simplesmente não pode faltar quando se fala de cinema soviético ou russo. O longa silencioso de Sergei Eisenstein é considerado, ainda hoje, como um dos mais arrebatadores da história do cinema. A história retrata o trágico motim dos marinheiros do navio Potemkin contra os soldados czaristas, um levante que culminaria na Revolução de 1917.

    Repleto de tensão e de momentos extremamente dramáticos, inclusive a famosa sequência da “escadaria de Odessa”, é um dos filmes mais memoráveis do movimento; que aplicou, na prática, as teorias da montagem de Eisenstein.

    Um Homem com uma Câmera (1929)

    Dziga Vertov começou a trabalhar em 1918, ano da Revolução Russa que colocou Lenin no poder. Especializou-se no registro documental daquele novo período histórico que se iniciava, criando o conceito conhecido como kino-pravda (cinema-verdade) ou kino-glaz (cinema-olho). Com essa captação da realidade, o diretor estabeleceu uma linguagem visual inovadora, que atingiu seu ápice em Um Homem com uma Câmera.

    Trata-se um filme-ensaio que apresenta situações do cotidiano filmadas por seu câmera.

    Guerra e Paz (1965)

    O monumento literário de Tolstói ganhou em sua própria casa a adaptação para o cinema que é considerada a mais digna de comparação com o original – Hollywood fez a sua em 1956, assinada por King Vidor, com Audrey Hepburn e Henry Fonda.

    O Guerra e Paz de Sergei Bondarchuk ganhou o Globo de Ouro e o Oscar de filme estrangeiro. A produção da estatal Mosfilm, o maior e mais antigo estúdio da Europa, foi anunciada à época como resultado de um fabuloso investimento de US$ 100 milhões, com 120 mil figurantes usados nas grandiosas encenações de batalhas das guerras napoleônicas.

    Solaris (1972)

    Um dos gigantes do cinema soviético, o russo Andrei Tarkovsky poderia figurar aqui com outros de seus grandes e premiados filmes. Solaris foi recebido, no clima da Guerra Fria, como a resposta russa a 2001: Uma Odisseia no Espaço (1968), de Stanley Kubrick.

    De comum a esses dois grandes filmes, porém, apenas a profunda experiência sensorial que apresenta ao espectador. A jornada aqui é de um psiquiatra enviado a uma estação espacial na órbita do planeta Solaris, com o objetivo de investigar fenômenos relacionados a existência de uma vida extraterrestre inteligente.

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    Vá e Veja (1985)

    Um dos mais potentes e comoventes filmes de guerra já feitos. A representação da violência e selvageria que marcaram os confrontos entre soviéticos e nazistas tem como personagem central um jovem camponês da Bielorrússia que, em 1943, junta-se a um grupo de milicianos que enfrentam os alemães. Em meio aos confrontos, o jovem se desgarra do grupo e passa a vagar sem rumo testemunhando horrores que a câmera de Elem Klimov torna dolorosamente palpáveis. 


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